Revitalização dá origem í  ‘Quintal’ com foco na educação e na história





Com queima de fogos e apresentação musical, a Unimed inaugurou o “Quintal do Saber”. Trata-se de projeto estabelecido em parceira com a Prefeitura e que tem como apelos a educação e o resgate da memória do município.

A apresentação do espaço, implantado na praça Paulo Setúbal (“Praça do Barão”), aconteceu na tarde de quinta-feira, 11, data de comemoração dos 190 anos de Tatuí. O evento contou com autoridades locais, membros da cooperativa e a primeira-dama Ana Paula Cury Fiúza Coelho.

“Esta é uma data muito importante, dia 11 de agosto, para a Unimed, para a Prefeitura e para a cidade, de uma maneira geral”, declarou Binho Vieira, publicitário e assessor de comunicação da unidade de Tatuí da cooperativa.

O fundamento do projeto apresentado pela empresa é “a transformação do espaço não somente física, mas conceitualmente”. Por meio do “Adote uma Praça”, programa criado pela Prefeitura, a Unimed promoveu a reestruturação.

“A ideia foi de transformar a antiga praça em um museu do conhecimento, onde as pessoas possam aprender e vivenciar a história da cidade”, contou Vieira.

Não por acaso, o publicitário denominou o novo equipamento público de “Quintal”. A proposta é que as pessoas que passam pelo espaço “sintam-se acolhidas, possam utilizá-lo de diferentes formas e, com isso, ganhem em cultura, história e referência”. “Acredito que o quintal de uma casa é o melhor lugar”, observou o publicitário.

Os primeiros a se apropriarem da praça, no novo modelo, podem ser os estudantes das escolas “João Florêncio” (municipal) e “Barão de Suruí” (estadual). “Queremos que todos os alunos e professores do entorno sintam-se à vontade nesse quintal, sendo bem recebidos”, falou o assessor de comunicação.

A recepção a qual Vieira se refere não será de maneira tradicional. Conforme o publicitário, as árvores frutíferas plantadas no processo de revitalização e as salas vivenciais implantadas em diversos pontos da praça se encarregarão de receber os visitantes. “Essa é a proposta dessa construção: uma estrutura que possibilite o convívio socioeducativo”, declarou.

Concretizado neste mês, o projeto de revitalização estava pronto há algum tempo. Vieira explicou que a Unimed já tinha concebido um conceito, mas não tivera a oportunidade de colocá-lo em prática anteriormente.

A possibilidade veio com o Adote uma Praça, convênio estabelecido com a Secretaria Municipal de Infraestrutura, Meio Ambiente e Agricultura. Entretanto, o projeto cresceu e envolveu, também, diversos setores da administração.

Um deles, o Departamento Municipal de Turismo e Desenvolvimento Turístico, teve participação fundamental na etapa inicial. Jorge Rizek, que comanda o órgão, elogiou a execução da revitalização.

“Nós tivemos uma primeira reunião antes de o projeto começar. A partir de lá, pensamos no nome de Paulo Setúbal, que é um ilustre tatuiano, e fomos conversando”, descreveu.

Entre as ideias aventadas a princípio, muitas estão presentes na revitalização. Um exemplo são os “bancos pensantes”, como são chamados os assentos da praça. Além de nova pintura (com cores que remetem à Educação), eles ganharam frases retiradas de obras do escritor tatuiano.

“O resultado é muito legal”, avaliou Rizek, que sugeriu a realização de ações semelhantes em outros dispositivos de lazer do município. “Agradeço pela parceria com a Unimed. Isso (a adoção) é resultado de um projeto que fiz quando era vereador e que ainda está caminhando”, ressaltou.

Para a secretária municipal da Educação, Cultura e Turismo, Ângela Sartori, a associação entre o Executivo e a cooperativa concretizou-se em uma ação “de suma importância para o aprendizado”. Ângela avaliou o resultado da revitalização, do conceito e das possibilidades de utilização de forma positiva.

Disse, também, que a praça transformada em quintal é um espaço “de todos”. Por esse mesmo motivo, Ângela declarou que os tatuianos devem ajudar na conservação – em especial, a comunidade escolar que “vive nos arredores”.

Em termos de educação, Ângela afirmou que o Quintal representa um “recurso a mais” para a comunidade escolar. Realidade diferente da que ocorreu no passado.

“Lembrando da praça, como era havia anos, digo que vínhamos fazer atividades aqui. Porém, ela não tinha nada. E tudo funcionava na garra de cada professor. A partir da data de hoje (quinta-feira, 11), nós temos um apoio”, disse.

Também para atender a esse desejo e por conta da complexidade das intervenções, Vieira disse que a Unimed buscou inovar na reformulação. Uma das maiores preocupações diz respeito à recuperação de espaços e marcos.

Desde maio, a cooperativa iniciou o processo de resgate de pontos, como a “Rosa dos Ventos”. Originalmente inscrita em pedra portuguesa e no centro da praça, a nova representação dos pontos cardeais, colaterais e subcolaterais veio na forma de pintura. Ela ganhou novas cores e demarcações.

“Iniciamos com a reconstrução de alguns aspectos da praça; depois, começamos a implantar o conceito educativo, histórico e de resgate da memória da cidade. E, com isso, chegamos ao que vimos hoje”, comentou Vieira.

