Da reportagem
O Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto”, por meio da Comissão Intra-Hospitalar de Transplante da Santa Casa de Misericórdia de Tatuí, promoveu na tarde de quinta-feira, 24, mais um procedimento de retirada de órgãos para doação.
O doador foi um homem de 36 anos, falecido por traumatismo cranioencefálico na quarta-feira, 23, por volta das 11h, no PS, e a família autorizou a doação no mesmo dia. Foram captados: rim, fígado e coração, possibilitando que três pessoas que esperam por transplante possam ser beneficiadas.
Conforme a enfermeira coordenadora e responsável técnica do PS, Roberta Molonha, os órgãos foram captados pela equipe do cirurgião Renato Hidalgo, da Unimed de Sorocaba, que faz transplantes pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e pela Unesp de Botucatu.
O coração foi transplantado, na própria quinta-feira, no paciente receptor (o hospital onde ocorreu o transplante não foi divulgado). Órgão foi levado até o paciente por um helicóptero da Polícia Militar.
“O coração é um dos órgãos mais sensíveis. Depois de retirado do doador, o órgão deve ser transplantado em, no máximo, duas horas. Ele exige uma logística de transporte rápida, para que chegue ao receptor ainda viável para o transplante. Por isso, a gente sempre conta com apoio do Águia, da Força Aérea etc.”, contou a coordenadora.
A cirurgia para a retirada dos órgãos foi feita no centro cirúrgico da Santa Casa local, das 14h às 20h. As equipes de coleta acompanharam a cirurgia. A destinação dos órgãos do doador tatuiano dependerá do resultado do exame de compatibilidade dos pacientes da fila de espera.
A Comissão Intra-Hospitalar de Transplante da Santa Casa de Misericórdia de Tatuí começou a atuar em 2017 e foi oficializada junto à Central Estadual de Transplante em novembro de 2018. Desde então, foram feitas mais de dez captações.
“De um lado, temos uma família enlutada, sofrendo, mas que em um gesto de amor autoriza a doação e, do outro, famílias recebendo ligações informando que o ente querido vai receber o órgão que está esperando há tanto tempo. É confuso, mas, como profissional, posso dizer que o sentimento é de gratidão e muito orgulho por alcançar o nosso objetivo que sempre será salvar vidas”, enfatizou.
Roberta ressaltou existir mitos sobre a doação de órgãos e pontua ser importante a pessoa manifestar, ainda em vida, o interesse de ser doador, contando a vontade para a família.
“Se uma pessoa tem vontade de ser doador de órgão, ela precisa deixar isso muito claro para a família. Somente os familiares mais próximos é que podem autorizar a doação, não adianta deixar por escrito ou outra coisa parecida. Nossa legislação só permite que a família tome a decisão”, explicou a coordenadora.
Conforme Roberta, a maioria das famílias em que o paciente sinalizou o desejo de doar assina o termo de doação e ajuda a salvar outras vidas. Ela afirma que expor a vontade de ser doador facilita a captação e até mesmo a decisão da família enlutada.