Sueli Conte *
Foi no mês de abril de 2022 que o então ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, assinou portaria declarando o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional causada pela pandemia do Covid-19 no Brasil.
Como sabemos, durante toda a pandemia e, especialmente, no período mais agudo do isolamento social, pessoas de todas as idades sofreram de maneira importante não apenas com o medo da doença e dos seus desdobramentos – até então pouco conhecidos – mas com as questões relativas à saúde mental, dados os níveis de estresse vivenciados no período.
Em 2021, a Unicef apresentou os resultados de um estudo realizado em 21 países, com crianças e adultos. O levantamento apontou que, em média, um em cada cinco adolescentes e jovens de 15 a 24 anos tiveram sintomas de depressão e pouco interesse em desenvolver suas atividades no período.
No Brasil, o número chegava a 22% dessa fatia da população. Se a preocupação com a saúde mental de crianças e adolescentes já preocupava antes da pandemia, agora se tornam ainda mais elevados, visto que, de acordo com os dados da Unicef, mais de um em cada sete meninos e meninas entre dez e 19 anos viva com algum transtorno mental diagnosticado.
Além disso, quase 46 mil adolescentes morrem por suicídio a cada ano, uma das principais causas de morte nessa faixa etária.
Boa parte dos problemas tiveram origem relacionados à ausência de rotina na vida dessas crianças e adolescentes. Posteriormente, foram agravados devido à dificuldade de retomar a vida que já existia observando cuidados para evitar contaminações.
Adicionalmente, as dificuldades em relação ao aprendizado à distância, a defasagem na absorção dos conteúdos, a falta de chances de recreação e a preocupação com a saúde e com a renda familiar contribuíram sobremaneira para deixar os jovens com medo, irritados e preocupados com o futuro.
Inclusive, infelizmente, ainda existem reflexos da pandemia no comportamento de muitas crianças e adolescentes. São perceptíveis os índices de desatenção entre eles, fator que os leva a enfrentar certa dificuldade para assimilar conceitos em sala de aula.
Também é notório o aumento de sintomas depressivos entre esse público, com maior nível de estresse, ansiedade e irritabilidade, que por vezes culminam em casos de automutilação.
Os pais e responsáveis muitas vezes não identificam que essas crianças estão enfrentando tantos problemas de cunho emocional. Em diversos casos, surpreendem-se e, por vezes, até se sentem ultrajados quando recebem algum sinal de alerta vindo de terceiros.
É compreensível, visto que nenhuma mãe ou pai quer que seu filho enfrente problemas desse tipo tão jovens. Também é natural que não saibam como conduzir as situações ou a quem recorrer nesses momentos.
Porém, é extremamente importante agir. A negação e a inércia podem custar caro. Além disso, há muitas opções de tratamentos possíveis na atualidade, que podem ir desde as consultas com profissionais da psicologia e da psiquiatria, passando por terapias como Barras de Access e ThetaHealing, que podem trazer bons resultados.
* Psicóloga, psicopedagoga, doutoranda em neurociências, mestre em educação, aplicadora e facilitadora da Barra de Access e ThetaHealing, além de fundadora do Espaço Saúde Integrativa by Sueli Conte, localizado na Zona Sul de São Paulo.