Peça teatral de Ivan Camargo é encenada no teatro da Apae Tatuí

Jacques Lagôa dirige “Até que a Morte nos Enlace”, que relembra época de exceção com humor

Encenação do espetáculo no Teatro Ruth Escobar, em São Paulo (Foto: Divulgação)
Da reportagem

Produzida por meio do Ministério da Cultura, do governo federal, e do governo do estado de São Paulo, pela Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, “Até que a Morte nos Enlace”, peça teatral de Ivan Camargo, encerra a temporada de circulação pelo interior de São Paulo em Tatuí.

A montagem, em parceria com o Fundo Social de Solidariedade de Tatuí (Fusstat), da prefeitura municipal, ocupará o Teatro “Pedro Couto”, da Apae, localizado na avenida Olavo Ribeiro de Souza (Jardim Lucila), às 20h do próximo sábado, 27.

A entrada será “solidária”, com os ingressos trocados por fraldas plásticas, a serem destinadas ao Fusstat, a partir de 30 minutos antes da apresentação, na bilheteria do próprio teatro.

A montagem tem à frente Jacques Lagôa, um dos mais conceituados e premiados diretores de teatro e TV do Brasil, desta vez, aos 82 anos, dirigindo uma “tragicomédia bem brasileira, entre o céu e o inferno com gente pouco santa no meio”.

Embora de maneira (muito) bem-humorada, o espetáculo aborda temas relevantes e atuais, como democracia, memória histórica e o poder do amor para “além até da vida”, instigando reflexões sobre os relacionamentos conjugais e, sobretudo, “inspirando a pacificação e o afeto”.

O texto dramatúrgico, do jornalista tatuiano Ivan Camargo e que já havia vencido o Concurso Internacional de Literatura promovido pela União Brasileira de Escritores (UBE), em 2011, foi premiado na categoria peça teatral inédita pelo Programa de Ação Cultural (Proac), do estado de São Paulo, entre mais de 1.100 trabalhos inscritos, em 2023, e, no ano seguinte, novamente acabou selecionado pelo programa estadual, entre mais de 1.200 projetos, para a circulação em municípios paulistas em 2025.

Do elenco e da equipe de produção, fazem parte experientes profissionais, como as atrizes Marta Volpiani e Vanessa Goulartt, os atores Ernando Tiago e Ricardo Monastero, o produtor Francisco Pinto (da Kino School, realizadora do projeto), o diretor musical Sérvulo Augusto, o diretor de fotografia Marcelo Yamada, o cenógrafo Jaime Pinheiro e a visagista e figurinista Paula Fernanda (os dois últimos também tatuianos).

No município, além do Fundo Social de Solidariedade, a produção tem como apoiador cultural máster a One7 e as parcerias com a própria Apae, o Hotel Del Fiol e a pizzaria Ebo e Lima.

Para Camargo, que escreveu o texto há 15 anos, ter finalmente a peça encenada no município é “a concretização de um objetivo buscado há muito tempo”.

“Também por isso, agradeço à Apae Tatuí pela generosa acolhida e a cessão do espaço. Fico ainda mais satisfeito porque, após exatamente 30 anos de apoio e divulgação da cultura em nossa cidade, a entidade não foi a que mais figurou as páginas do jornal (O Progresso), mas, ao final, foi ela quem nos abriu as portas para essa montagem”, comentou Camargo.

Há três décadas como editor de O Progresso de Tatuí (completadas em janeiro deste ano), o jornalista e escritor ainda celebra o fato de ter somado várias parcerias para a apresentação, além de encerrar a temporada justamente em sua terra natal.

Sinopse

Em um suposto “limbo”, o casal Pedro Otávio – apresentador de TV e deputado – e Estela, recém-falecidos, encontra-se com o advogado Tarso Cabral, ex-marido dela e assassinado durante o período de exceção iniciado em 1964.

Confusos, eles têm não apenas de decidir como ficará a situação do “triângulo amoroso pós-morte” – vez que cai por terra, a “sete palmos”, a ideia de amor eterno -, mas, também, precisam “desnudar-se” em segredos.

Não guardar nada obscuro, escondido, seria a premissa para, só então, poderem “ascender” ou “decair” da condição/lugar em que se encontram – hipoteticamente pelo menos, conforme eles próprios avaliam, segundo suas convicções.

