As queimaduras, quando ocorrem, atuam sobre o nosso órgão de revestimento – a pele –, destruindo-a total ou parcialmente.
Poucas pessoas sabem, mas a pele é um órgão vital. É o maior órgão do corpo humano, possuindo variadas funções, tais como: proteção, excreção e regulação da perda de água por evaporação.
Uma pessoa com 1,70 de altura e 70 quilos terá aproximadamente 1,85 m² de pele.
Ao exame microscópico, 1 cm³ de pele contém: 5.000.000 de células, 6.000 corpúsculos sensitivos, 100 glândulas sudoríparas, 15 glândulas sebáceas, 5 folículos pilosos, 4 metros de nervos e 1 de vasos.
Alem disso, a pele contém em seu interior 30% do sangue circulante no organismo e 9% de toda a água e eletrólitos. Por estas razoes, podemos compreender que a destruição total ou subtotal deste órgão chamado PELE é incompatível com a vida.
A PELE é o limite do corpo humano, sendo o primeiro órgão a sofrer com os traumas.
Quando a pele é destruída em toda a sua espessura, como acontece nas chamadas queimaduras de 3º grau, não existe capacidade de recuperação, e teremos que reparar esta área queimada com enxertos de pele retirados da mesma pessoa, de uma área não queimada ou já recuperada das queimaduras superficiais.
“Fechamos”, assim, as “feridas”; porém, não conseguimos restabelecer a estética da área afetada. Teremos, então, sequelas que desagradam aos olhos e ao toque. Estas sequelas acarretam problemas psicológicos e sociais ao nosso paciente.
Quando necessários os enxertos de pele na face, o paciente queimado, ao olhar-se no espelho, não encontra a imagem que costumava ver antes da queimadura grave de 3º grau. Quando no corpo, estas sequelas podem ser cobertas com as roupas.
Todos gostamos de ver e tocar uma pele bonita e saudável. Quando nos interessamos por alguém, é através das mãos e das carícias que fazemos pelo toque com a pele que nos relacionamos.
A área queimada reparada com enxerto é diferente tanto no visual quanto no toque em relação à pela íntegra. Para exemplificarmos, sempre conto o caso de uma menina de quatro anos que tratei de queimadura grave (3º grau) que acometeu seus membros inferiores (coxas e pernas). Através de enxertia de pele, consegui reparar e “fechar” as áreas cruentas causadas pela queimadura.
No dia da alta hospitalar, ela andava e corria pelos corredores, como qualquer criança; porém, apesar de não possuir sequelas funcionais, o aspecto das áreas enxertadas era desagradável para quem olhava e tocava suas pernas.
Hoje, esta criança é uma moça, e tenho certeza que deve encontrar dificuldades em expor suas pernas com saias, bermudas ou trajes de banho e, também, em relacionar-se por quem se apaixone.
Quando internado em um centro de tratamento de queimados, o paciente está em um ambiente onde existem casos mais e menos graves que o dele. No entanto, é no momento da alta, quando volta para casa, que tanto o paciente quanto sua família devem estar preparados, principalmente nos casos de queimaduras graves de face e couro cabeludo.
Apesar de sua fisionomia externa estar diferente e pouco agradável para quem olha, internamente é a mesma pessoa de antes do trauma, tendo as mesmas necessidades; de dar e receber carinho, abraços, beijos e ter intimidades como qualquer ser humano.
Após alta hospitalar, o paciente é encaminhado para ambulatório especializado para possíveis correções de sequelas funcionais. Exemplificando: caso o paciente não consiga elevar o braço devido a um processo cicatricial na axila, conseguimos, através de cirurgia reparadora, resolver esta função. Porém, a parte estética, apesar de todo arsenal terapêutico de que dispomos, fica sempre a desejar. Raramente se vê na rua uma pessoa com sequelas de queimaduras na face.
Desta forma, é de suma importância que, no centro de tratamento de queimados, além de cirurgiões e enfermagem especializada, tenhamos também uma equipe multidisciplinar composta de fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, psiquiatras e assistente social.
Esta equipe vai cuidar do paciente internado e prepará-lo, bem como sua família, para seu retorno ao lar.
Infelizmente, queimaduras acontecem sempre, e as unidades de tratamento de queimados encontram-se quase sempre lotadas. E os motivos das queimaduras quase sempre são os mesmos.
Assim, a fim de diminuir esta incidência, é necessário sempre orientar as famílias e trabalhadores com um trabalho de PREVENÇÃO. Este é o melhor tratamento para queimaduras: não permitir que ela ocorra.
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