Por toda parte, pulsa nossa história

Aqui, Ali, Acolá

José Ortiz de Camargo Neto *

Caros amigos:

Parado ontem na avenida Faria Lima, esta ampla e bela via da capital paulista, notei um desfile da história diante de meus olhos, que me remeteu a Tatuí.

Capítulo por capítulo, ali estava ela, narrada (pasmem!) nos itinerários dos coletivos que passavam por mim!

O primeiro que passou anunciava: “Santa Cruz”. O seguinte: “Praça da Sé”. Um terceiro: “Santo Amaro”. Mais do que um destino, registravam as marcas de um passado de cristianismo, trazido a duras penas pelos missionários portugueses.

Os itinerários contavam também a história dos indígenas: “Anhangabaú”, “Jardim Peri Peri”, nome que significa “água corrente” em tupi.

Mentalmente, viajei à história de Tatuí. Seu próprio e delicioso nome deriva de vocábulo indígena (rio dos Tatus). E, como na capital, temos o “bairro da Santa Cruz”. E, na praça principal, a Basílica de Nossa Senhora da Conceição (padroeira de Portugal e do Brasil) sem contar São João do Benfica – e por aí afora.

O fenômeno se repete em toda nação. Que o diga Aparecida, o maior santuário mariano do mundo e o segundo maior templo católico do planeta.

Indo para o norte, reluz a admirável festa Círio de Nazaré, em Belém do Pará (olhe o nome da capital do estado: Belém, cidade onde Cristo nasceu). É considerada uma das maiores festas religiosas do mundo e declarada patrimônio cultural da Humanidade pela Unesco.

E as festas de São João… de São Pedro… de São Roque as quais celebram-se pelo Brasil afora – aliás São Roque é nome de uma cidade paulista. Assim como São Bernardo, Santo André, São Caetano e São Paulo. E o rio da Unidade Nacional, o São Francisco….

Não é sem motivo que o Brasil é considerado o maior país católico do mundo, com 165 milhões de pessoas que professam esta fé, trazida pelos jesuítas e franciscanos, à custa das próprias vidas.

Se somarmos a esta multidão outras denominações, temos aqui, sem dúvida alguma, o povo mais cristão e interessado na espiritualidade em todo o planeta.

Num mundo mergulhado em guerras e conflitos, que se materializa e empobrece espiritualmente, não somos os mais ricos, materialmente, mas somos os mais espiritualizados. Um povo predominantemente alegre, pacífico e de muita fé.

Que, apesar de seus crimes e erros, ainda brilha nas suas virtudes e acertos.

Para mim, é isso que conta!

Até breve.

O meu coletivo: Vila Andrade.

* Jornalista e escritor tatuiano