Para guiá-los, há a “Entidade”, que aponta vários caminhos, entre os quais, porém, não se admite, além da mentira, rancores e vinganças, valores que fazem pender supostamente a balança do juízo contra eles.

Mais que isso, a Entidade, por intervenções pontuais que “quebram a quarta parede”, dirige-se ao público como se, nesse instante, compartilhasse do limbo espiritual, instigando-o a também confessar seus “segredos pecaminosos”.

Distante do lugar-comum de uma “entidade” espiritual – sem rosto, grande expressividade e paciência angelical -, a Entidade é enfática e jocosa, constantemente causando estranheza ao “trisal” do além. Assim, sustenta, até o final do espetáculo, também um suspense quanto ao “que é” ou a “quem teria sido em vida”.

A produção: sobre e atrás do palco

Jacques Lagôa

Em 1965, por Gianfrancesco Guarnieri, iniciou a atuação no Teatro de Arena (SP), onde permaneceu por três anos sob a direção de Antonio Boal, Milton Gonçalves, Miriam Muniz e Silnei Siqueira, tendo ainda fundado o Núcleo Dois Arena.

Após a Escola de Arte Dramática, foi à França com bolsa do governo brasileiro, para curso com Roger Planchon. De volta, atuou como ator em produções do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e no Teatro Ruth Escobar.

Por Antunes Filho, é apresentado a Walter Avancini, quando inicia carreira de dez anos na TV Tupi, protagonizando novelas. Continua na Rede Record, dirigido por Antunes Filho, e passa a atuar também na TV Cultura.

No teatro, como ator, foi dirigido por José Renato e Gianni Rato e participou das produções de Sérgio D’Antino, Fúlvio Stefanini e João Bethancourt. Em 1995, inicia como diretor de TV na Manchete. Dirige quatro das cinco produções, entre elas, “Xica da Silva”, e volta a SP como diretor da Record e, depois, do SBT, onde permaneceu por 10 anos.

Ivan Camargo

Jornalista, em 1995, assumiu a direção do jornal O Progresso de Tatuí. Assina os romances “Onde Moram os Tatus” (2008) e “Assombrações Caipiras” (2009) e os livros de contos “Golpe Baixo” (2017) e “Botão do Pânico” (2022). Em dramaturgia, tem dois textos premiados em primeiro lugar em certames nacionais da União Brasileira de Escritores: “O Cativeiro” (2009) e “Até que a Morte nos Enlace” (2011).

Mais recentemente, por premiação municipal da Lei Paulo Gustavo, concretizou a adaptação para roteiro audiovisual do romance “Onde Moram os Tatus”.

Francisco Pinto

Produtor cultural, fotógrafo, roteirista e documentarista. Atuou em emissoras como o Canal Rural e o Grupo RBS (RS), assinando, entre outros, “Os Tropeiros”, “O Homem Pantaneiro”, “O Gaúcho” e “Rota das Tradições”.

Recentemente, tem escrito roteiros de curtas, séries e longas de ficção, como “Sarapatel”, “Gigio .45” e “Ramalhos e O Feitiço das Quatro Luas”. Ainda é diretor da Apetesp (Associação de Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo) e conselheiro da ALA (Academia Latino-Americana de Arte).

Paula Fernanda

Atriz e mulher trans. Formada no curso de atores do Conservatório de Tatuí e, na Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Tatuí (Faficile), licenciada em Arte Educação e Habilitação em Artes Visuais.

Em 2005, fundou a Trupe Garagem & Cia., de Teatro, na qual já passaram mais de 150 atores e atrizes. Como educadora e diretora teatral, lecionou e dirigiu várias peças, além de atuar como bolsista no Conservatório de Tatuí, ministrando aulas.

ELENCO

Ernando Tiago

Atua desde 1988. Possui vários trabalhos realizados em teatro e passagens pelo SBT e TV Record.

No teatro, são mais de 15 peças, sendo a mais recente “Trair e Coçar É só Começar”, “Até que a Morte nos Enlace” e “Desinfluencers”. Em TV, também possui mais de 15 trabalhos, sendo a novela mais recente “Chiquititas”, pelo SBT.

