Prédio do asilo de Tatuí reconhecido como patrimônio histórico e cultural

Edificação que abriga o Lar São Vicente de Paulo é tombada por decreto

Lar São Vicente de Paulo, o asilo de Tatuí - prédio construído em 1938 (foto: AI Prefeitura de Tatuí)
Da reportagem

O prédio do Lar São Vicente de Paulo, o asilo de Tatuí, foi tombado por meio de decreto municipal e assim reconhecido como patrimônio histórico e cultural. O documento foi assinado pelo prefeito Miguel Lopes Cardoso Júnior e publicado na segunda-feira, 24.

O relatório técnico de tombamento – que inclui todo o prédio administrativo, construído em 1938, o perímetro frontal do edifício e a gruta – foi aprovado pelo Condephat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Artístico de Tatuí), por deliberação unânime, na quinta-feira da semana passada, 13.

De acordo com o presidente do Condephat, Antônio Celso Fiuza Júnior, o processo para o tombamento começou em março deste ano, a partir de uma solicitação do presidente do asilo, Carlos Eduardo Olivier Júnior.

Em seguida, por meio da resolução 8/2023, de 10 de março de 2023, foi estruturado um grupo de trabalho responsável pelo levantamento dos documentos necessários e análise do prédio histórico.

“Durante um mês este grupo fez todo o levantamento e colheu os relatos históricos com fotos antigas, atas e outros documentos, além de fotos atuais do prédio. Isso foi apresentado em reunião e aprovado”, explicou Fiuza Júnior.

De acordo com o Condephat, o processo conta com 153 páginas “com riqueza histórica de detalhes”, pesquisadas pela comissão do conselho, constando a ata de inauguração do imóvel e da gruta, fotos do piso com ladrilho hidráulico e parte do acervo do memorial do asilo.

Depois de montado o relatório e aprovado pelo Condephat, o documento foi encaminhado, por meio de ofício, ao prefeito para que ele analisasse e o Departamento Jurídico pudesse elaborar o decreto municipal de tombamento – conforme determinado pela lei municipal 2.658, de 19 de agosto de 1993, e a 5.089, de 17 de maio de 2017.

Conforme Fiuza Júnior, o decreto considera o edifício administrativo do Lar São Vicente de Paulo como de interesse cultural, histórico, arquitetônico e efetivo do município.

O tombamento abrange o perímetro frontal do prédio, jardim, portão principal, obelisco instalado na época da inauguração, a cruz de metal de 15 metros de altura instalada no jardim e iluminada com lâmpadas internas e visor de vidro, além da gruta de Nossa Senhora de Lourdes, inaugurada em 1954, e o piso de lajota instalado na década de 1960.

O presidente do Condephat explica que, com o tombamento, o imóvel e os elementos atingidos pela faixa de proteção ficam restritos a qualquer tipo de intervenção, modificação e restauração sem a autorização prévia do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Artístico de Tatuí.

De acordo com o relatório do memorial descritivo de tombamento, o Lar São Vicente de Paulo (localizado rua Professor Francisco Pereira de Almeida, 451, centro) foi construído com a doação do terreno pela “Indústria Campos Irmãos”, por meio de Juvenal de Campos, e das ações voluntárias de um grupo de pessoas comandada pela diretoria, que teve início em 1936.

Segundo o decreto, na época, faziam parte da diretoria: Almiro dos Reis, presidente; Cesário da Silva Campos, vice-presidente; Florindo Vanni, primeiro-secretário; Rafael Orsi, segundo-secretário; e Sebastião Paulino da Costa, tesoureiro.

A planta arquitetônica foi idealizada por Oscar Paula Bernardes, conforme registro em ata de inauguração. O edifício administrativo tem construção de estrutura sólida, edificada em terreno plano, e, estruturalmente, é constituído de blocos na fachada principal, distribuídos de forma simétrica.

O bloco que possui acima do pavimento térreo (porão) é servido por escadas e rampas para o acesso principal e o bloco principal apresenta colunas iônicas da fachada clássica romana, do logotipo do arco.

O piso do vestíbulo principal, à frente dos elevadores, é de ladrilhos hidráulicos e granilite. As esquadrias das fachadas de todo o conjunto são de madeira e vidro liso.

Estão protegidos, em caráter definitivo, a fachada frontal, bem como todos os elementos de composição, geometria, adorno, marquise e volumetria do edifício.

Também estão com preservação total os elementos da fachada original, como janelas, portas, molduras das portas, arco ornamental, colunas estilo romanas e balaústres.

Ainda de acordo com o levantamento do Condephat, o prédio administrativo, a sala de reunião, a recepção, a sala do acervo e os aposentos das Irmãs da Providência mantêm a preservação das características arquitetônicas externas, incluindo fachadas, volumetria e cobertura dos edifícios.

Também seguem preservadas as características internas do hall de entrada e do saguão central do edifício principal, com esquadrias internas, ladrilhos hidráulicos, forros e escadas de madeira; e as esquadrias da fachada do prédio principal da administração, principalmente as portas-balcão com varanda, portas internas, janelões e assoalhos de madeira.

As paredes da fachada são com acabamento em pintura, com massa corrida e selador. As portas internas e externas medem 2,60 metros por 1,10 metro, sendo as de duas folhas de abrir, em madeira pintada com tinta esmalte a base de água na cor branca e bandeira.

Há assoalhos de madeira em alguns ambientes. Todas as paredes internas têm acabamento em pintura e com massa corrida, selador e pintura com a tinta acrílica na cor clara. A escada de acesso aos aposentos das Irmãs é de madeira.

Os tetos são de forro de gesso acartonado e do tipo “pé solto”, pintados com duas demãos de tinta na cor branca, da linha Eucatex Gesso & Drywall. Já o piso da edificação é formado por ladrilhos mosaicos hidráulicos, mesmo modelo dos azulejos que são encontrados nas fachadas de prédios em Portugal.

“O tombamento é importante para guardar em registro para as próximas gerações este prédio histórico. No caso do Lar São Vicente, muitas pessoas passaram por ali, ajudaram a construir aquele espaço e fizeram parte daquela história. É um espaço rico de cultura e história”, concluiu o presidente do Condephat.

2 COMENTÁRIOS

  1. Esqueceram do CHICO PEREIRA. Leia Confiteor. O Homem mais Rico da minha Terra.

  2. Espero que cuidem porque as ruas do centro as pedras e asfalto saíram do lugar com as chuvas e até hoje não arrumaram de forma adequada

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