Jheniffer Sodré
Marino em frente ao ‘Planetário’, construído em 1984 e reformado em 2013
O Planetário “Professor Romildo Póvoa Faria”, ou apenas “Planetário de Tatuí”, foi inaugurado no dia 22 de abril de 2000 e, em 2014, comemora 14 anos. Ele foi o primeiro planetário privado construído no Brasil, e passou por reforma em 2013.
O nome dado a ele é uma homenagem ao astrônomo brasileiro Romildo Póvoa Faria, que atuou durante quase quatro décadas no ensino e na divulgação da astronomia pelas regiões de São Paulo e Campinas.
O espaço está localizado no Colégio Objetivo, mas as sessões podem ser agendas por outras escolas, tanto públicas como particulares. De acordo com o educador e coordenador do planetário, Luís Marino, instituições de ensino de toda a região visitam o local.
“Por ser o único planetário da região, nós recebemos escolas de Sorocaba, Itapetininga, Cerquilho, Tietê, Avaré, Botucatu, além de tantas outras. Há, inclusive, mais procura de fora do que de Tatuí”, informa Marino.
As sessões do planetário costumam ter duração de 20 a 50 minutos e podem abordar diversos temas, como viagem pelo sistema solar, passeio pela superfície da terra e observação do céu.
“Tudo vai depender da idade do público e da linguagem que se pretende utilizar. Podemos fazer sessões tanto com crianças da pré-escola como com adultos. Ao término da ‘viagem espacial’, sempre fazemos um bate-papo para sanar as dúvidas do público”, explica o coordenador.
O Planetário de Tatuí é simples, segundo Marino, e é chamado de “máquina didática”. A tecnologia foi desenvolvida na cidade, a partir de um aparelho ainda mais simples, e hoje é comercializada para todo o Brasil.
“Em 1999, compramos um equipamento que era feito para atender planetários móveis e colocamos a máquina aqui, para iniciar o planetário. Tinha poucos recursos, projetava apenas mil estrelas, era quase um brinquedo. Aí, nós começamos a alterá-la, até que chegamos à máquina que temos hoje”, relata.
Em 2004, Marino começou a fabricar as máquinas de planetário para comercializar junto a universidades federais. Atualmente, existem mais de 30 equipamentos iguais ao do Planetário de Tatuí.
O diferencial da sessão do planetário da cidade, na opinião do coordenador, é a narração ao vivo, já que os demais locais apresentam áudio gravado. A trilha sonora também faz toda a diferença, e é escolhida especialmente para cada sessão.
“Em uma sessão, podemos passar mais de 50 conceitos da astronomia para o público. É claro que as pessoas não aprendem tudo de uma vez, mas chama a atenção e fica marcado”, esclarece.
Para Marino, a astronomia é uma ciência que desperta a curiosidade e o interesse principalmente das crianças. “É só falar de planetas e foguetes que todos ficam maravilhados. A astronomia ajuda as crianças a se interessarem por ciência, porque ela entra nesse universo e começa a querer saber mais”.
O coordenador conta que é muito comum as pessoas participarem de uma sessão do planetário e, depois, quererem saber mais sobre os planetas e as estrelas. “Quem vem aqui começa a pesquisar, ler e fazer perguntas sobre o assunto. E isso é muito bom para o desenvolvido deles”.
Para o diretor do Colégio Objetivo, Acassil José de Oliveira Camargo Júnior, um dos idealizadores do projeto do planetário, a população em geral ainda não têm o hábito de se interessar por questões como a astronomia.
Ele relata que, por dois anos, o Planetário de Tatuí ficou aberto ao público, mas a procura foi baixa. “Por isso, estamos ensinando as crianças a gostarem desse assunto para que, então, possamos criar um público para esse tipo de atividade”.
Um dos projetos fixos e aberto à população é a “Semana de Astronomia”, que acontece em novembro, nas dependências do Colégio Objetivo. Nesse evento, o público tem a oportunidade de participar de palestras, cursos, atividades com telescópio e sessões no planetário.
Cada sessão do Planetário de Tatuí custa R$ 150 e tem capacidade para atender a 50 pessoas. Para mais informações, ligar para o 3251-1573.
História
Em 1969, Luís Marino estava com 17 anos e começou a frequentar o planetário da cidade de São Paulo, onde trabalhou até 1983. Em 1982, Marino veio para Tatuí ministrar uma série de palestras sobre astronomia, na faculdade Assetta.
Nessa ocasião, Acassil José de Oliveira Camargo Júnior convidou-o a montar um planetário na cidade. “Na hora, eu nem achei que fosse verdade, porque o investimento era alto. Mas, nós sonhamos com isso e deu certo”, conta Marino.
Em 1984, o planetário começou a ser montado, e dois anos depois já estava pronto. “A construção é interessante, pois ele foi feito como um forno de tijolos sem amarrações de concreto nem ferragem, do mesmo jeito que os romanos faziam suas construções”.
No início, porém, o planetário não possuía o equipamento para as sessões. Então, o espaço foi utilizado como anfiteatro, sala de aula e até laboratório de informática, em 1988.
Somente no ano 2000 é que o local foi inaugurado e colocado em funcionamento. “Quando fizemos nosso planetário, existiam apenas nove planetários em todo o Brasil”, conta Marino.
Astronomia
A astronomia é a ciência que estuda o universo, confrontando teorias físicas com observações feitas por telescópios. “Ela está presente desde o início da humanidade, quando tudo era visto no céu e explicado pelos fenômenos celestes”, explica Marino.
O astrônomo investiga a origem e a evolução do cosmo, observa estrelas, planetas, galáxias e outros corpos e capta a imagem para estudar os movimentos, a disposição pelo espaço e a composição química.