Marta Volpiani

Atriz com várias participações em telenovelas, programas humorísticos e peças teatrais. Entre as telenovelas, destacam-se: “O Profeta”, Tupi; “Solar Paraíso”, TVS; “Cavalo Amarelo”, Bandeirantes; “A Leoa”, “Nem Rebeldes, nem Fiéis”, “O Espantalho”, “A Ponte do Amor, “O Anjo Maldito”, “Destino” e “Vida Roubada”, todas do SBT.

Marta ainda é a dubladora oficial da personagem Dona Florinda, do seriado “Chaves”, no Brasil.

Vanessa Goulartt

Começou a carreira aos 9 anos em teatro, atuando em “A Cegonha Boa de Bico”, “Cais Oeste”, “Namoro”, “Sábado, Domingo e Segunda” e “Sossego e Turbulência no Coração de Hortência”.

Em cinema, está em “Dois Córregos”, “Garotas do ABC”, “Olhos de Vampa”, “Coisa de Mulher” e “Luz nas Trevas”. Na TV, em: “A Idade da Loba”, “Cidadão Brasileiro”, “Maria Esperança”, “Ti Ti Ti” e “Dercy de Verdade”.

Ricardo Monastero

Em teatro, esteve na Companhia do Latão e em “Sobre Ratos e Homens”. Na Globo, integrou elenco de “A Dona do Pedaço”, “Deus Salve o Rei” e “Queridos Amigos”.

Em séries, atuou em “A Garota da Moto” (FOX) e “Motel” (HBO/Max); em cinema, em “As Aventuras do Homem Invisível” e “Bala Sem Nome”.

EQUIPE TÉCNICA

Marcelo Yamada

Desde 1992, atua como diretor de fotografia. Esteve na TV Globo realizando clipes musicais para o “Fantástico” e novelas, como “Quatro por Quatro” e “Fera Ferida”.

Entre inúmeras produções, tem destaque: no “Rallye dos Sertões”, “Cidadão Brasileiro”, novela “Luz do Sol”, programa “Mulheres Possíveis”, “Ídolos”, “O Aprendiz”, “A Fazenda”, “Cozinheiros em Ação”, “Desafio da Beleza”, “Food Truck – A Batalha”, “Que Seja Doce”, “The Taste Brasil”, Carnaval de Salvador – BandFolia, “Agora É Tarde”, “Canal Livre”, “CQC” e “Jogo Aberto – Esportes”. Ainda, atuou: nos Jogos Olímpicos de Londres; Jogos Pan-Americanos de Guadalajara; Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver e nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

Sérvulo Augusto

Ator, músico e dramaturgo. Iniciou carreira em 1974, no Grupo Caracol, dirigido por Roberto Lage. Em 1983, faz a trilha da peça “Feliz Ano Velho”, de Alcides Nogueira, dirigida por Paulo Betti. De 1985 a 1989, foi diretor musical do Grupo Ornitorrinco, de Cacá Rosset, fazendo a trilha de duas peças de sucesso: “UBU” e “Teledeum”.

Em 2017, assinou a trilha de “Shirley Valentine”, adaptada e dirigida por Miguel Falabella e interpretada por Susana Vieira. Ainda fez as trilhas de: “Bruxa Morgana contra O Infalível Senhor do Tempo”, “Até que a Morte nos Separe”, “Mulheres de Shakespeare”, “Minhas Queridas” e “De Esperança, Suor e Farinha”.

Jaime Pinheiro

Cenógrafo no Conservatório de Tatuí desde a década de 1990, responsável por projetar e executar cenários para concertos, shows, festivais e teatro. Durante vários anos, esteve à frente da cenografia do renomado Festival de Inverno de Campos do Jordão.

Também fez direção, cenografia e bonecos dos espetáculos “Pedro e o Lobo” e “Cruzada de Crianças”, assim como bonecos, cenografia, figurinos e adereços para Ingrid Koudela.

Paula Fernanda

Atriz e mulher trans. Formada no curso de atores do Conservatório de Tatuí e, na Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Tatuí (Faficile), licenciada em Arte Educação e Habilitação em Artes Visuais.

Em 2005, fundou a Trupe Garagem & Cia., de Teatro, na qual já passaram mais de 150 atores e atrizes. Como educadora e diretora teatral, lecionou e dirigiu várias peças, além de atuar como bolsista no Conservatório de Tatuí, ministrando aulas.

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