Prevenção a chuvas em Tatuí ocasiona novo plano de ação

Pacote prevê bacias de contenção, desassoreamento do ribeirão do Manduca e recuperação de pontes afetadas

(foto: AI Prefeitura)
Da reportagem

Na noite de quinta-feira, 9, no Centro Cultural, o prefeito Miguel Lopes Cardoso Júnior e seu secretariado, além de técnicos do Executivo, apresentaram um plano de recuperação dos estragos causados pelas chuvas em Tatuí ocorridas no dia 28 de janeiro, causando prejuízo estimado até aqui de R$ 50 milhões. Foi mostrado, ainda, o novo plano de prevenção a tempestades no município.

Prefeito reúne secretariado e técnicos para explicar novo plano (foto: AI Prefeitura)

As principais medidas são a construção de diversas bacias de contenção de água e o desassoreamento total do ribeirão do Manduca, além de obras de drenagem, mobilidade urbana e recuperação do pavimento asfáltico em várias ruas e avenidas.

É urgente, ainda, na avaliação dos técnicos, a recuperação de pontes que sofreram avarias por conta do temporal.

“Vamos apresentar à Câmara um projeto pedindo autorização para um financiamento com dois anos de carência, praticamente sem juros, para que consigamos realizar estas ações a curto, médio e longo prazo, pois há obras bastante complexas”, argumentou o prefeito.

Panorama

Na apresentação ao público, inicialmente, foi exibido um vídeo com os estragos gerados pelo temporal na cidade. Em seguida, o engenheiro Leo Spada apresentou os principais danos aferidos.

Entre eles, as pontes danificadas no Jardim Lírio, da Caridade Três, na vila Esperança, da Apae e Caiçara, na zona rural.

“Se não fossem as obras de preparação para as chuvas que vínhamos fazendo, teríamos perdido três ou quatro destas pontes”, apontou o engenheiro.

Ele justificou o fato com a excepcionalidade do fenômeno climático, o maior em 60 anos. No dia 28, choveram 90 milímetros em uma hora e meia, o que sobrecarregou o ribeirão do Manduca – em vários pontos de sua extensão, o curso d’água saiu da calha e invadiu o rolamento, destruindo taludes.

Depois do temporal, as margens do Manduca atingiram um ponto crítico em 1,2 quilômetro.

Outros estragos, que precisarão de medidas urgentes para saneamento, atingem a base do Samu, que foi praticamente destruída, assim como a sede da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social.

“Ambas serão reconstruídas em outro local, próximo ao Corpo de Bombeiros e ao novo Centro de Reabilitação, e terão uma bacia de captação de água junto a uma área de lazer”, adiantou Lopes Júnior.

As bacias de captação de água têm a função de retardar a vazão imediata ao ribeirão do Manduca, que recebe cerca de 60% do escoamento de águas fluviais da cidade, de acordo com o engenheiro Diego Brando.

Ao longo do ribeirão, inclusive, serão construídas diversas bacias, formando, no conjunto, um parque linear que, de acordo com o prefeito, já está incluído no pedido de financiamento encaminhado ao Legislativo. “Começamos a abrir a área já, com empresa contratada para fazer o estudo do solo”, contou Cardoso Júnior.

O muro de arrimo que caiu no Residencial Alvorada também será alvo de ação da municipalidade. “Nós estávamos com obra lá, só não deu tempo de terminar, pois a chuva chegou primeiro. Mas, onde mexemos, não houve problema algum. Evitou-se ali, inclusive, uma tragédia, já que é bem perto de casas”, disse na manhã de sexta-feira, 10, o prefeito, durante repasse de verbas para entidades sociais, na prefeitura.

Outros desafios da administração municipal são a pavimentação asfáltica e a drenagem. Muitas lajotas se desprenderam e tubulações, como as próximas ao Mercado Municipal “Nilzo Vanni”, cederam.

