Passadofilia

Aqui, Ali, Acolá

José Ortiz Camargo Neto *

Venho de uns tempos de antanho,

Em que tudo era bonito…

Hoje esse tempo (é estranho)

A muitos soa esquisito!

 

Imaginem, meus amigos

O que é que acontecia

Naqueles tempos antigos

De estranha luz e poesia

 

Pasmem, agora, comigo,

De tudo que vou contar

Daqueles tempos antigos,

Que não cesso de lembrar:

 

Nas torres de Miragaia

Nesses tempos tão formosos

As moças usavam saias

Rouge, penteados mimosos

 

Pros lados da Consonância

Nesses tempos mais antigos

Primava-se pela elegância,

Não por roupas de mendigo!

 

Era normal nessas ilhas

Desses tempos transcorridos

Ver pais, mães, filhos e filhas

Ainda passearem unidos!

 

Não havia quem pensasse

Nem mesmo em Patacapaco

Que um dia, por transe ou passe

Fôramos brutos macacos!

 

Toda gente acreditava

Num só bom e grande Deus

Poucos nesse tempo havia

Que pensavam ser ateus!

 

Havia – vejam que estranho!

Fé, amor e honestidade

Naqueles tempos de antanho

De afeto, amor e amizade!

 

Eram uns tempos tamanhos,

Em que tudo era bonito

Bom, real, lindo, que estranho,

Um tempo em que ainda acredito!

* Jornalista e escritor tatuiano

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