Portal de empregos exclusivo para deficientes vai ‘engrenar’ em abril





Sem sair de casa, deficientes de Tatuí poderão cadastrar currículo, participar de processo seletivo, obter recolocação no mercado de trabalho e acesso a cursos de aperfeiçoamento. Esse é o objetivo inicial do “PCD Tatuí” (www.pcdtatui.com.br), site está acessível, mas que deve “engrenar” a partir de abril.

A iniciativa é fruto de empenho pessoal do diretor do Departamento Municipal da Indústria, Marcos Bueno, e viabilizada com apoio do presidente do Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Tatuí e Região), Ronaldo José da Mota. A entidade classista encabeçou o projeto em 2014 para atender a demanda das empresas associadas que precisam respeitar a legislação.

Em julho de 1991, houve a sanção da lei 8.213 que estabelece cotas para a contratação de portadores de deficiência física. Os percentuais variam entre 2% a 5%, tendo de ser preenchidos, obrigatoriamente, a partir de cem empregados.

O site é uma continuação da iniciativa do sindicato que abriu, em dezembro do ano passado, cadastramento de PCDs. Bueno explicou que o serviço “demorou a sair” por conta da formatação. A etapa mais complicada consistiu na programação do formulário que precisa ser preenchido pelo deficiente.

“Todo esse processo é uma iniciativa particular. Eu tomei a frente porque tive apoio de Mota. Por isso, vamos trabalhar sobre a plataforma do sindicato”, disse.

A intenção é que o portal facilite a vida das empresas sindicalizadas. Desta forma, os responsáveis pelos departamentos de recursos humanos delas poderão ter acesso aos currículos, viabilizando seleções e contratações de PCD’s.

Em princípio, o portal vai funcionar atrelado ao sindicato, uma vez que é gerido e administrado por pessoas que integram a diretoria da entidade classista. Com o passar do tempo, Bueno afirmou que a meta é torná-lo independente.

“Nós queremos que, daqui um ano ou mais, ele tenha autonomia. Queremos que todo mundo que pense nesse público se dirija ao site”, comentou.

Por esse motivo, o site contém notícias, informações e cópias de legislações relacionadas às pessoas com deficiência. A partir de abril, quando haverá o lançamento oficial, Bueno disse que o foco será o cadastramento de currículos e de vagas. Essas serão alimentadas pelas empresas, com as quais o diretor da Indústria já estabeleceu contato direito para viabilizar o trabalho.

Outra proposta do portal é que ele se torne um “banco de dados de currículos”. Por meio dele, os PCDs poderão cadastrar dados pessoais e que serão acessados, somente, pelas equipes de RH das empresas sindicalizadas.

Conforme Bueno, a função inicial do PCD Tatuí é de ajudar as empresas a cumprir a legislação. Posteriormente, ele vai agregar eventos, atividades e possibilitar a viabilização de cursos de capacitação voltados para quem tem deficiência.

Para isso, o sindicato buscará parcerias com outras instituições. Entretanto, o foco do trabalho serão os PCDs do município. Bueno afirmou que não há planos, pelo menos por enquanto, de captar vagas em cidades da região ou de atender pessoas que morem perto de Tatuí em função da dificuldade de locomoção.

O site e o trabalho de encaminhamento para o mercado de trabalho não são considerados novidades. Contudo, Bueno destacou que a iniciativa é pioneira em Tatuí. “As entidades locais já têm trabalhos nesse sentido e junto a esse público. Nós só estamos querendo organizar tudo isso”, argumentou.

O projeto demorou a acontecer por conta da criação de um banco de dados. Segundo Bueno, a programação do site exigiu a montagem de questionários que precisam armazenar dados. São formulários que poderão ser preenchidos tanto por pessoas que pleiteiam emprego como para quem está oferecendo.

Uma vez cadastrado, o currículo do PCD será analisado pelas empresas com vagas disponíveis. O processo terá continuidade a partir de seleção com base em perfil, de modo a não gerar “sentimento de frustração” para os candidatos.

Bueno deve massificar a divulgação do canal no mês que vem para que ele possa gerar “melhores resultados”. Conforme ele, o cadastro aberto pelo Sindmetal não obteve muita adesão. “Por isso, nós estamos projetando que o site seja independente e que ele, depois, se torne referência no assunto”, comentou.

Os planos de massificar a divulgação incluem uma união com a Prefeitura. Nesse caso, o cadastramento envolveria a Secretaria Municipal da Indústria, Desenvolvimento Econômico e Social. “Nós queremos que isso seja disponibilizado também no site do Executivo e vamos precisar dessa parceria”, disse.

A ampliação das atribuições do portal virão na sequência, com convites de adesão que serão feitos para indústrias dos mais variados setores e da área de prestação de serviços. Os futuros parceiros também terão espaço no site e receberão informações sobre como proceder para a contratação de PCD.

Todas as possibilidades serão apresentadas para a Prefeitura e as indústrias ligadas ao sindicato em reunião a ser agendada para a primeira quinzena de abril. Bueno explicou que os convidados são representantes que já participaram de fórum de inclusão realizado em Tatuí e de uma ação de capacitação.

A proposta é que todos os envolvidos sejam administradores do portal e, por conta disso, passem a alimentá-lo com vagas. Em um ano e meio, o diretor municipal da Indústria projeta que o site possa ter “mapeado” todos os dados relacionados às pessoas com deficiência, como sexo, idade e escolaridade.

“Isso pode ser até um trabalho para as famílias dos PCDs. Qualquer pessoa poderá cadastrar um familiar para participar desse sistema que estamos criando”, falou.

Por não ser um trabalho que gere apenas um resultado, Bueno explicou que o cadastro poderá ser feito a qualquer momento. Aliás, o diretor da Indústria afirmou que a projeção é de que ele seja “alimentado” constantemente com currículos, para que as empresas possam preencher os cargos abertos.

Ele também disse que não há limite de idade para o cadastro. No caso de concorrer a um emprego, o fator determinante será a idade – a partir dos 18 anos. Contudo, os perfis dependerão das atribuições previstas em legislação.

“A lei que cuida dos PCDs ela é diferente. Há uma regra a ser seguida, que é a escolaridade. Se eu não me engano, a pessoa tem que ter o 6º ano”, comentou.

A contratação também dependerá da restrição que o PCD tenha, fator que será levado em consideração pelas empresas para o início do processo de entrevista. Esse critério também poderá ser usado para abertura de futuras oportunidades.

“É um mercado complexo de se trabalhar, mas alguém tem que começar isso”, disse Bueno. De acordo com ele, todos os perfis serão aceitos em cadastro para servirem de critério para avaliação de abertura de vagas ou de capacitação.

A inclusão das vagas deve acontecer após o lançamento do site, previsto para 20 dias. O diretor da Indústria disse que preferiu não realizar esse trabalho porque quer estimular o engajamento das empresas na busca por mão de obra.

Quem não tem acesso à internet em casa e não tem como realizar o cadastro online pode optar por entregar um currículo impresso na sede do Sindmetal. A entidade classista funciona na Avenida Cônego João Clímaco de Camargo, 370, no centro.

Para o mês que vem, a meta do diretor da Indústria é estimular os PCDs a cadastrarem currículos. Em seguida, Bueno reforçou que quer tornar o site uma ferramenta de referência para quem tem deficiência e está em busca de oportunidades.

O modelo de geração de emprego de Tatuí é considerado inovador e surgiu de trocas de experiências da Prefeitura com o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), de Sorocaba, e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Ele deverá contar com apoio das duas instituições, sendo que uma delas mantém uma iniciativa semelhante, o site “PCD Brasil”.