Peculiaridades sobre vacinas (2ª parte)

Dr. Jorge Sidnei Rodrigues da Costa - Cremesp 34.708 *

Por que vacinar meu filho?

As vacinas são extremamente importantes para proteger as crianças das doenças infecciosas graves e preveníveis, tais como: contra a tuberculose e meningite tuberculosa (BCG intradérmica); contra a poliomielite ou paralisia infantil – VIP (injetável) ou VOP (via oral); DTPa – tríplice acelular contra a difteria (crupe), tétano, coqueluche (tosse comprida), tríplice viral (contra o sarampo, a caxumba e rubéola); tetra viral – contra o sarampo, a caxumba, a rubéola e varicela (catapora); hepatite A; hepatite B; hepatite A+B (conjugada); meningite por Hemofilus influenza B; meningite por meningococos (A, B, C, W e Y); contra infecção por pneumococos (Prevenar 13 e Pneumo 23) – pneumonias e meningites; contra a dengue (1, 2, 3 e 4); contra o HPV (Papiloma vírus humano) – que causa as verrugas genitais e o câncer de colo de útero; contra a febre amarela; contra a febre tifoide; contra o herpes zoster (cobreiro); contra e influenza (gripe normal e gripe suína – H1N1) e contra o rotavírus (esta feita por via oral).

A vacina, ao ser injetada no organismo da criança, provoca a formação de anticorpos (“armas”) contra as doenças e é por isso que devemos vacinar nossos filhos – para protegê-los dessas doenças citadas acimas!

Se as crianças sofrem ao serem vacinadas? Seria mentiroso, da minha parte, dizer que as vacinas não provocam sofrimento. É lógico que algumas podem provocar algum sofrimento, porém, não é nada que não seja suportável.

Esse é o sofrimento que chamo de “sofrimento necessário”, isto é, ele é inevitável, mas que pode ser amenizado por mães carinhosas e preocupadas com a saúde de seu filho. Existem várias vacinas que não fazem parte do calendário normal do SUS e são consideradas vacinas complementares. Aplicar vacina particular não é gasto – é investimento!

Quais são as contraindicações da vacinação?

As contraindicações (que devem ser somente por ordem médica) a qualquer vacina são poucas: imunodeficiência congênita ou adquirida (“baixa resistência”), doenças com comprometimento do estado geral (câncer, por exemplo), reação alérgica a aplicação anterior da vacina, alergia a ovo de galinha (constatada clinicamente ao ingerir ovo), doenças agudas febris.

Criança com chiado pode ser vacinada?

Sim. As doenças alérgicas como asma e rinite, que são muito comuns na infância, não contraindicam a aplicação das vacinas anti-infecciosas.  Em alguns casos, onde a crise for muito intensa, somente o médico deve decidir se deve ou não aplicar a vacina.

Criança que apresentou febre na 1ª pode tomar 2ª dose dessa?

Reações como febre inferior a 39 ºc ou reações locais como dor, vermelhidão ou edema (inchaço) no local da aplicação da vacina não contraindicam a revacinação, principalmente no que se refere à tríplice (difteria, tétano e coqueluche).

Qual vacina deve ser usada quando a criança teve reação com a DTP?

Quando houver reações graves ou intensas com a DTP (tríplice comum), a próxima dose pode estar contraindicada (a contraindicação é uma conduta médica). A vacina indicada é da DTPa – tríplice acelular, que protege contra a difteria, o tétano e a coqueluche (tosse comprida).

O componente pertussis é o responsável pelas reações adversas graves quando elas ocorrem. Na tríplice comum, ela é feita a partir da cápsula da bactéria e na acelular ela é feita com a proteína da bactéria e dá pouquíssimas reações, se houverem!

Criança que sofre de convulsão pode ser vacinada?

A princípio, sim. Contudo, podem ser necessários cuidados médicos e avaliação neurológica antes da aplicação. Nesta situação, deve ser sempre consultado o médico neurologista ou o pediatra. Em crianças que tiveram reação intensa com a tríplice (DTP), nós fazemos a tríplice acelular.

O que é a tríplice acelular?

A vacina tríplice acelular é a vacina DTPa (difteria, tétano, coqueluche), cujo componente Pertussis é modificado (feita com componentes da proteína) da Bordetella pertussis, o que possibilita a ocorrência de menos reações adversas, tais como febre, dor e as temíveis complicações neurológicas, como, por exemplo, as convulsões e reações de hiporresponsividade (reação forte, na qual a criança fica bastante comprometida).

Crianças com anemia podem ser vacinadas?

Sim, podem e devem ser vacinadas. A vacinação não deve ser adiada no paciente com anemia, mas, pelo contrário, se deve dar prioridade à vacinação nesses pacientes.

Crianças esplenectomizadas (que foram operadas e das quais foram retirado o baço), crianças com anemia falciforme (anemia comum na criança negra) ou com outras anemias hemolíticas (em que os glóbulos vermelhos são destruídos) têm maior risco de infecções bacterianas graves e, portanto, devem ser protegidas através da vacinação.

Por favor, pais, não se esqueçam: “quem ama vacina o seu filho!”.

Fontes: arquivos próprios e pesquisa na internet.

* Médico pediatra com TEP em pediatria pela Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de Pediatria. Diretor clínico do Cevac – Centro de Vacinação.