Da reportagem
Uma recepção diferente aos alunos, na Emef “Firmo Antônio de Camargo Del Fiol”, do Jardim Planalto, viralizou nas redes sociais após o professor Jorge Luiz de Almeida postar dois vídeos na conta dele na plataforma digital TikTok.
Um cartaz com quatro desenhos de opções de cumprimentos, colado na entrada da sala de aula dos alunos do 4º ano do ensino fundamental (EF), foi a forma que Almeida desenvolveu para motivar os estudantes a frequentar as aulas.
Os vídeos com as crianças foram postados em junho deste ano e, até a data desta reportagem, o número de visualizações havia passado de 15,3 milhões. Já o com a participação dos pais tinha sido visto por mais de 3,3 milhões de pessoas.
Nas imagens, é possível ver que os alunos e os pais, nas respectivas filmagens, têm a liberdade para escolher entre aperto de mão, abraço, dancinha ou careta.
“A ideia surgiu logo no início do ano letivo, após observar meus alunos apáticos, desmotivados, sem coletividade e muitas ausências, e eu precisava intervir rápido se quisesse obter resultados a curto e médio prazo”, explicou o professor.
Almeida está no magistério há 30 anos, trabalhando em duas escolas públicas. Na estadual, ele dá aulas de história para as turmas do 6º e 7º ano. Já na municipal, leciona as disciplinas de língua portuguesa, matemática, história, geografia e ciências a alunos do 4º ano.
De acordo com Almeida, as ações também foram necessárias devido ao retorno pós-pandemia. Para elas, conta ter realizado reuniões com os pais – “fundamentais para que as ideias fossem debatidas”, acentua. Com isso, “firmou-se uma parceria entre eles e o professor”, aponta.
“Deixei claro o que esperava deles. A partir daí, eles passaram a serem presentes e atuantes na vida escolar dos seus filhos. Passei a acolhê-los logo na entrada da sala de aula pela manhã, todas as sextas-feiras”, relata.
Segundo Almeida, a experiência passou por quatro etapas distintas. Conforme consta no vídeo, primeiro, ele acolhe os alunos; em seguida, as crianças assumem o protagonismo, sendo que um acolhe o outro.
“Na terceira etapa, por exemplo, o aluno demonstra o que tem a oferecer aos coleguinhas de classe, seja um abraço, um aperto de mão. Já no último quesito, os pais vivenciam o trabalho realizado com seus filhos”, menciona.
O educador confirma que, nas primeiras semanas em que a iniciativa foi tomada, sentiu uma queda nas ausências dos alunos em sala de aula e, com isso, passou a incluir outras ações, como jogos cooperativos e atividades socioemocionais semanalmente.
Almeida passou a chamar essas iniciativas de “missões”, que são interações com os pais ou responsáveis, como distribuir elogios, dizer “eu te amo” ou ajudar nas tarefas de casa.
“Demonstrações de carinho fazem o diferencial para ambas as partes. Muitas vezes, com a correria do dia a dia, as pessoas acabam esquecendo disso. Enxugar a louça, recolher a roupa no varal, arrumar seu quarto, fazem os alunos se sentirem parte integrante da família”, acrescenta.
O professor pontua que não esperava que os vídeos fizessem tanto sucesso. “Fiquei muito feliz pelo meu trabalho estar sendo reconhecido por ‘milhões’, e isso me motiva a continuar fazendo o meu melhor. O mais gratificante disso tudo é saber que consegui atingir meus objetivos: alunos estão motivados, são participativos, pensam e agem no coletivo, e suas ausências são quase zero”, completa.