Da reportagem
Pelo terceiro ano consecutivo, o artista plástico, cenógrafo e professor Jaime Pinheiro usou a criatividade e materiais recicláveis para reproduzir o nascimento do menino Jesus na criação de mais um presépio de Natal no Conservatório de Tatuí.
A obra foi finalizada no domingo, 6, e está exposta, desde então, no jardim da escola de música e teatro. Após intervalo de mais de uma década sem a montagem, a iniciativa foi retomada por Pinheiro em 2018, a convite da direção.
O cenógrafo destaca que alguns elementos das peças usadas no ano passado foram adaptados para a criação do presépio deste ano. “Eu poderia só remontar e reformar as peças já usadas, mas a ideia é trazer uma mensagem e uma reflexão diferente a cada ano”, mencionou.
Um dos objetivos da iniciativa, de acordo com ele, é despertar nas pessoas a reflexão sobre o consumismo no período festivo. Pinheiro ainda assegura que a obra tem a intenção de reforçar o “real significado do Natal”.
“Acho que é o básico hoje: cada vez mais o Natal está associado ao comércio e a festas, não sobre uma reflexão pela própria data”, enfatiza o cenógrafo.
Segundo o autor, a inspiração para as criações vem dos ensinamentos que recebeu da mãe dele, quando criança. Ele conta que a “paixão” por presépios surgiu nessa época, montando peças para a representação do nascimento.
“Minha mãe fazia todos os anos e, como a gente não tinha dinheiro para comprar as peças prontas, ela permitia que fizéssemos os bichinhos e os colocássemos ao lado da manjedoura. Usávamos argila e barro que vinha na carroça do leiteiro, e nos divertíamos muito. Tinha um significado muito grande para mim”, lembra.
Pinheiro antecipa que, neste ano, a decoração temática foi pensada para chamar ainda mais atenção ao protagonista do cenário natalino. Com materiais simples, ele ainda faz referência à situação da família de Jesus e uma ligação com a vulnerabilidade de algumas famílias brasileiras.
“A família de Jesus não foi abrigada em pensões, eles tiveram que se abrigar em uma manjedoura, em um curral, dentro de um estábulo. Então, também estavam em situação de rua, e essa é a reflexão”, enfatiza o cenógrafo.
O material utilizado na montagem do presépio pode ser facilmente degradado por modificações climáticas. Contudo, ele revela que, se algo acontecer e as peças acabarem sendo destruídas, ainda estarão dentro do propósito da iniciativa artística.
Lona velha, bambu, restos de madeira de paletes, retalhos de estopa e criatividade foram as matérias-primas principais usadas pelo artista plástico.