Da reportagem
A iniciativa de duas professoras tatuianas emocionou estudantes e pais nesta semana. Marici Santos Coutinho e Luciana Ducati, que atuam no Colégio Adventista de Tatuí, resolveram visitar os estudantes das salas em que lecionam e, cumprindo as regras de distanciamento social, entregam uma cartinha e um pacote de “suspiros de saudade”.
Conforme as professoras, a ação faz parte da estratégia da escola para minimizar o impacto da suspensão das aulas no desenvolvimento social das crianças e também serve “para mostrar a eles o quanto também sentem falta de ter contato diário e como estão ansiosas para que a pandemia seja controlada e todos possam voltar à escola”.
“A gente sente muita falta deles, muita mesmo! Falta do contato, da vivência, do abraço, das brincadeiras, de poder ter um olhar mais individualizado para as necessidades de cada um… A relação de professor e aluno vai além de ensinar, porque passamos muitas horas juntos, e são vínculos que marcam, principalmente nesta faixa etária”, afirma a professora Marici, que dá aula no segundo ano do ensino fundamental.
Por conta da pandemia, desde 17 de março, as aulas do Colégio Adventista estão acontecendo apenas no ambiente online. As professoras destacam que, “de uma hora para outra”, tiveram de adaptar a didática para aulas à distância, criando vídeos e encontros diários via Zoom, “o que certamente reduz o impacto na área pedagógica, mas resta entre os educadores a preocupação com a questão social”.
“É emocionante para eles nos ver pessoalmente, porque sabemos que os professores também são importantes para eles, e, embora estejam adaptados à tecnologia, por ser uma geração mais conectada, eles também sentem falta da convivência”, salienta a professora Luciana.
O diretor do colégio, Roberto Assis, explica que, dos 6 aos 11 anos de idade, a interação social é fundamental para o desenvolvimento da criança e que isso está sendo perdido por conta das aulas em ambiente virtual
“Nesta faixa etária, também fazem bastante diferença as motivações externas, os elogios, por exemplo. Isso torna ainda mais relevante a iniciativa das professoras”, observa Assis.
O diretor conta que, durante as aulas virtuais, sempre que têm a oportunidade, as crianças mencionam a saudade dos colegas e perguntam aos professores quando as aulas vão voltar.
“Em outras faixas etárias, isto também ocorre, porque, embora muitos pensem que os estudantes estejam gostando das ‘longas férias’, os educadores notam que é o contrário. Eles entendem o momento em que estão vivendo, mas querem voltar a estudar tão logo possam”, completou.
No contraturno escolar, as professoras seguem para a casa dos alunos, e a visita fica em segredo entre eles, para não estragar a surpresa para os demais. Pelo cronograma das professoras, as entregas deveriam acontecer até sexta-feira, 26, quando elas aproveitariam as fotos e as experiências para atividades “em classe”.
Visita das professoras aos alunos que estão em isolamento (foto: divulgação)