Quando eu fazia o ensino básico, o que não faz muito tempo, ainda ouvia falar da época de meus pais, que quem não tinha disciplina sofria castigos, que, ao passar dos anos, deixaram de existir. Em minha época, não existiam mais esses castigos radicais, mas ainda existiam outros meios também importantes e mais fortes que hoje. Não que eu concorde com castigos severos, no entanto, entendo que a educação deve ter “rédeas bem curtas”, pois o que se vê são direitos e mais direitos, e os deveres cada vez mais esquecidos, e educadores perplexos ao se esmerarem para ensinar de modo a não serem mal interpretados.
No final do mês passado, ao tomar um taxi em Salvador (BA), depois de um compromisso, ouvia um taxista que teve seis irmãos e que, em sua infância, ao chegar da escola, tinha que despejar a bolsa de materiais sobre um pano e, se caísse algum objeto que não lhe pertencesse, a mãe dizia: “Vá onde você pegou e devolve agora mesmo, senão é castigo!”. Imediatamente, o “moleque” saia correndo para devolver o que não era seu. Ele ainda relatou que presenciou uma senhora que estava exigindo satisfação do professor por ter chamado a atenção de seu filho, que chegou envergonhado em casa por isso, e que o taxista a interpelou dizendo que não deveria fazer isso porque o professor estava dando ao filho dela a educação que ela deveria ter dado e, apesar de contrariada, acabou concordando.
O primeiro professor é o pai, mãe ou responsável pela criança, e se o professor é educador, deve ser assim interpretado pelos pais ou responsáveis quando seus filhos estão na escola.
Quando os professores corrigem uma criança, o fazem revestidos dos poderes delegados pelos pais, e se assim funciona, o aluno tem um verdadeiro professor! Atualmente, a educação é vulgarizada pelos próprios pais, ao cobrar comportamentos de professores por ter agido corrigindo os alunos.
Antigamente, os pais cobravam do filho porque não foram aprovados, mas hoje em dia existem casos de pais cobrando do professor porque o filho não foi aprovado e, muitas vezes, sob o argumento de que está pagando, o que é pior.
Apesar de não ser professor, essa história que ouvi me marcou, pois os profissionais atuais que tiveram verdadeiros professores, tanto em casa quanto na escola, são muitos que sofreram por imposição de disciplina, e que têm exemplos de valores morais e éticos. E quando falamos em ética, não podemos olhar apenas para a corrupção do governo, mas focar onde estão sendo educados os profissionais, políticos e cidadãos do amanhã, na nossa casa!
Os valores são desenvolvidos nas coisas mais simples que se ensina a uma criança, ela aprende e reproduz, e se ensinarmos valores éticos, esses valores não mudarão! Por isso, seja um verdadeiro professor a seu filho e permitindo que ele tenha um verdadeiro professor na escola. Assim, nosso país terá de fato o que diz em nossa bandeira: Ordem e Progresso!
* Advogado, especialista em direito processual civil e gestão estratégica de empresas. Sócio do escritório Giovani Duarte Oliveira Advogados Associados.