No que depender dos novos integrantes da Câmara Municipal, que assumirão as funções políticas em janeiro, a máxima constitucional de relação harmoniosa e independente entre os Poderes Legislativo e Executivo deverá prevalecer ao longo dos próximos quatro anos.
A palavra mais citada pelos futuros vereadores, em entrevistas concedidas a O Progresso, é “colaboração”. Ao longo de nove edições, o bissemanário publicou os posicionamentos políticos e planos dos parlamentares que ocuparão as 17 cadeiras da Casa de Leis.
De maneira democrática, as entrevistas foram publicadas pela ordem de votação, divulgada pelo Tribunal Regional Eleitoral. Todos os novos vereadores, tal como os reeleitos, aceitaram de pronto a darem entrevista ao jornal, figuraram o bissemanário por meio da série de conversas, que se encerra neste final de semana.
A Câmara de Tatuí terá “cara nova” a partir do dia 1º. Dos 17 vereadores que atualmente representam a população, 13 disputaram a reeleição e apenas cinco se reelegeram.
Os parlamentares que permaneceram afirmaram ao jornal que o “recado” dado pela população é de renovação, e, assim, eles prometem uma mudança de atitude do Legislativo para o próximo mandato.
Tanto a ala governista quanto a oposicionista demonstram preocupação com a situação econômica do país e as possíveis implicações das finanças nacionais no Orçamento local.
Em entrevista publicada em 6 de novembro, Alexandre Grandino Teles e Alexandre de Jesus Bossolan afirmaram que os primeiros meses do mandado da nova gestão servirão para “colocar a casa em ordem”. Ambos os futuros parlamentares são do PSDB, mesma sigla da prefeita eleita Maria José Vieira de Camargo.
Para os tucanos, a equipe da prefeita – anunciada nesta semana – deverá focar na contenção dos gastos públicos, ao mesmo tempo em que precisará atender aos anseios da população, de melhora nos serviços municipais. As principais reclamações, segundo eles, estão nas áreas de saúde e infraestrutura viária.
A qualidade da pavimentação das ruas da cidade foi um dos principais pontos reclamados por Valdeci Antonio de Proença (PTN), o vereador mais votado nas últimas eleições. Segundo ele, a nova prefeita precisa se atentar à infraestrutura se quiser atrair empresas para Tatuí e melhorar a geração de empregos.
A geração de empregos também é mencionada por Ronaldo José da Mota (PPS), em entrevista publicada nesta edição. O vereador reeleito é também presidente do Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Tatuí e Região).
Ele prometeu colaborar com a prefeita Maria José na busca por empresas. Para isso, deve se valer de contatos com industriais e com a experiência obtida à frente da Secretaria Municipal de Indústria, Desenvolvimento Econômico e Social.
A gestão da saúde pública foi um dos principais assuntos dos embates na atual legislatura. Ela deve permanecer em evidência na Câmara, no que depender de Daniel Rezende (PV) e Antonio Marcos de Abreu (PR).
O futuro parlamentar pretende fiscalizar e cobrar, a compra de remédios e a disponibilidade de médicos nas UBSs (unidades básicas de saúde).
Os parlamentares afirmaram que o fato de integrarem a base aliada da prefeita eleita não impedirá o “poder fiscalizador”. Ambos pretendem apresentar projetos para melhorar a gestão da saúde.
A Câmara estará mais jovem a partir de janeiro, com a entrada de três vereadores com idades inferiores a 30 anos. João Éder Miguel (PV), de 24, Eduardo Dade Sallum, 23, e Rodolfo Hessel Fanganiello, 29, pretendem levar pautas novas ao Legislativo.
De vários espectros políticos, os futuros parlamentares pretendem colaborar com a gestão de Maria José de diferentes formas.
Miguel quer levar pautas como o incentivo de estudos superiores, enquanto Sallum quer implantar o conceito do “mandato compartilhado”. Fanganiello proporá a criação da Secretaria da Juventude.
O incentivo ao esporte terá três vereadores a seu favor. Jairo Martins (Pepinho – PV), Severino Guilherme da Silva (Tiozinho do Santa Rita – PSD) e Miguel Lopes Cardoso Júnior (PMDB) participam, de formas diferentes, em ações sociais voltadas ao público juvenil e à prática esportiva.
Eles pretendem cobrar do poder público a construção de novas áreas de lazer nos bairros e a multiplicação de projetos esportivos pela cidade, com o fomento municipal.
Grande parte do PIB (produto interno bruto) da cidade vem do campo, e os tatuianos ganharam um vereador que pretende levar as demandas dos moradores dos bairros rurais à Câmara.
José Carlos Ventura (Zé Carlos do Campinho – PSB) afirmou que pedirá a instalação de bases da Guarda Civil Municipal na zona rural e a melhoria das estradas que servem como escoadouro da produção agrícola local.
Outro tema que deverá ganhar destaque na próxima legislatura é a qualidade de vida das pessoas com deficiência. Eleito vereador, o ex-presidente do CMDPD (Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência), Rodnei Rocha (Nei Loko – PTB), deve apresentar projetos voltados ao melhor acesso à educação.
A “união de forças” entre governo e oposição foi citada por todos os parlamentares, mas enfatizada por Joaquim Amado Quevedo (Véio Quevedo – PMDB), Nilto José Alves (Bispo Nilto – PMDB) e por Luís Donizetti Vaz Júnior (PSDB). Este último é cotado para ocupar a presidência da Casa de Leis, em chapa apoiada pela base governista.
Pelas intenções dos futuros integrantes, a Câmara Municipal tende a ganhar em debate plural, abarcando diversas opiniões, ideologias e “bandeiras”.
Caso as promessas dos parlamentares se concretizem, quem ganhará é a população e a política locais, que tendem a ter um debate político de melhor qualidade, requisito necessário para a construção de um futuro com melhores perspectivas de crescimento econômico e qualidade de vida. Que assim seja!