O piloto Eduardo Costa Rodrigues, representante do Aeroclube de Tatuí, conquistou o título da classe “kw1/clube” no 61º Campeonato de Voo a Vela do Sudeste. O evento aconteceu entre os dias 1º e 5 no espaço aéreo do município.
Na mesma classe, o piloto Bruno Nogueira Rodrigues, pai de Eduardo e que também representa o Aeroclube de Tatuí, ficou na terceira posição. A segunda colocada foi a pilota Valéria Caselato, da equipe CVVCTA (Clube de Voo a Vela do Centro Técnico Aeroespacial).
A competição também promoveu a classe “racing”, premiando os vencedores Henrique Navarro, atual campeão brasileiro da categoria, e Gustavo Shigueno, do Aeroclube de Bebedouro.
O vice-campeão foi o piloto Ben-Hur Saraiva, da AFA (Academia da Força Aérea), e Daniel Lery, também da AFA, ficou com o terceiro lugar.
A competição foi disputada de acordo com as normas do manual esportivo da FBVV (Federação Brasileira de Voo a Vela), responsável pelas provas.
Eduardo afirmou que a conquista do título da kw1/clube contou com “sorte e muito suor”. O piloto ressaltou que ele e o pai, “apesar de terem uma performance dos equipamentos um pouco inferior aos adversários, conseguiram extrair o melhor possível”.
O piloto campeão foi responsável pela coordenação da etapa local, que marcou o retorno de competições do gênero ao Aeroclube de Tatuí após quase três décadas.
“O último campeonato que tivemos aqui foi uma etapa brasileira, em 1990. Ficamos todo esse tempo sem campeonatos em Tatuí, mas, neste ano que voltamos ao círculo, estamos animados”, comentou Eduardo.
A vinda da competição foi comemorada pelo presidente do aeroclube, Alexandre Simões de Almeida. De acordo com ele, o evento fortaleceu o clube de voo a vela do município, uma vez que daria visibilidade ao esporte e oportunidade para que outros pilotos da cidade e da região pudessem participar.
O diretor de segurança de voo Thalles Coutinho reforçou a importância do Aeroclube de Tatuí receber um campeonato do gênero novamente. Conforme ele, “reviver a experiência e contar com um piloto da casa como campeão foi maravilhoso”.
De acordo com Eduardo, o 61º Campeonato de Voo a Vela do Sudeste “foi um sucesso”, apesar de a meteorologia ter sido desfavorável no início do evento.
Conforme o piloto, o tempo estava “muito desafiador e complexo”. As nuvens estavam baixas por conta da alta umidade, e isso interferiu no andamento das provas, tornando-as “um pouco mais conservadoras, apesar de técnicas”.
Eduardo ressalta que um campeonato que possui apenas mil metros de altura, do chão até as nuvens, permite uma margem curta para eventuais erros.
“Quando vamos trafegar nessa situação, a navegação tem de ser mais calma e de forma mais conservadora. Se não fizer tudo direitinho, realmente, há risco se pousar fora da pista”, salientou.
O piloto conta que, em todos os dias de disputa, houve ao menos um pouso dessa forma. Segundo Eduardo, alguns pilotos pousaram em arados e outros, em campos que estavam muito encharcados pelas chuvas. Entretanto, ele garante que o Aeroclube de Tatuí prestou o serviço necessário para fazer o resgate de cada um dos pilotos.
A competição permitiu que a equipe de organização tentasse firmar parcerias com redes de hotéis, para hospedagens, e com clubes de lazer, para oferecer opções às equipes de apoio e pessoas que não estivessem competindo – entre elas, familiares dos pilotos.
Eduardo agradece “pelas parcerias firmadas e, principalmente, ao Aeroclube de Tatuí e à população”. Conforme o piloto, o Aeroclube forneceu todos os subsídios necessários para o torneio, e os moradores “prestaram apoio e foram carinhosos”.
“Estamos muito satisfeitos com este contato que a cidade está promovendo. O desenvolvimento que estamos conseguindo colocar para Tatuí e o município devolvendo para nós”, assegurou Eduardo.
Coutinho revela que a presença de público foi acima do esperado, contando com a presença da população durante todos os dias do evento. Os visitantes tiveram acesso ao simulador de voo e puderam acompanhar a largada das aeronaves.
Conforme o profissional, os campeonatos desse gênero, geralmente, atraem mais pessoas ligadas à competição, porém, desta vez, foi diferente. “A população esteve em peso conosco”, comemorou.
No dia da abertura oficial, sexta-feira, 1º, o Aeroclube de Tatuí fez a apresentação oficial do simulador de voo. O equipamento (que teve desenvolvimento anunciado com exclusividade pelo jornal O Progresso) será incorporado ao ensino oferecido pela escola de planadores, em funcionamento no aeroclube.
O projeto surgiu em 2014, visando à modernização do ensino de voo a vela e uma alternativa de treino para pilotos de planadores. No ano passado, a direção do aeroclube conseguiu concluir a aquisição dos equipamentos necessários (principalmente os ligados à projeção de imagens) e a preparação do ambiente destinado a abrigar o simulador. O dispositivo está instalado em uma sala climatizada e conta com três telas interligadas.
O equipamento possui todos os instrumentais de um planador. Para isso, a equipe de desenvolvimento utilizou a parte dianteira de uma aeronave real (que foi desmontada) e inseriu todos os comandos, de modo a fazê-los “conversar” com um software. O resultado é uma experiência imersiva que pode durar de 30 minutos (para iniciantes) a uma hora (para pilotos).
Durante a competição, aconteceram sessões de demonstração gratuita para os competidores e visitantes. O dispositivo e a disputa buscaram contribuir para estimular a prática do voo a vela.
A apresentação do simulador de voo no período do torneio permitiu a presença de membros da AFA. O engenheiro elétrico Marcos Paulo Vigliassi, responsável por projetar o simulador da AFA, foi convidado para avaliar o funcionamento do simulador construído em Tatuí.
O intercâmbio também possibilitou ao aeroclube agregar o equipamento ao plano de instrução. Conforme Coutinho, “o encontro foi de grande valia, e os militares ficaram bastante impressionados com o equipamento”.