Por que doenças pré-existentes são perigosas?

(foto: Kaboom Pics/Pexels)
Rita Nogueira / Da assessoria da SBCM

No contexto da Covid-19, comorbidades como diabetes, obesidade, hipertensão, tuberculose, entre outros, aumentam o risco de agravamento do quadro do paciente.

Para aqueles que não tratavam as enfermidades previamente, a evolução da doença causada pelo novo coronavírus pode ser ainda pior. Muitos desses casos poderiam não ter uma evolução tão grave se a pessoa fizesse o tratamento adequado da doença pré-existente.

Segundo o diretor da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, cardiologista e clínico geral, Dr. Abrão Cury, o grupo de maior risco é o das pessoas com problemas cardíacos, seguido pelos diabéticos.

“As pessoas que têm problemas no sistema respiratório aparecem em terceiro lugar. Até 50% das pessoas diagnosticadas com a Covid-19 na China tinham comorbidades, o que eleva o risco da doença e, em alguns casos, torna necessária a internação. Os idosos são o principal grupo de risco, com taxa de letalidade após o contágio de até 14%, em comparação com os 3% da média geral”, esclarece Cury.

No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, o perfil das vítimas inclui pessoas com idades entre 30 e 90 anos e com doenças como, em ordem decrescente, cardiopatia, diabetes, pneumopatia, doença renal crônica e imunodepressão.

“As mulheres não só morrem menos no Brasil por causa do novo coronavírus, o que confirma uma tendência global, como, também, contraem menos a Covid-19. Entre os infectados, 42% são mulheres e 58% são homens”, explica o diretor.

De acordo com o Ministério da Saúde, as taxas de letalidade para pacientes com comorbidades em face da infecção pelo novo coronavírus são: câncer (5,6%), hipertensão (6%), doença respiratória crônica (6,3%), diabetes (7,3%) e doença cardiovascular (10,5%).

“São comuns os casos de pacientes com doenças pré-existentes como diabetes, hipertensão e tuberculose que desconhecem tais comorbidades até serem internados com Covid-19. Outra preocupação também é com aqueles que sabem da enfermidade, mas não fazem o tratamento adequado”, alerta Cury.

A Covid-19 se tornou um novo momento para muitos pacientes descobrirem questões ocultas sobre a própria saúde, principalmente aqueles que não se cuidavam ou faziam check-up de rotina.

“Paciente com uma doença pré-existente que está controlada, por meio de tratamento, pode apresentar uma resposta melhor à Covid-19. Em casos de pessoas que não têm a comorbidade controlada, muitas vezes precisamos aliar o tratamento contra o coronavírus com medicamentos para a doença pré-existente. E neste caso, a atenção precisa ser ainda maior”, ressalta

Doenças pré-existentes:

“Infelizmente, temos notado muitos pacientes com a Covid-19 que têm um IMC (índice de massa corporal) que se enquadra na obesidade, mas não percebiam. Isso é preocupante. Estamos identificando muitas doenças, até então desconhecidas pelos pacientes, nas internações, como hipertensão e diabetes. São mazelas motivadas por hábitos ruins ou questões genéticas. Elas fazem com que o paciente esteja no grupo de riscos do coronavírus”, diz.

Obesidade, hipertensão e diabetes são as comorbidades desconhecidas, ou sem tratamento adequado, mais comuns entre pacientes com quadro grave de Covid-19.

Elas também são as doenças crônicas mais comuns entre os brasileiros em geral, segundo o Ministério da Saúde. Outras enfermidades como tuberculose, doença pulmonar obstrutiva crônica e problemas cardíacos também podem estar entre as mazelas desconhecidas por pacientes infectados pelo coronavírus, que são internados em estado grave.

As doenças pré-existentes costumam ser descobertas em meio aos diversos exames feitos em pacientes internados com a Covid-19. Para Cury, um dos principais motivos para que essas comorbidades não tenham sido descobertas previamente em diversos casos é porque são silenciosas.

“Desta forma, como muitos deixam de fazer exames preventivos, acabam descobrindo a mazela apenas quando sentem alguma dificuldade”, alerta.