População é contrária ao vandalismo





Poucos minutos de conversa são suficientes para revelar que os habitantes não aceitam os atos de vandalismo contra o patrimônio público da cidade.

É o caso da moradora do bairro Santa Rita, a dona de casa Léia Oliveira, 30.

Embora confidencie não ter notado as recentes pichações feitas no coreto e nas pilastras laterais da Praça da Matriz, Léia diz que a pichação é um ato inaceitável.

Frequentadora do lugar, onde leva para brincar uma vez por semana o filho, Rafael Oliveira, de dois anos e oito meses, a dona de casa diz que pichar os lugares públicos é destruir o patrimônio. “É absurdo. Enquanto uns trabalham para reparar, outros fazem tudo para destruir”, afirma Léia.

Na opinião dela, a pichação de patrimônio público deveria ser punida com a prisão do pichador, por se tratar de crime previsto em lei. “Isso é coisa da molecada, da juventude. Acho, porém, que qualquer pessoa com mais de oito anos que for pega em flagrante pichando, deveria ser presa. Não importa se é ou não menor de idade”, acrescenta. “Até porque, se a punição for só suspender o fornecimento da cesta básica, como vem acontecendo, não resolverá em nada a questão.”

A exemplo de Léia, o estudante do Conservatório, o mineiro Rodrigo Contrim Pereira, 18, também encara a pichação do patrimônio público como crime, que deve ser punido.

“Por isso, o infrator deveria ser preso e ficar retido pelo menos por algumas horas. Essa punição poderia inibir um pouco a iniciativa”, argumenta o jovem, natural de São Sebastião do Paraíso (MG).

Recém-chegado a Tatuí, Pereira acredita, porém, que a solução do problema está na criação de um espaço onde as pichações e os grafites possam ser feitos livremente.

“O grafite é uma forma de expressão. Penso que, se a secretaria e as instituições municipais ligadas à área da cultura criassem um lugar exclusivamente destinado a essas formas de expressão, a situação se resolveria.”

Vindo de Avaré (SP), o colega de Pereira no Conservatório, Fabiano Amâncio da Silva, 27, é outro que defende a criação de espaço destinado aos grafites e às pichações.

Ele lembra, contudo, que os diferentes tipos de pichações espalhados pela cidade funcionam para demarcar o território das “tribos” que as realizam. “A prisão para esse pessoal nada significa”, opina.

“Geralmente são os jovens que fazem pichações. Como na maioria das vezes, eles são menores de idade, sabem que serão rapidamente soltos, caso sejam presos.”

Silva acrescenta que os pichadores não têm a percepção de que estão destruindo um patrimônio público, cuja conta da restauração, pintura, limpeza ou reforma é paga pelos cidadãos, incluindo eles próprios.

“Penso que este tipo de crime tem de ser punido com a prestação de trabalhos comunitários. O pichador deveria ser legalmente obrigado a pintar, lavar ou restaurar o local que ele mesmo destruiu”, defende.