PC ‘comemora’ recorde histórico de quatro casos de homicídio em 2013





“O homicídio é um dos crimes que não podem ser revertidos. Então, ficamos muito contentes pelos dados”. A declaração do delegado titular José Alexandre Garcia Andreucci está relacionada aos dados divulgados nesta semana pela Polícia Civil.

Antecipando a estatística da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública), Andreucci informou que Tatuí está entre uma das cidades mais seguras do Estado de São Paulo. Em especial, por conta do número de homicídios registrados no decorrer do ano passado.

Em 2013, a PC contabilizou quatro casos na cidade – todos esclarecidos. Para Andreucci, trata-se de recorde histórico. O número é o mais baixo atingido por Tatuí desde 2001, ano no qual a SSP criou o Sistema Estadual de Coletas de Estatísticas Criminais.

Naquele ano, houve 30 homicídios na cidade, apontando queda de 86,67% em relação a 2013. Porém, os números de 2001 ainda eram “englobados”, uma vez que as “mortes a esclarecer”, encontro de cadáveres e outros casos de óbitos eram registrados como homicídios.

A partir de 2012, o governo do Estado mudou o sistema de elaboração das estatísticas de criminalidade. Isso aconteceu em função da implantação do RDO (registro digital de ocorrência) e das nomenclaturas adotadas para os registros. As tentativas de homicídio, por exemplo, passaram a ser registradas como homicídios tentados.

De 2001 até 2012, o menor índice de crimes desse tipo até então era o de 2011, quando os registros apontaram cinco homicídios. Os assassinatos atingiram o “auge” no ano de 2003, ocasião em que chegaram a 30, média de 2,5 mortes violentas por mês.

Também por conta do “histórico”, Andreucci disse que os índices são motivo de comemoração. Conforme o titular, a redução é “muito relevante”, porque se trata de um crime “extremamente violento e que ceifa vidas”.

“As pessoas mortas, muitas vezes, têm família. Quando elas são assassinadas, deixam entes. Além disso, um homicídio não pode ser revertido. Depois de tirada a vida, mesmo que a polícia venha a esclarecer o caso – como estamos fazendo -, a pessoa não vai ressuscitar”, argumentou.

De acordo com o delegado, as quedas dos homicídios têm relação com outro indicativo “positivo”: o esclarecimento. De 2006 em diante, a PC tem conseguido solucionar de 90% a 100% dos assassinatos. Dos 15 registrados naquele ano, 14 foram solucionados.

“Os índices de esclarecimento na cidade são altíssimos”, afirmou Andreucci. O titular divulgou, também, que conseguiu esclarecer todos os quatro homicídios de 2013 e identificar os autores – todos presos – de mais três assassinatos (registrados como morte suspeita).

Somados a esses, houve sete pessoas mortas em Tatuí no decorrer do ano. O delegado explicou que os óbitos a esclarecer não são registrados como homicídio quando não há indícios preliminares de assassinato. Em algumas vezes, o cadáver apresenta sinais de violência, mas precisa ser submetido à perícia técnica.

Para efeito de estatístico, a SSP parou de contabilizar os encontros de cadáver. Os casos são incluídos no sistema da pasta estadual conforme o registro no BO (boletim de ocorrência).

Desta forma, os indicativos não mudam mesmo que, posteriormente, a PC identifique os casos como homicídio, coletem provas e localizem os autores.

Além dos assassinatos, o delegado titular citou esclarecimentos de crimes “graves”. Entre eles, o “arrastão” ocorrido em um restaurante, o assalto a uma loja de calçados na rua Prudente de Moraes e a prisão de um acusado de tráfico interestadual de pessoas.

“Este último repercutiu muito no Estado. Tanto que fui convidado para fazer palestras fora de Tatuí”, destacou o delegado titular do município.

Vítimas do ano

O primeiro homicídio do ano ocorreu no dia 23 de março, no bairro Rosa Garcia 2. Teve como vítima o comerciante Francisco Ferreira de Souza, de 62 anos.

Ele sofreu duas facadas, por volta das 20h, depois de tentar salvar a esposa, uma mulher de 55 anos, que estava sendo mantida refém por Alessandro Tiago Oliveira, 23. O criminoso era foragido da cidade de Capão Bonito e havia invadido o comércio do casal para furtar.

Por conta das investigações, o crime passou a ser investigado como latrocínio (roubo seguido de morte). A PC prendeu o acusado dois dias depois do crime, em uma residência no Jardim Santa Rita de Cássia. Conforme Andreucci, na tentativa de escapar da prisão, Oliveira teria se escondido embaixo da cama de um dos cômodos.

