Há situações em que não é tão fácil compreender as opções e prioridades da população – quando se coloca no posto mais significativo do planeta um indivíduo que mais parece uma personagem caricato de um Hitler bufão que um político sério e prudente (virtudes além de devidas a função tão preponderante…).
Não obstante, em outras ocasiões, a tal “vontade popular” é objetiva e lógica. Ao longo desta semana, o jornal O Progresso promoveu enquete abordando as necessidades mais urgentes do município, as quais intimam as respostas mais incisivas da nova administração.
Entre as ações, estiveram a reconstrução das pontes despencadas, o apoio à Santa Casa – paralisada por conta de greve -, recuperação das vias públicas, limpeza da cidade e investimentos na Saúde.
Praticamente empatadas, as necessidades de retomada normal dos serviços da Santa Casa e a reconstrução das pontes despontaram na pesquisa – claro, de maneira não surpreendente.
O hospital é o único da cidade a atender pelo SUS – gratuitamente, portanto -, ao passo paralelo em que Tatuí está ficando “ilhada”, quase literalmente…
Em que pesem os motivos dos transtornos – falta de dinheiro em ambos os casos e, ainda, ausência de manutenção e chuvas alucinantes a intensificar a pulverização das passagens -, a população tem razão em identificá-los como prioridades.
Ciente disso, a administração municipal, também ao longo da semana, interveio com recursos derivados da Câmara, buscando direcioná-los à Santa Casa. Da mesma forma, anunciou iniciativas para garantir os recursos para recompor as pontes.
Daqui a um tempo, portanto, esses problemas devem estar resolvidos. Por outro lado, entre as demais questões, uma delas identifica a “precisão” de um trabalho constante, delicado e vital: o cuidado com a Saúde (“já” prioridade para um quinto dos votantes).
Por esse motivo, causa boa expectativa o fato de a Secretaria Municipal de Saúde ter iniciado, nesta semana, a revisão dos pedidos de atendimentos em espera na Central de Vagas.
A O Progresso, o titular da pasta, Fernando Jerônimo Dias Simão, disse que a equipe de trabalho está buscando a redução do tempo de espera para cirurgias eletivas e exames. Ele ainda informou que a Prefeitura quer normalizar a entrega de medicamentos para a população.
O secretário declarou ter começado um levantamento no dia 2, quando percorreu, com a prefeita Maria José Vieira de Camargo, as unidades básicas de saúde. O objetivo era verificar “in loco” o funcionamento dos postos e apurar as demandas dos funcionários e pacientes.
“Isso tudo vai gerar um diagnóstico. Estamos fazendo os estudos que vão nos auxiliar num trabalho de melhoria do atendimento à população”, contou.
As visitas devem continuar durante o mês, nos postos de saúde da zona urbana e rural, e resultar em um plano de trabalho visando ao aperfeiçoamento dos serviços e buscando agilidade no atendimento e redução de custos.
O secretário justificou que, com os dados, a Prefeitura terá mais condições de atender às necessidades, uma vez que as realidades variam conforme os bairros e seus residentes.
Com o diagnóstico, o Executivo poderia atender com mais precisão os pedidos acumulados na Central de Vagas. “A ideia é atender as prioridades, inicialmente”, prenunciou o secretário.
Preliminarmente, Jerônimo apontou que o agendamento de exames está entre as preocupações mais constantes da população.
Os exames clínicos solicitados pelos médicos da rede municipal devem ser agendados pela secretaria. Como o Executivo não tem condições de realizá-los, os procedimentos precisam ser terceirizados, mas estão em atraso por falta de pagamento.
De acordo com Jerônimo, a equipe de trabalho também verificou que alguns dos pedidos estão “parados” na secretaria. “Estamos tentando fazer o resgate destes agendamentos para que as pessoas possam ser atendidas o mais rápido possível, lembrando que temos uma demanda muito alta”.
Em função do número de solicitações – que não pôde ser calculada inicialmente pelo secretário –, a pasta deve rever os pedidos um por um. Para isso, Jerônimo afirmou que contará com a ajuda de médicos da Central de Regulação de Vagas.
“Vamos chamar os pacientes para que realizem os procedimentos de acordo com a prioridade dos casos”, argumentou. Prioritariamente, a secretaria deve levar em consideração a “situação de risco”.
Isso significa que os pacientes em estado mais grave serão atendidos antes. Os demais poderão ter de esperar “um pouco mais”. Segundo ele, a medida segue protocolo do Ministério da Saúde.
Entretanto, para normalizar os atendimentos, o secretário afirmou que o Executivo terá outra tarefa pela frente. Mesmo tendo investido 34% do Orçamento municipal em 2016 (19% além do mínimo exigido por lei), Jerônimo disse que a Prefeitura não conseguiu dar conta do número de pedidos.
“A dificuldade maior da Prefeitura está sendo na compra de medicamentos e materiais hospitalares, por conta da falta de crédito”, declarou. O secretário citou que a Prefeitura não tem quitado compromisso com fornecedores, o que dificulta o funcionamento das unidades de saúde e atrasa os atendimentos.
Para ele, o desafio da gestão é “retomar os serviços”, uma vez que “a Prefeitura está sem crédito na praça”. “Estamos correndo para resgatar a credibilidade do Executivo perante os fornecedores para não parar”, declarou.
Em paralelo, a secretaria busca a normalização da entrega de medicamentos. De acordo com Jerônimo, os governos estadual e federal já começaram a normalizar a entrega de remédios do programa de “alto custo”. Em 2016, Tatuí teve atraso no envio de mais de 40 medicamentos.
Como é possível facilmente examinar e diagnosticar, Tatuí sofre de enfermidades que exigem remédios urgentes e outras, quase crônicas, que requerem atenção constante e cujo combate costuma alcançar maior sucesso se buscado a partir da receita que prescreve um velho e certeiro tratamento: “melhor prevenir que remediar”.