Aqui, Ali, Acolá
José Ortiz de Camargo Neto
Caros amigos:
Manuel veio com a esposa se estabelecer no Brasil.
Saiu um dia de carro e, como dirigia muito mal, logo alguém gritou: “Barbeiro!”. Na segunda esquina, fechou um jovem e ouviu de novo: “Barbeiro!”. O terceiro homem, irritado com ele, gritou: “Navalha!”.
Ao chegar em casa, disse à mulher: “Maria, que povo gentil! Acolhedor! Nem bem cheguei já sabem minha profissão. Parecem ter adivinhado que eu tinha barbearia!
– Não acredito! – disse a mulher.
– Não? Então venha comigo e vais ver.
Saiu a guiar com a mulher ao lado e, na primeira praça, ouviu o jargão: “Barbeiro!”
– Estás vendo, mulher, como já me conhecem?
Ao virar a esquina fechou um homem que lhe gritou: – Filho da p…
– Nossa! – exclamou a mulher. – Não é que já sabem até a profissão de sua mãe?!?
Este é um fato verdadeiro. Um amigo artesão recebeu um pedido de orçamento pelo telefone de uma mulher que se chamava Erda.
– É fácil guardar esse nome – pensou ele. – É só tirar a primeira letra.
No dia marcado, foi à casa da mulher para dar o orçamento. Quando ela o atendeu à porta, cumprimentou-a:
– Bom dia, dona Osta.
A esposa de Joaquim pediu-lhe para comprar veneno para matar ratos. Ele foi e voltou com um saquinho na mão.
– Mas isto é chá, não é veneno! – gritou a mulher.
– Ó mulher, se está escrito Mate Leão, mata ratos também…
Pedro estava num bar, em pé, do lado de fora, encostado à parede e observando o movimento da rua.
De repente passa por ele um enterro esquisitíssimo.
À frente, vinha o caixão, carregado, como de hábito, por quatro pessoas.
Atrás do caixão, vinha um homem. Atrás do homem, um cachorro, que o seguia, quase encostando o focinho em suas calças.
Em seguida vinha uma fila indiada de uns 40 homens.
Pedro, intrigado, perguntou ao indivíduo que estava logo atrás do caixão:
– Quem morreu?
– Minha sogra – disse o homem.
– Morreu de quê?
– O cachorro a matou.
– Quer vender o cachorro?
– Se quer comprar, entre na fila.
Esta história é verdadeira e foi-me contada por minha amiga Modesta, de Tatuí.
Certo dia, ela foi apresentada a um homem chamado Máximo.
– Muito prazer – disse o homem. – Eu sou o Máximo.
– Prazer – respondeu ela. – E eu sou Modesta…
* Jornalista e escritor tatuiano.