Fundada em 2003, a partir da iniciativa de uma moradora do Jardim Lírio, o projeto Arte pela Vida tem como objetivo principal crianças e adolescentes suscetíveis ao uso de drogas, “resgatando-as” por meio de oficinas culturais.
“Essa moradora pediu que fosse feito um trabalho com as crianças do bairro, porque tinham muitas que ficavam na rua e estavam começando a se envolver com o uso de drogas”, contou Carlos Alberto Ferreira da Silva, diretor financeiro.
O projeto faz parte dos trabalhos sociais desenvolvidos pela Comunidade Recado. Inicialmente, por não ter espaço, foram utilizadas as salas de catequese da paróquia Nossa Senhora Aparecida, no mesmo bairro.
No local, eram ministradas aulas de dança, violão, coral e musicalização infantil. Mas, como a demanda foi grande em 2009, o atendimento passou a ser feito na Escola Municipal “Terezinha Vieira de Camargo”. Atualmente, o projeto tem sede própria, na estrada Moises Martins, 1100.
As oficinas acontecem de segunda-feira a sexta-feira, no contraturno escolar, com duração de duas horas diárias. Para participar, é preciso ter idade a partir de sete anos e estar devidamente matriculado na escola.
Após realizar a inscrição, que fica aberta durante o ano todo, o inscrito é submetido a analise socioeconômica, feita pela assistente social do local.
“Aqui, as crianças participam do projeto, e aquelas que a assistente identifica a necessidade recebem também um auxilio para a família”, explicou Juliana Luchini, coordenadora do telemarketing. Atualmente, frequentam as aulas cerca de 70 alunos.
Ao ingressar no projeto, a criança pode permanecer até os 18 anos. Durante esse período, ela tem orientações sobre valores morais, noções de cidadania e respeito ao próximo.
Mesmo fazendo parte de uma comunidade católica, a religião não é critério para seleção, ou seja, qualquer pessoa que atenda aos requisitos básicos pode se tornar assistido.
Segundo o diretor financeiro, aos alunos que completam 18 anos dentro do projeto são oferecidas bolsas de 100% na faculdade Santa Barbara, com a finalidade de não deixar esses adolescentes desamparados.
“Nem todos que passam por aqui querem ser músicos, então, nessa idade, nós fazemos orientação para o que o adolescente deseja seguir”, conta ele.
Cursos
As oficinas são realizadas conforme a idade dos participantes. A de fanfarra é realizada por meio do contato com instrumentos de percussão, em aula coletiva, com o objetivo da integração, “fazendo com que eles respeitem o grupo”.
Já a teoria musical é direcionada aos alunos de 10 a 17 anos. As aulas abrangem a “construção do ouvido musical”, o desenvolvimento da escrita e o “pensamento reflexivo”. Por meio da musica, também há foco na imaginação, no raciocínio e na coordenação motora.
A dança é oferecida desde os 7 anos de idade até os 17, com objetivo de estimular a criatividade, o “espírito coletivo”, enfatizando-se a “solidariedade, autoestima e motivação”, conta Juliana.
“Tem crianças que chegaram aqui e ficavam quietinhas no canto, e, agora, a gente as vê correndo, brincando e interagindo com os outros”, afirma.
Outro destaque é a orquestra formada por participantes acima de dez anos. As aulas trabalham um repertorio de peças originais e arranjos de diferentes gêneros, estilos, países e períodos históricos.
Todo material – alimentação, uniformes e instrumentos utilizado nas aulas – não tem custo para o aluno. Durante todo o ciclo, não é solicitado nenhum tipo de valor.
A instituição se mantém com verba do governo municipal e recebe apoio da Secretaria de Estado da Cultura, mas a maior parte é doada pela população da cidade.
Para conseguir cobrir os gastos, o projeto trabalha diariamente com serviço de telemarketing, que entra em contato com os moradores, explica o trabalho desenvolvido no projeto e pede a colaboração para mantê-lo em funcionamento.
“Além da doação, nós pedimos que esses doadores venham conhecer o projeto pessoalmente, pois acreditamos que, quando se sabe o destino da doação, mesmo com dificuldade, as pessoas conseguem manter a fidelidade”, ressaltou o diretor financeiro.