Noventa e oito crianças e jovens fazem parte de grupos de escoteiros em Tatuí. A cidade conta com dois agrupamentos do tipo.
O mais antigo deles, o Grupo Escoteiro Goyotin 34/SP, teve início em 1973 e conta com 63 membros. Fundado em 1984, o 3º Grupo Escoteiro Tupancy tem a participação de 35 pessoas.
Os grupos são divididos por quatro faixas etárias, chamadas de “ramos”. A mais jovem, que abrange dos 7 aos 11 anos, é integrada pelos chamados “lobinhos”.
Quando completam 12 anos, as crianças vão para o ramo de escoteiros, no qual ficam até os 15 anos. As outras duas faixas etárias, sênior (15 anos aos 18 anos) e pioneiros (18 anos aos 21 anos), completam os ramos.
No grupo escoteiro Goyotin, são 27 lobinhos, 22 escoteiros, 12 seniores e 2 pioneiros, além de 12 chefes voluntários. O Tupancy é formado por 18 lobinhos, 10, escoteiros, 5 seniores, 2 pioneiros e 13 chefes.
As atividades realizadas pelos grupos variam conforme a idade. A principal conhecida e divulgada pelos escoteiros, os acampamentos, são feitos pelos três ramos mais velhos. Os lobinhos acantonam, explicou o chefe desse ramo do grupo Goyotin, Rudnei de Oliveira Barros.
“Eles acantonam, dormem em sacos de dormir, usam o isolante térmico e dormem no chão. A gente faz isso em local coberto e fechado, para a segurança deles”, afirmou.
O acantonamento faz parte da adaptação que os lobinhos passam antes de virarem escoteiros. Usando o saco de dormir, o lobinho já se desacostuma com o conforto de casa, um requisito para o acampamento em locais abertos.
Os dois grupos de escoteiros se reúnem semanalmente nas sedes. Entretanto, os pioneiros do Goyotin fazem reuniões quinzenalmente. “Pensam que o escoteiro só aprende a dar nó e montar barraca. A filosofia do escotismo vai muito além disso”, comentou Barros.
O trabalho social e a preocupação em deixar um mundo melhor para as próximas gerações são duas das principais ideais do escotismo, segundo o chefe dos lobinhos.
As atividades das crianças e adolescentes são supervisionadas pelos adultos, chamados de chefes. A diretora do grupo Goyotin, Claudia Barros, disse que, entre as atividades desenvolvidas pelos ramos, estão os jogos, as ao ar livre e as ecológicas.
Os escoteiros participam, também, de comemorações cívicas e campanhas para arrecadação de alimentos a instituições e pessoas carentes. “Nós fazemos campanhas para a comunidade, como a do agasalho, a limpeza do ribeirão Manduca e a doação de mudas de árvores”, disse.
Cercados pelo “mundo digital”, seja nos celulares, no videogame, na TV e na internet, os adolescentes e crianças que participam do escotismo aprendem a valorizar o “mundo real”.
“Os acampamentos buscam tirar as crianças do computador e a ensinar os valores da amizade verdadeira”, afirmou Claudia. Os escoteiros do Tupancy já fizeram acampamentos na Estação Experimental e no sítio Água Branca.
Além dos acampamentos, os escoteiros fazem excursões culturais, educativas e de lazer. Entre as já realizadas pelo Goyotin, os jovens conheceram o museu da TAM, em São Carlos, um parque aquático em Cesário Lange e o Museu Catavento, na capital paulista.
Os métodos de ensino, tanto do Goyotin quanto do Tupancy, são supervisionados pela UEB (União dos Escoteiros do Brasil), explicou a presidente do Tupancy, Dagmar Bosso Belaz.
“Nós seguimos os métodos e os programas da UEB. Existem várias normas que a gente tem que seguir nos grupos”, acentuou ela.
Os escoteiros são ensinados a, sempre, buscarem conhecimento e soluções para os problemas que se apresentam no dia a dia. Como forma de reconhecimento ao progresso dos escoteiros, os membros ganham insígnias, que mostram as habilidades conquistadas.
“É um jeito de mostrar à sociedade e aos escoteiros quem ele é. Pelo uniforme, já dá para saber as responsabilidades que o escoteiro tem dentro do grupo dele”, explicou Barros, chefe dos lobinhos da Goyotin.
Nos grupos, os jovens aprendem a ter responsabilidade e a desempenhar as tarefas de escoteiros, sejam nos acampamentos ou dentro da própria sede.
Para ser chefe dos ramos dos escoteiros, não precisa ter sido um na infância. São necessários, apenas, cursos na UEB, para conhecer melhor o movimento escoteiro e aprender o programa educativo.
Os grupos não têm fins lucrativos e se mantêm com as mensalidades pagas pelos pais dos escoteiros. Uma vez ao ano, os escoteiros pagam o registro na UEB, que funciona como um seguro, para casos de acidentes durante os acampamentos.
“Nunca aconteceu de algum dos nossos escoteiros se machucar, mas a gente tem essa precaução de ter um seguro para caso de emergência”, disse Dagmar.
O movimento escoteiro foi criado em 1907, por Robert Stepherson Smyth Baden-Powell. A proposta dele era “priorizar o desenvolvimento do jovem, através da prática do trabalho em equipe e ao ar livre”. O movimento chegou ao Brasil em 1910, no Rio de Janeiro, trazido pelo tenente da Marinha Eduardo Henrique Weaver.