Ainda em março, houve o registro do segundo homicídio do ano. No dia 29 daquele mês, Iranildo Alexandre Souza, 27, morreu esfaqueado. A vítima era natural do Ceará e recebeu, conforme inquérito, pelo menos três golpes quando se dirigia a um bar.

O corpo de Sousa estava num pasto, localizado na vila São Cristóvão, e teria sido levado ao local por Damião de Souza Maciel, 38, natural da cidade de Exu, no Estado do Pernambuco. Segundo as investigações, Maciel dividia alojamento de trabalho com a vítima.

O crime teria sido motivado por dinheiro. A polícia informou que vítima e suspeito teriam se desentendido por causa do sumiço de R$ 20. Maciel foi preso em um terreno baldio próximo do local do crime.

A PC também chegou ao nome do acusado de ter cometido o terceiro homicídio do ano. Edson Beajone de Assis é suspeito de ter matado a amante, Simone Rodrigues Barbosa.

O caso ocorreu no dia 8 de outubro, sendo esclarecido como crime passional e considerado um dos mais bárbaros ocorridos no município em 2013.

De acordo com o delegado, Assis teria assassinado a amante e abandonado o filho dela, um menino de quatro anos. A criança teria permanecido trancada no imóvel, localizado no Parque San Raphael, pelo período aproximado de 14 horas, junto ao corpo da mãe.

O último registro de homicídio do ano resultou na morte da garota de programa Daila Rafaela Valentim, de 25 anos. Ela teria sido assassinada por Balbino Gomes Santana, na madrugada do dia 24 de outubro.

Conforme o delegado, Santana seria cliente da vítima e, antes de tê-la matado, furtou objetos pessoais de Daila e ateou fogo na genitália dela. O suspeito fugiu para o Estado da Bahia, sendo detido no dia 24 de novembro, em Mundo Novo, por roubo a um supermercado.

“Nós conseguimos esclarecer todos os casos de repercussão e, até pela violência, isso ajuda na redução dos índices estatísticos”, disse Andreucci.

A equipe da PC também esclareceu outros três óbitos em 2013. No início do ano, Andreucci promoveu mudanças no antigo GTO (Grupo Tático Operacional), responsável pelos esclarecimentos dos homicídios, e o transformou na Divisão de Homicídios.

Os investigadores esclareceram a morte suspeita (investigada, posteriormente, como homicídio) da dona de casa Rosineide Aparecida Martins da Silva, de 49 anos.

De acordo com a polícia, ela foi assassinada pelo genro, Juan Fernando Rosa Ferreira, juntamente com a filha, Vanessa Aparecida Martins. Os dois teriam se unido para cometer o crime, que teria sido motivado por disputa de herança e pelo tráfico de drogas.

O crime ocorreu no dia 24 de outubro, sendo o casal detido 20 dias depois. Eles teriam sido pegos com drogas, no interior da residência, no Conjunto Habitacional “Mário dos Santos”, na região do Santa Rita.

“A informação era que eles estavam em briga pela casa. Na realidade, eles estavam querendo transformá-la em ponto de tráfico de entorpecentes, o que teria motivado a briga pela herança”, disse Andreucci.

Ainda em 2013, a PC esclareceu outro caso de morte suspeita (investigado como homicídio). Ele teve como vítima Adriana de Jesus Soldera, de 40 anos.

A mulher morreu dentro de casa, no Jardim Lírio, dia 17 de junho, após sofrer espancamento generalizado pelo corpo. A violência teria sido cometida pelo marido dela, Agnaldo de Oliveira, 44.

Andreucci destacou, ainda, as prisões dos envolvidos na morte do segurança Fabiano Aparecido Machado, de 34 anos, baleado na região da cabeça durante assalto a uma padaria. A vítima chegou a ser socorrida, permaneceu internada em Sorocaba, mas não resistiu ao ferimento.

Com as investigações, a PC chegou aos nomes de Diogo de Oliveira Paulino e Cleiton do Amaral. O primeiro teria disparado contra o segurança e o segundo, aguardado em uma moto para dar fuga.

“Tivemos, portanto, um ano de muito trabalho, de muita luta, numa condição pequena com relação à estrutura que temos”, comentou o delegado.

Andreucci afirmou, ainda, que a redução dos homicídios se deve ao trabalho conjunto com a Polícia Militar e a Guarda Civil Municipal.

“Também tivemos apoio da imprensa e da população, que nos liga e nos ajuda com informações que ajudam a diminuir a violência”, concluiu.