Para o projeto final, a Unimed contou com apoio de parceiros. Boa parte deles envolvida com a cultura, como a professora Patrícia Pots Miranda, que leciona na “Barão de Suruí”. Foi ela quem sugeriu, em reunião informal entre professores da unidade de ensino e a cooperativa, o nome de Quintal.

Também contribuíram os produtores culturais Rogério Vianna e Dony Barros, o caricaturista Bruno Venâncio, a artista plástica e coordenadora do MHPS (Museu Histórico “Paulo Setúbal”), Raquel Fayad, e o artista plástico Cassiano Berlofa, o qual assinou a ilustração de todos os painéis do quintal.

Durante a elaboração da proposta de reforma, a Unimed contou com apoio, também, da população do entorno da praça (entre moradores e empresários).

Conforme Vieira, eles se mobilizaram na ocasião – e continuam a fazê-lo – visando à conservação do novo equipamento, que conta com espaço para leitura, descanso e prática esportiva.

“Esse pertencimento é que é interessante. Nós temos um contrato de dois anos com o projeto (tempo de duração do convênio de conservação), mas a minha intenção é fazer com que quem cuide disso não seja somente a cooperativa, a iniciativa privada ou o poder público, mas toda a sociedade”, apontou.

O novo Quintal dos tatuianos possui muitos cantos. Conta com dois pomares, com mais de 20 árvores frutíferas, que devem dar frutos no prazo de dois anos, e tem duas salas de aula ao ar livre, para serem utilizadas por unidades de ensino da rede municipal, estadual ou particular.

No espaço, os alunos poderão ter as chamadas “aulas vivas”, ou vivenciais. Por conta da proximidade com o pomar e o contato com as árvores plantadas na data da inauguração, as crianças podem ter aulas de ecologia e biologia.

Todas as árvores estão catalogadas, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura. As plantas possuem, também, um histórico. “Quem vier aqui vai poder aprender sobre formação, constituição e de qual família a árvore que está sendo analisada pertence. Enfim, vai aprender”, disse Vieira.

O Quintal também é composto pelo Teatro de Rua “Paulo Setúbal”. Trata-se de um espaço com palco, no qual serão realizados eventos como saraus, shows e apresentações de espetáculos. “Tudo que for de relevância para a nossa cidade acontecerá aqui, porque o Quintal está aberto”, declarou o publicitário.

Quem visita a praça também pode ter acesso ao “beco das brincadeiras antigas”. A proposta desse espaço é “resgatar jogos e passatempos esquecidos”. Para isso, traz painéis com passo a passo de recreações.

As palmeiras imperiais passaram a ser chamadas de “palmeiras de Tatuí”. Elas trazem histórias – por meio de ilustrações coloridas e placas explicativas – que incluem o “Hino a Tatuí” e explicações sobre motivos que levaram a cidade a ganhar títulos como “Capital da Música” e “Terra dos Doces Caseiros”.

Além das inovações, a Unimed revitalizou todos os monumentos da praça. Incluiu mais de cem placas, espalhadas pela área do espaço, contando fatos curiosos sobre Tatuí, explicando os nomes das ruas, a história dos velhos casarões, menção sobre a família Holtz (da atriz tatuiana Vera Holtz) e escolas centenárias.

Outra novidade é a implantação de casinhas para abrigar pássaros. Na área central, a Unimed implantou vários abrigos para as aves, nos galhos de um ipê-rosa.

Vieira disse que cada um dos elementos é considerado relevante do ponto de vista da proposta. “Tudo foi escolhido e definido com professores, apoiadores e alunos. Eu não poderia impor algo. Queria que todos participassem do processo, e o resultado virou esse Quintal do Saber”, ressaltou.

O professor e artista plástico Pedro Couto gostou do que viu. Para ele, a revitalização só traz benefícios – e diversos. Couto avaliou que o projeto “casou bem a cultura com a educação”.

“Acho que Tatuí merece uma obra dessa natureza. Estou encantado, porque é uma forma de você perpetuar a cultura da cidade – que é cultural por natureza – para as novas gerações”, comentou.

Representando a Prefeitura, a primeira-dama e presidente do Fundo Social também destacou a importância da recuperação para a história do município. Em discurso, Ana Paula agradeceu a Unimed pela parceria e ressaltou a contribuição dela para a preservação de um espaço público.

“Ficou um museu ao ar livre. É muito importante saber sobre a história de Tatuí. Há muitas placas que contam coisas que eu nem sabia que tinham acontecido”, disse.

Para a primeira-dama, além de bonito, o espaço serve de exemplo a ser replicado. Ana Paula disse que outras empresas poderiam seguir o mesmo passo da Unimed. Ela ainda fez apelo à população do entorno da praça: “Peço que os estudantes e moradores cuidem disso, porque é de vocês”.

A cerimônia de inauguração contou com descerramento de fita inaugural do painel com a imagem de Paulo Setúbal, e arte de Berlofa. Também marcou o pórtico das palmeiras e incluiu plantio de manacá-da-serra, feito por convidados.

O encerramento se deu com show de Flaviano Gomes e queima de fogos de artifício.