Prefeitura objetiva nova meta ambiental

Projetos de reuso do lixo e energia fotovoltaica são sementes e já estão em andamento

“Maria Tuca” será primeiro prédio público a gerar a própria energia (foto: arquivo/O Progresso)
Da reportagem

A preservação do meio ambiente, por meio de práticas sustentáveis, é a mais nova meta do município, informou o prefeito Miguel Lopes Cardoso Júnior.

O chefe do Executivo declarou na manhã de terça-feira, 17, estar empenhado em mudar a maneira com que a administração trabalha com os resíduos sólidos e o consumo de energia. Para isso, está “plantando duas sementes”.

A primeira, diz respeito ao reuso do lixo descartado no município, dos resíduos de construção civil e do consumo doméstico, a partir de modelos de reciclagem que estão sendo avaliados; a segunda, a implantação, de maneira gradativa, de equipamentos de captação de energia solar em substituição ao modelo atual.

A prefeitura consome atualmente eletricidade fornecida pela Elektro, concessionária responsável pela distribuição de energia.

Segundo o prefeito, as propostas “seguem tendência mundial”, sendo aplicadas em países de primeiro mundo, e estão em fase embrionária.

Cardoso Júnior explicou que a prefeitura tem trabalhado nas novidades há um tempo, com a ajuda de, pelo menos, três secretarias. Estão envolvidas em conversas e visitas a experiências as pastas da Agricultura e Meio Ambiente, Obras e Infraestrutura e Serviços Públicos e Zeladoria.

Na etapa atual, o prefeito determinou aos secretários a realização de estudos. A intenção é verificar a viabilidade e os custos dos projetos. “Isso não quer dizer que vamos conseguir contratar empresas para esses projetos”, destacou.

Conforme ele, os representantes das pastas têm participado de reuniões para tentar viabilizar as duas propostas. A ideia é implantar, em Tatuí, uma usina de reciclagem de lixo.

Cardoso Júnior enfatizou que o plano não está ligado ao antigo projeto de instalação de miniusina de entulho, anunciada para o Jardim Gramado.

“Nós ainda não temos algo concreto. O que estamos resolvendo é o que podemos fazer com o volume de lixo recebido. Estamos analisando, entre as empresas, qual será a melhor medida, para tomarmos uma decisão que vai nos permitir cuidar do material que pode ser reaproveitado de maneira mais assertiva”, explicou.

Além de reduzir o volume descartado, uma usina de reciclagem de resíduos sólidos vai gerar economia aos cofres públicos, uma vez que a prefeitura deixará de pagar pelo descarte de materiais que podem ser reutilizados. “Além disso, o resíduo reciclado pode ser uma fonte de renda”, acrescentou o prefeito.

Em paralelo à questão do lixo, Cardoso Júnior acrescentou que a administração está preocupada também com a economia de energia. Por conta disso, o Executivo está planejando a implantação de um sistema de captação de energia solar, por meio de placas e circuitos fotovoltaicos. A ideia é que os prédios públicos municipais possam gerar a própria energia consumida.

“Nosso sonho é fazer, primeiro, no Numea (Núcleo Municipal de Educação Ambiental) ‘Maria Tuca’”, contou o prefeito. De acordo com ele, para o embrião, a prefeitura pensa em utilizar recursos da Secretaria Municipal de Educação. “A ideia é plantarmos a semente, e, do núcleo, levarmos aos prédios públicos”, acrescentou.

Conforme o prefeito, os estudos apontam que o sistema alternativo de geração de energia poderia abastecer alguns dos edifícios que integram o “Maria Tuca”. Para o parque, ainda, Cardoso Júnior revelou que há um “projeto maior”.

“Queremos atrair os olhares da iniciativa privada, porque o poder público não consegue tudo. Temos um projeto bem robusto, que começa com a energia fotovoltaica e se estende para outras partes do complexo”, ressaltou, na reabertura do Numea.

Entretanto, o prefeito não divulgou os detalhes, uma vez que o projeto está em fase inicial e depende do estabelecimento de uma parceria público-privada.

A prefeitura retomou as atividades do núcleo em solenidade marcada pela presença de secretários municipais, vereadores, funcionários públicos, professores e estudantes de escolas municipais. As ações voltadas à educação ecológica haviam sido suspensas por conta da pandemia do novo coronavírus.

Em discurso, o prefeito disse que o cuidado com o meio ambiente é uma preocupação de todos. Citou que tem tratado do assunto com afinco e, direcionando a fala para as crianças, acrescentou que há um espírito de cooperação entre as secretarias.

Cardoso Júnior mencionou que a pasta do Meio Ambiente tem feito uma interlocução com as demais, no esforço de viabilizar os projetos.

Sobre a reciclagem de lixo, o prefeito disse que Tatuí estará em consonância com o que tem sido praticado em países de primeiro mundo. Afirmou que, em breve, a cidade pode implantar ações que tratam dos materiais descartáveis em vários segmentos, incluindo reciclagem para venda e reuso.

O entulho da construção civil, por exemplo, pode virar material para asfalto. Outra possibilidade é a produção de gases para uso como combustíveis.

“Em Tatuí, nós temos saído na frente”, afirmou o prefeito.

Segundo ele, uma equipe do município esteve em São Bento do Sul, no estado de Santa Catarina, para conhecer a experiência da chamada UPR (usina de produção de lixo). A iniciativa é considerada referência no país, possibilitando a transformação do lixo doméstico em diferentes tipos de materiais.

A partir do plástico, a UPR produz materiais, como tijolos, tubos e pavers (blocos de pré-moldados), que são utilizados em calçadas ou outras obras no município.

Já os secretários das Obras e Meio Ambiente, Marco Luiz Rezende e José Hélio de Oliveira Júnior, respectivamente, estiveram em Salto. Lá, conheceram as instalações da UVR (Usina de Valorização de Resíduos Sólidos Urbanos). A unidade tem capacidade para triar mais de cem toneladas por dia.

“Nós estamos lançando essa semente para as novas gerações colherem uma cidade mais limpa, que usa seu lixo como fonte de renda e cuida do meio ambiente”, concluiu.