Ações preventivas

Como as previsões meteorológicas apontavam para um verão chuvoso, a prefeitura vinha se preparando com ações preventivas. Uma delas é a legislação que obriga todo empreendimento a construir um reservatório de retardo de água para o caso de chuvas, uma espécie de cisterna.

Além dessa, outras medidas vinham sendo tomadas, segundo o engenheiro Leo Spada, como a limpeza constante do Manduca, o reforço do dique do lago Bela Vista, o monitoramento de pontes e a limpeza de bacias.

Ele citou ainda: o início da construção do novo muro de arrimo do Residencial Alvorada e a construção da bacia de contenção do Santa Rita, que evitou cheias na avenida Teófilo de Andrade Gama, duramente afetada nas chuvas do início do ano passado.

Enquanto não há financiamento para dar início às obras, ações emergenciais estão sendo realizadas, de acordo com o prefeito. É o caso do uso de uma máquina do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) – a segunda chega nesta semana – para recuperar as margens do ribeirão do Manduca. “Vamos desassoreá-lo inteiro”, antecipou o prefeito.

Obras emergenciais que liberaram o trânsito para veículos leves nas pontes do Lírio e da vila Esperança também foram realizadas, mas há temor com a estrutura das pontes.

Mobilidade urbana

Na parte dedicada ao plano de mobilidade urbana, foi citada a tabela de contrapartidas estabelecida pela prefeitura para empreendimentos na cidade.

“Tudo se reverte em obras. Desde que assumi o cargo, foram R$ 32,5 milhões”, sustentou Cardoso Júnior. “Além disso, fizemos os empreendedores conversarem, auxiliamos na solução de demandas”, completou.

Na apresentação do secretário da Segurança Pública e Mobilidade Urbana, Miguel Ângelo de Campos, foram citados diversos projetos, alguns já de conhecimento público e outros, novidades.

São eles: a duplicação da SP-141; uma nova avenida no empreendimento Girassol; uma outra nova avenida lateral a uma grande empresa, ligando a vila São Cristovão, a vila Angélica e o Residencial Astória; e o novo viaduto do fórum, na SP-127.

Campos Júnior ainda citou a interligação, por meio de uma avenida de grande fluxo, entre o final da rua Vicente Cardoso, próxima ao Lar Donato Flores, e o Jardim Santa Rita de Cássia, passando por um novo empreendimento imobiliário. Essa via passaria sobre o rio Tatuí e sob a linha férrea.

Outra obra apontada pelo comandante da pasta de Mobilidade é o acesso ao empreendimento Vida Nova, no Pacaembu.

“Há, ainda, o novo trevo da SP-127, na altura do quilômetro 110, proporcionando uma nova entrada para a cidade. Um investimento de R$ 48 milhões do governo estadual, por meio da concessionária que administra a rodovia”, disse, sobre o plano que repousa há anos na mesa de governadores paulistas.

Ele ainda abordou a duplicação do anel viário e uma ponte rodoviária de acesso ao Jardim Lírio, numa outra nova entrada da cidade.

Cardoso Júnior elogiou, ainda, o trabalho da Defesa Civil, da equipe de engenheiros que vem trabalhando no novo plano de prevenção a chuvas e na recuperação dos estragos causados pelo temporal, além das equipes de voluntários coordenados pela primeira-dama Regiane de Oliveira Rosa Cardoso, que arrecadaram mais de três toneladas de alimentos em menos de 24 horas na campanha S.O.S. Famílias de Tatuí, do Fusstat (Fundo Social de Solidariedade de Tatuí).

“Ou nos sentávamos e ficávamos em choque ou enfrentávamos a situação. Escolhemos enfrentar”, declarou o prefeito ao jornal O Progresso de Tatuí.

Cardoso Júnior encerrou afirmando pretender levar a apresentação a toda a comunidade tatuiana, conforme acentuou, “para dar transparência e conhecimento dos planos de Tatuí para evitar novos estragos de monta em um novo temporal”.