O terremoto que abala Brasília, cujo epicentro encontra-se nas delações dos irmãos Batista, não pode interromper a reforma previdenciária, uma prioridade para a solução da crise fiscal e para que os brasileiros possam continuar recebendo suas aposentadorias.
O rombo no sistema, combinado com o envelhecimento da população, resulta numa equação perversa: há cada vez menos recursos que possibilitem qualidade de vida para aqueles que trabalharam a vida toda. O problema agrava-se num momento de crise aguda da economia, como o que estamos vivendo, pois cai a receita dos impostos e o financiamento do INSS.
Além disso, um dos itens que também corroboram para que haja preocupação com a Previdência é a redução significativa de contribuintes ativos, pois o desemprego é elevadíssimo, atingindo 14,14 milhões de pessoas. Essa situação lastimável, além de causar desconforto e empobrecimento da população, reduz o consumo e impossibilita a flexibilização de caixa do governo para investimentos.
Só a título de informação, o déficit da Previdência fechou 2016 em R$ 151,9 bilhões. Poderia ser menor se houvesse fiscalização mais eficiente dos processos. Sabe-se que ainda existem casos de aposentadorias fraudulentas, envolvendo pessoas que não têm direito ao benefício.
É a corrupção do sistema, como ocorre em outros segmentos do Estado. Essa erva daninha assola muito mais a classe trabalhadora do que afeta diretamente os membros do poder público e as classes de renda alta, que possuem muitos mais recursos e benefícios.
Os escândalos revelados na operação Lava Jato e as recentes denúncias contra o presidente da República maculam a imagem do país e se somam à situação da Previdência, que necessita de uma reforma inadiável.
Desvios de verbas públicas, ingerência, apadrinhamentos políticos, comissões indevidas, uso de laranjas e outros problemas têm demonstrado a voracidade destrutiva da improbidade no desmantelamento da economia, provocando prejuízos imensos, como a desconfiança dos investidores e a retração financeira que solapa o Brasil.
Embora muitos agentes da sociedade civil não enxerguem ou façam vistas grossas à situação fatídica do país, o prejuízo da corrução é muito maior do que se imagina. É improrrogável a aplicação de punições severas aos responsáveis pelo desvio de quaisquer recursos, além do repatriamento das verbas que deveriam estar nos cofres públicos financiando investimentos de alta envergadura e gerando empregos.
Só para se ter ideia, segundo um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), por ano perde-se de 1,38% a 2,3% do PIB com a corrupção, recursos que poderiam estar inseridos nos diversos segmentos do mercado.
De fato, a corrupção é uma doença que precisa ser extirpada. Entretanto, para que isso ocorra, é necessário que os valores morais e éticos sejam praticados em todas as instâncias e classes sociais. Ou seja, cada indivíduo deve assumir as suas responsabilidades, não querendo tirar vantagem do outro e em tudo, pois a corrupção nasce das pequenas ações indevidas e alcança os mais altos escalões e grandes esquemas.
* Coordenador do curso de ciências contábeis da Faculdade Santa Marcelina (Fasm).