
Tatuí 200: Outros fatos, outras histórias
Cristiano Mota
No Brasil imperial, o mapa geral dos habitantes representava um instrumento de controle. Por meio deles, não só se sabia quantas e quem eram as pessoas que viviam em determinadas localidades, como se cobrava delas os devidos impostos.
Reunido em “maços”, esse registro continha o mapeamento de um território, a partir das primeiras forças armadas, também chamadas de Companhias das Ordenanças – conhecidas, ainda, como Ordenanças Sebásticas.
Essas companhias eram compostas por um capitão, um alferes e um sargento. O capitão era auxiliado por um meirinho; o alferes tinha como subordinado um escrivão; e o sargento, o comando de dez cabos de esquadra.
Os membros das companhias eram escolhidos após o levantamento dos moradores e seus armamentos, por eleição realizada em câmara municipal, na presença do capitão-mor, que era, em geral, dono das terras, após juramento de lealdade à Coroa.
Era preciso haver, no mínimo, dez homens armados, em uma ocupação, para que uma nova companhia fosse criada. A de Tatuí é aberta em 1824, quando seus moradores surgem em uma nova freguesia.
Como o título das próprias relações nominativas mencionam, os dados daquele ano são de levantamento feito no período anterior, o que significa dizer que as informações constantes nela foram compiladas no mesmo ano em que o padre Francisco de Paula Medeiros fizera a menção de Tatuí no livro da igreja.
Tem-se, aí, duas provas (a do padre e a dos maços) de que em 1823 Tatuí já se tornara freguesia. O mesmo não se pode afirmar sobre 1822, em que não há – ainda – documento acessível.
Nessa época, a vila de Itapetininga era constituída por oito companhias. A 1ª, com 187 fogos, estava sob o comando do capitão-mor Francisco Xavier de Araújo, que vivia de negócios e possuía 18 escravos, entre crioulos e gentios da África, com idades entre quatro e 50 anos.
A 2ª companhia, composta por 210 habitações, era chefiada pelo capitão Bento Vieira de Brito, de Santo Amaro, casado com Ana Francisca Ferreira, de Sorocaba. O oficial possuía 16 escravos “de nação” que tinham de dois a 31 anos de idade, sendo que a maioria laborava na agricultura.
O capitão Bento João da Costa, casado com Bernarda da Silveira, respondia pela 3ª companhia, integrada por um total de 152 fogos. Viviam com o casal outras 12 pessoas, sendo dois genros, uma neta, um “ingeitado” e oito escravos, com idades variando entre sete e 45 anos.
A 4ª companhia estava a cargo do capitão Francisco Rodrigues Sampaio, de Itapetininga. Essa unidade militar correspondia à freguesia de Paranapanema, composta por 227 domicílios.
Formada por 224 fogos, a 5ª companhia estava subordinada ao capitão porto-felicense Joaquim de Almeida, casado com Floriana Ayres, de Itapeva. Na ocasião do censo, o oficial vivia de “negócios de animaes”, tinha um filho de quatro anos e 11 escravos com idades entre dois e 43 anos.
A 6ª companhia, que compreendia os primeiros habitantes de Tatuí, somava 223 fogos. Era comandada por Jeronymo Antônio Fiuza, a quem os narradores atribuem o surgimento do povoado. Na ocasião, o alferes, que mais tarde se tornaria capitão, era senhor de 13 cativos empregados em sua propriedade, os quais produziam, exclusivamente, alimentos para o sustento da família dele.
A 7ª companhia, composta por 97 fogos, estava sob o comando de Manoel de Albuquerque Rolim, capitão que vivia do comércio de animais. E a 8ª, compreendia 132 unidades domiciliares, sob a proteção do capitão Valerianno Vieira de Oliveira, que teve sete filhos com Thereza Flauzina.







