A Polícia Militar Ambiental de Tatuí vistoriou nesta semana o local do incêndio ocorrido na fazenda Paiol, dia 19 de outubro, um domingo, às 14h30. A área, localizada próxima à rodovia Gladys Bernardes Minhoto (SP-129), nos limites entre os municípios de Tatuí e Quadra, está invadida por um movimento sem-terra.
A visita aconteceu porque a Polícia Ambiental do município foi notificada pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) cerca de três dias após o incêndio.
O Instituto monitora, por meio de satélite, as queimadas que ocorrem em todo o território nacional, e notifica, quando necessário, as autoridades locais a promoverem investigações.
O objetivo desse tipo de averiguação é constatar se houve danos ao meio ambiente, como morte de animais e destruição de mata nativa.
No caso do incêndio na fazenda Paiol, as chamas atingiram cerca de 25 mil metros quadrados, de acordo com projeções do Corpo de Bombeiros de Itapetininga, responsável pelo atendimento da ocorrência.
Conforme apurou a reportagem de O Progresso junto a oficiais da Polícia Militar Ambiental, na visita, os técnicos constataram o dano que as chamas causaram, queimando, por exemplo, diversas árvores.
Outro objetivo da vistoria é averiguar se há “nexo casual” em relação ao incidente, ou seja, se o autor da ação teria se beneficiado ao promovê-la para estabelecer alguma sanção ao responsável.
Neste caso, os investigadores da Polícia Ambiental concluíram que a queimada não poderia ter começado sem “ação direta do homem”, tanto que a hipótese de incêndio criminoso não está descartada.
No entanto, os técnicos do departamento não apontaram à reportagem algum responsável pela ação. O documento com a conclusão da vistoria, feito pelo setor, deve ser encaminhado à Polícia Civil local, que também deverá abrir investigação para apurar o caso.
Uma primeira investigação já está em curso no município de Quadra. Ocorre que o primeiro boletim de ocorrência, registrado às 15h41 do mesmo dia do incidente, na delegacia de Tatuí, foi enviado para a Polícia Civil do município vizinho, já que a fazenda fica localizada entre as duas cidades.
O caso demanda apuração porque há acusação de que o incêndio teria sido criminoso. No primeiro registro da ocorrência, os responsáveis pela denúncia informaram à polícia terem visto homens deixando o local pouco antes do início das chamas.
O documento foi registrado por iniciativa de alguns membros do acampamento sem-terra que ocupa a fazenda desde o dia 14 de agosto deste ano. Trata-se da FNL (Frente Nacional de Luta Campo e Cidade),
De acordo com o boletim da ocorrência, alguns acampados teriam visto uma caminhonete prata e um Celta branco saindo do local do incêndio instantes antes de constatarem as chamas.
De acordo com Paulo Augusto Lopes, um dos líderes do acampamento e que participou do registro da ocorrência, o objetivo da ação seria criminalizar o assentamento. Pelo lado dos administradores da propriedade, essa tese é refutada.
Os líderes da FNL pleiteiam, junto ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), que a fazenda Paiol seja destinada à reforma agrária para que possam permanecer em definitivo no local.