Da reportagem
Como forma de homenagear os profissionais da Saúde, o Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto” criou um mural com fotos. O painel exibe imagens de membros da equipe falecidos em decorrência da Covid-19 e em atuação no local.
Conforme a enfermeira Roberta Lodi Molonha, responsável técnica da unidade, a ideia de criar o espaço surgiu de “uma hora para outra”, com a intenção de “homenagear os falecidos pelo trabalho que realizaram no PS, além de incentivar e fortalecer os colaboradores atuantes”
“Havíamos perdido a doutora Jaqueline e o nosso porteiro Elias Vieira para a doença e ficamos abalados. Depois, perdemos a técnica de enfermagem Clara Moura, e a equipe ficou amedrontada, nervosa e abalada”, lamenta a profissional.
“Senti a necessidade de arrumar uma forma de dar forças para eles continuarem, daí surgiu a ideia da homenagem”, acrescenta Roberta.
O painel, em uma das paredes do PS, foi inaugurado em abril deste ano, logo após a morte da técnica de enfermagem Clara Moura. Na data, o espaço reuniu os familiares dos funcionários falecidos e os colaboradores em atuação em uma noite de oração e “homenagens emocionantes”.
Segundo Roberta, a cerimônia serviu para dar ânimo à equipe, que àquela altura encontrava-se impactada pelo falecimento dos colegas e pelo estresse do trabalho na linha de frente do combate à pandemia.
“A equipe ficou emocionada. Além disso, alguns acabaram expondo os medos e angústias vividos e tiveram a oportunidade de, por um momento, demonstrar a saudade e a frustração por tantas vidas perdidas”, ressalta a enfermeira.
“Às vezes, na nossa rotina de trabalho dentro do pronto-socorro, temos que passar por cima desses sentimentos para continuarmos. A homenagem foi uma comoção geral entre todos”, ressalta Roberta.
A enfermeira ainda lembra que, na época, a equipe estava à espera de uma terceira onda da pandemia, e não sabia o que esperar no pronto-socorro quanto ao volume de pacientes e à gravidade da doença.
“Precisávamos que todos os colaboradores estivessem inteiros e fortes para continuar nessa guerra”, explica a enfermeira. Roberta ainda destaca que a instalação do mural se tornou um marco na “humanização no ambiente de trabalho tão duro daqueles profissionais”.
“Apesar de não podermos trazer de volta pessoas tão queridas e que estiveram conosco por tantos anos, senti que, daquela forma, todos poderiam, mesmo que de uma forma triste, entender a importância e o valor dessas pessoas, e que estávamos tristes, sim, mas o serviço não podia parar, pois ainda temos uma longa caminhada pela frente”, conclui a enfermeira.