O auditório do Centro Cultural Municipal recebe neste domingo, 22, às 20h30, a apresentação “Natureza Matéria Forma”. O espetáculo é um desencadeamento de plataformas cinéticas e corporais a partir de princípios e elementos da vida e obra de Joseph Beuys.
Dirigido e encenado por Rivaldo Nogueira, a “instalação cênica” apresenta elementos da obra do artista alemão, como feltro, cobre, ferro, troncos de árvores, ossos de animais, coelho vivo, árvore seca, água, gelo e mel. Elementos de performances de Beuys são retomados e “fisicalizados”.
Com Nogueira no elenco e na direção, a peça tem aproximadamente 60 minutos. Luiz Gaspar assina a iluminação e Edgar Nogueira, a sonoplastia. Lucas Prado Arruda é responsável pela fotografia e vídeo. A apresentação tem produção de Jordi Bruno e Raíssa Matos.
A iluminação é composta de luz atmosférica, na maior parte dos casos, luz branca. “Ocasionalmente, focos, luz geral, e contraluz”, explica o diretor. Segundo ele, a luz terá a possibilidade de criar sugestões de temperaturas (quente e frio).
Estritamente ligada às dinâmicas sugeridas pela trilha sonora, a apresentação assumirá “muitas funções cênicas”. Entre elas, a de acompanhar as ações, dinâmicas, sugerir e modificar o espaço e diversos ambientes.
Um “design sonoro” é criado para dar a sugestão de uma narrativa, apresentando-se como recurso para “um percurso imagístico, uma paisagem sonora”. A encenação conta, ainda, com “uma colagem musical, ruídos amplificados de impulsos bioelétricos de plantas e fungos e diversos da natureza”.
O público vai ouvir, durante a apresentação, fragmentos de músicas eruditas ocidental, músicas ritualísticas de diversas culturas do mundo e “música concreta”.
Segundo a organização, a subjetivação de elementos concretos da cena torna-se expressão em um corpo criado em um processo fundamentado na dança butoh. A relação frio-quente, substâncias naturais e orgânicas, homem-animal, feminino-masculino e vida-morte estão presentes na apresentação. Da mesma forma, o conceito de os opostos que se encontram.
A representação traz um diálogo coreográfico de dança butoh, criada no Japão, com o corpo e elementos da obra de Beuys. Entre os temas tratados no espetáculo, estão: a devastação da natureza, o coabitar possível do homem com outras espécies e a cisão espiritual do homem e sua cura.
“Uma travessia na qual o mundo de sensações, impulsos e movimentos articulam-se para gerar reflexão e uma poética hibrida de dança, artes plásticas, música e performance”, disse o diretor, por meio de nota.
Para a organização, a apresentação é “um ritual no qual o êxtase leva a superação do corpo separado, cindido e o aproxima da totalidade”. A performance é de um corpo que dança “um saber ctônico (terreno) e universal”, que pode ser compartilhado com a plateia.
Um dos grandes inspiradores da apresentação, Beuys foi um artista alemão “multifacetado”. Ele produziu em vários meios e técnicas, incluindo escultura, pintura, desenho, objeto, palestra, happening, performance, vídeo e instalação. É considerado um dos mais influentes artistas alemães da segunda metade do século 20 e ampliou a herança de Marcel Duchamp, levando a superação das últimas fronteiras entre a vida e a arte.
Idealizador da peça, Nogueira desde cedo se dedicou à prática de filosofias orientais, formando-se professor de ioga em 1980. Integrou a companhia Taan Teatro por dois anos e participou das peças “O Quadrado que Ri” e “O Livro dos Mortos de Alice”. Em 1993, criou o grupo ToTem, Teatro Experimental, Performance e Dança Butoh.
Trabalhou com artes cênicas e dança em São Paulo, cidade onde encenou peças como “A Conquista”, com Min Tanaka. Com o grupo ToTem, participou de “Semente d’Água”, “Mitoformas”, “Estado da Matéria”, “Anjo e Boneco”, “Degred’Alma”, “Gaya”, “Pessoas do Vento”, “Horas Ópio”, “O Golem” e “Da Besta Fera um Anjo Aflora”, “Dédalo Encefálico”, “Alarme para o Silêncio” e “Espantalhos”.