As baixas temperaturas registradas nos últimos dias têm feito o número de resgates de animais de rua aumentar. É o que informou Beatriz Garajau Christofori, integrante da S.O.S. Miauau. A protetora explicou que voluntários e pessoas ligadas à proteção estão dando mais atenção aos bichos por causa do frio.
“Não conseguimos passar na rua, vermos um cachorro deitado, tremendo de frio, e não fazermos nada. O frio toca mais o nosso coração”, mencionou.
Conforme ela, as baixas temperaturas castigam mais cães e gatos que vivem nas ruas. Por não terem lar, os bichos ficam desprotegidos e à mercê do relento. Como não conseguem se alimentar adequadamente, ainda ficam mais propensos a contrair doenças, à desnutrição e até mesmo à morte.
No verão, Beatriz relatou que os riscos são os mesmos, com a diferença de que os animais não ficam tão vulneráveis. “É por isso que é mais comum ver mais cães e gatos no verão que no frio”, disse. Em Tatuí, os cães estão em maior presença nas ruas que os bichanos. Na maioria dos casos, sem raça definida.
Mesmo não tendo condições financeiras para atender a “toda essa população”, a protetora destacou que o grupo (formado por três voluntárias) tenta melhorar as condições de vida dos animais.
O resgate é a ação que tem maior custo para a entidade e a mais feita nos últimos três anos. “Piorou, parece que estamos enxugando gelo”, disse a ativista.
No município, somente os salvamentos feitos pela Miauau pularam de uma média de cem por ano para 300. A maior parte dos animais resgatados é de cães.
Os gatos representam a minoria em função do “grau de dificuldade do atendimento”. “Eles são mais ariscos que os cães. Por isso, priorizamos as fêmeas. Pegamos os machos, quando eles estão machucados”.
Os tratamentos oferecidos aos animais variam conforme as condições de saúde. Beatriz contou que muitos são encontrados desnutridos, machucados e com doenças. Boa parte dos problemas de saúde é decorrente da falta de alimentação.
“É muito difícil animais de rua que param nas portas das casas serem tratados. Infelizmente, é normal vê-los abandonados, porque ninguém se importa”, opinou.
De acordo com Beatriz, a desnutrição dos animais pode levar a medidas drásticas. As voluntárias da S. O. S. Miauau, por exemplo, precisaram encaminhar uma cadela para sacrifício.
“Ela já não tinha sangue no corpo, nem para fazer exame. Nós a tiramos do proprietário porque ele não se importava com ela. Como não havia mais o que poderia ser feito, a cadela teve que ser submetida à eutanásia”, reportou.
Os animais que conseguem sobreviver são vacinados, vermifugados e, depois, entregues para adoção. O tempo de atendimento varia conforme as condições de saúde dos cães e gatos resgatados. Alguns deles chegam ao grupo muito debilitados.
Na semana passada, Beatriz e as amigas retiraram das ruas uma cadela com oito filhotes. “Por ser senil, ela estava bem desnutrida. Nós demos suplementos, fomos tratando e, agora, ela será colocada para adoção em feira”, contou.
O evento acontece no dia 30 deste mês, próximo sábado, na avenida Salles Gomes, 63, no centro. A feira tem início previsto para as 9h e termino às 15h.
Ao todo, 25 cachorros (a maioria filhote) serão colocados à adoção. Beatriz explicou que o grupo optou por não incluir os gatos, para evitar “conflitos”.
A feira priorizará a doação de filhotes, em função do número de cadelas prenhas atendidas pelas voluntárias neste ano. Cães adultos também serão colocados aos interessados, mas em menor número. Todos os animais são vermifugados.
Quem quiser adotar um dos bichos deve assinar termo de compromisso, a ser preenchido no evento. É preciso informar nome completo, endereço e telefone. Uma via do documento fica com as voluntárias; a outra, com o adotante.
O evento é parte das ações desenvolvidas pelo grupo para realização dos atendimentos. Além da feira, Beatriz contou que a organização promove vendas de rifas, de chaveiros e leilões. As iniciativas são divulgadas em rede social.
As rendas ajudam as voluntárias a atender o maior número de animais possível. Grande parte deles vem da região do Jardim Santa Rita de Cássia. O bairro é apontado pela organização como o que tem a maior “população de animais sem lar”.
“Lá, tem muito mais. Eu diria que o dobro do que pode ser visto no restante do município. São somente vira-latas, mas de todos os tamanhos e idades”, descreveu.
Também em prol dos animais, outro grupo de protetores do município programa ação. A Cia. do Bicho realizará, dia 6 de agosto, a quinta edição de seu bazar beneficente.
Na data, protetoras farão vendas de diversos artigos com renda voltada às ações de castração. Em Tatuí, a Cia. do Bicho promove esterilização de animais há uma década. Desde 2006, já castrou 8.351 animais.
Por mutirão, os voluntários esterilizam de 250 a 280 animais, entre cães e gatos. Todo o procedimento é feito a preço de custo ou a custo zero para proprietários que não têm condições ou, ainda, em animais que sejam resgatados.
“Nós fazemos isso para que as pessoas tenham acesso às cirurgias”, contou Cristina Pool. A iniciativa também é realizada para reduzir o número de bichos abandonados.
Em Tatuí, em todas as edições de castração, a Cia. do Bicho atendeu um total de 433 animais carentes – que vivem nas ruas – e também atendidos pelo canil municipal.
Conforme Cristina, a medida evita a procriação dos animais e custa, em média, para a organização, até R$ 1.500. Os custos são bancados por vendas de produtos.
A Cia. do Bicho disponibiliza um site para a aquisição de itens revertidos aos animais. Os produtos podem ser adquiridos em www.ciadobicho.com.br.
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