Pacientes que aguardam por cirurgias eletivas começaram a ser atendidos pela Santa Casa de Misericórdia neste mês. O hospital retomou, no dia 16, as operações de hérnias, remoções de pedras nas vesículas e de proctologia. A informação foi confirmada a O Progresso pela prefeita Maria José Vieira de Camargo.
Segundo ela, os procedimentos voltaram a ser realizados na Santa Casa após negociações com o corpo clínico. O secretário municipal da Saúde, enfermeiro Jerônimo Fernando Dias Simão, explicou que a equipe de intervenção – a cargo da Prefeitura – buscou entendimento com os cirurgiões.
Simão relatou que a Prefeitura atuara de modo a conscientizar os profissionais a respeito das necessidades da população. Em outra frente, a equipe de intervenção buscou a regularização da situação de pagamento dos profissionais.
Os cirurgiões reclamavam de não ter recebido – por parte da ex-provedoria – os valores referentes às gratificações pela realização de cirurgias anteriores. Esses pagamentos são uma espécie de bonificação, um extra ao salário que segue em dia.
“Os médicos estão cientes da crise que a Santa Casa vem passando. Nós pedimos a união de esforços, que haja uma colaboração. Também fizemos o pagamento deles (das gratificações) relativas ao mês anterior”, disse o secretário.
De acordo com Simão, a Prefeitura também renegociou o pagamento dos demais repasses em atraso. Pelo acerto, os débitos serão pagos no “desembolso de 2018”. “O acerto com eles, com o que se deixou de fazer, nós negociamos para que se façam todas as cirurgias que não foram feitas”, adicionou.
Esse novo acordo diz respeito aos incentivos que os médicos recebem pela realização de 40 cirurgias gerais por mês. A Prefeitura, no entanto, quer aumentar o número de operações, contando com a colaboração dos profissionais.
Simão frisou que o impasse entre os médicos e a Santa Casa é uma questão que tem “se arrastado por diversas gestões”. O secretário ainda avaliou que os ex-administradores não erraram ao não pagar os médicos.
Na opinião dele, os gestores anteriores apenas utilizaram o recurso em investimentos em saúde, o que é permitido pelo TCE (Tribunal de Contas) do Estado de São Paulo.
Conforme o secretário, as administrações optaram por “atrasar um pouco o pagamento das gratificações em função das prioridades do hospital”. Entre elas, as compras de medicamentos e de materiais hospitalares, necessários aos atendimentos.
“Entendemos que isso não deveria ocorrer, mas a prioridade é manter o funcionamento do hospital, com medicamentos, alimentação e material. Não adianta ter médico e não ter material e medicamento para trabalho”, argumentou.
A Prefeitura conseguiu viabilizar, por meio de pactuação, a realização de 40 cirurgias por mês. A meta do secretário é chegar a 50, para que seja possível “puxar os atrasados”. Até o sábado, 21, 451 pessoas aguardavam na fila de espera para retirada de pedra na vesícula, 370 para hérnia e 90 para proctologia.
Todos os pacientes que estiverem com recomendação cirúrgica e aguardando para serem chamados serão, novamente, avaliados. Simão disse que um cirurgião geral faz a verificação do estado de saúde da pessoa no ambulatório da Santa Casa. Depois, agendará a internação para um dia antes da operação.