
Raul Vallerine
Pensamos demasiadamente e sentimos muito pouco. Necessitamos mais de humildade que de máquinas. Mais de bondade e ternura que de inteligência! (Charles Chaplin)
Pensar antes de agir e fazer é crucial para um desenvolvimento pessoal e profissional mais eficaz, permitindo tomar decisões mais conscientes e estratégicas, evitando erros e alcançando resultados positivos.
Essa combinação de reflexão e ação fortalece o processo de tomada de decisão, minimiza riscos e promove o desenvolvimento de habilidades importantes.
O tempo é uma das coisas mais valiosas do ser humano e deve ser bem aproveitado. Há o momento de pensar, planejar e o momento de agir, tomar atitudes.
É preciso desenvolver a habilidade de saber o tempo certo de fazer cada coisa para não colocar o progresso alcançado a perder. Há pessoas que se enganam achando que agindo rápido, sem pensar, estão ganhando tempo.
A verdade, é que o tempo ganho agora, vai perder lá na frente, quando descobrir que não fez a escolha certa, vai ter de refazer, começar tudo de novo.
Um exemplo comum dessa atitude é nos relacionamentos. Muitas pessoas conhecem alguém hoje, se relacionam e na semana seguinte estão morando juntos.
Deveria ser o tempo de avaliar, pensar, conhecer, mas já pulam para viver junto. Depois a pessoa descobre que perdeu tempo, pois se juntou com alguém que mal conhecia e tem problemas que vão se arrastar por muito tempo.
Li numa revista um relato de um psicólogo que questionou uma jovem profissional sobre a sua forma de atuação, eu ouvi a seguinte frase: “enquanto alguns pensam, eu prefiro agir”, numa tentativa de refutar qualquer possibilidade de reflexão sobre os fatos.
Como se pensar e agir fossem ações incompatíveis. Quem faz uma coisa, não faz a outra. Além do fato de fazer uma valorização maior da ação em detrimento da reflexão.
Parece trazer, em sua frase, a ideia de que o “agir” seria uma característica dos bons profissionais. Já o “pensar”, coisa de quem não tem o que fazer.
É certo que ser uma pessoa disposta a agir, aquela que coloca a mão na massa, é uma característica muito valorizada nas empresas.
As organizações precisam de pessoas que “fazem acontecer”. Mas será que é apenas isso que nossas empresas precisam?
Antes da revolução industrial, os trabalhos eram feitos por artesãos, que pensavam e atuavam em todas as fases da produção, desde a fabricação da matéria-prima até a venda da sua produção.
Só que a produtividade era baixa, o conhecimento não era compartilhado facilmente, nem havia um mercado em frequente mudança. Globalização? Isso passava longe. O que a revolução industrial tentou fazer, em meados do século XVIII, foi separar o “agir” do “pensar”.
Enquanto os gestores “pensavam” nas melhores formas de produção, logística, vendas e outros processos, aos demais trabalhadores cabia agir, através da oferta da sua força de trabalho de mão-de-obra, para executar as tarefas.
O que interessava aos empresários era utilizar os músculos, e não os cérebros, dos seus empregados. Eram os “Tempos Modernos”, eternizados e criticados no cinema por Charles Chaplin.
Mas será que ainda vivemos nesse paradigma da revolução industrial? Seguramente não. Vivemos em outros tempos, numa sociedade em rede, que cultua a produtividade e a qualidade.
Queremos fazer mais e melhor. Por isso, precisamos agir e refletir sobre nossas ações num ritmo frenético. Não deve haver mais essa separação. Precisamos de pessoas que pensam nas organizações.
Mas também daquelas que fazem. Unir ação e reflexão é essencial para o aprendizado e para adaptação das empresas às turbulências do mercado.
Henri-Louis Bergson (1859-1941) foi um filósofo francês influente na primeira metade do século XX. Em 1927, obteve o Prêmio Nobel de Literatura. O que poderia sintetizar essa ideia é a frase do filósofo francês Bergson: “Pense como uma pessoa de ação e aja como uma pessoa que pensa.”