A intolerância a lactose – açúcar presente no leite – e a alergia a proteínas do leite são problemas distintos, mas confundidos, em geral. O alerta é do médico pediatra e alergologista Jorge Sidnei Rodrigues da Costa.
Segundo o especialista, ambas as reações ao leite de vaca podem aparecer nos primeiros anos de vida, com sintomas completamente diferentes. A ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), inclusive, recomenda a procura por profissionais distintos.
A lactose é um tipo de açúcar presente no leite e não desencadeia alergias, e sim, intolerância. Os sintomas encontrados em pacientes com intolerância à lactose são cólicas, flatulência, mal-estar, má digestão, diarreias e vômitos.
Às pessoas que sofrem de intolerância a lactose, é recomendada dieta que exclui o leite, derivados e produtos que contenham esse açúcar, como queijos, iogurte, leite condensado, pudim, manteiga e sorvete.
Os pacientes podem, sob prescrição do gastroenterologista, tomarem a enzima lactase, que ajuda o organismo a “quebrar” a molécula de lactose, transformando-a em outros tipos de açúcar.
“Nos supermercados, os pacientes, orientados pelo médico, podem comprar aqueles leites sem lactose. Esse problema não tem cura, e a pessoa convive com ele pelo restante da vida”, explicou.
Já o caso alérgico pode ser desencadeado pela alfa-lactoalbumina, beta-lactoglobulina e as caseínas, proteínas presentes nos leites de vaca, búfala, cabra e jumenta.
As manifestações clínicas incluem desde rinite alérgica, dermatite atópica, asma brônquica, problemas cardiovasculares e, até, choque anafilático.
“Nestes casos, não adianta a família comprar o leite sem lactose, pois, de qualquer forma, as proteínas causadoras da alergia estão presentes no leite. Daí a solução é não usar mais leite animal e partir para os vegetais, como leite de soja e de arroz”, orientou.
Segundo o médico, os casos de alergia às proteínas do leite em bebês podem se curar espontaneamente entre os três e quatro anos de idade. A reavaliação deve ser feita por um profissional.
Outras alergias
Além do leite, outros alimentos podem causar alergia. Trigo, amendoim, crustáceos, ovos, peixes e soja são causadores de 90% dos casos de reações alérgicas.
Segundo a Asbai, o especialista em alergias pode fazer dois tipos de testes para detectar reações adversas por alimentos.
Um deles, tido como o mais simples, consiste em aplicar, em uma área do antebraço, gotas de substâncias presentes em alimentos que podem causar alergia. Caso a pessoa tenha o problema, o corpo apresentará uma pápula – sintoma semelhante à picada de mosquito.
Outro teste, mais elaborado e destinado a pacientes com históricos alérgicos graves, é realizado com o sangue. O médico pode escolher por realizar os dois tipos de exames para comprovar a alergia.
De acordo com a Asbai, de 6% a 8% das crianças com menos de três anos apresentam algum tipo de reação alérgica a alimentos. O número cai para 3% em adultos. Estudos indicam que, se pai e mãe apresentam alergia, a probabilidade de o filho também apresentar reações adversas a alimentos é de 75%.