Os moradores da proximidade ou frequentadores da Praça da Matriz devem ter percebido que os sinos da Paróquia e Santuário Nossa Senhora da Conceição estão tocando com mais frequência há pouco mais de um mês.
Os dois sinos do campanário erigido à direita do edifício receberam um sistema eletrônico. A automação permite que a equipe da paróquia programe os sinos para tocarem a cada 30 minutos e também meia hora antes de cada missa. O sistema foi inaugurado no Domingo de Ramos, efeméride comemorada no domingo que antecede a Páscoa.
A torre dos sinos da Matriz possui duas peças forjadas em bronze. A menor pesa 250 quilos e a maior, 400 quilos, ambas estão instaladas a pouco mais de 18 metros do chão.
Antes do sistema eletrônico, segundo o padre Élcio Roberto de Góes, existia um arcaico engenho que ligava o relógio ao sino maior. Nas horas “cheias”, as engrenagens moviam o sino maior. A campana menor somente soava com a “intervenção” por meio de uma corda, o que ocorria minutos antes do início de cada missa.
“Não tínhamos ninguém que ficava responsável por tocar os sinos, pelo menos nos horários fixos das missas. Agora, com a programação, ninguém precisa tocá-lo, o sistema faz sozinho, pois programamos os horários de missa”, contou o pároco.
A automação dos sinos da Paróquia Nossa Senhora da Conceição foi acompanhada do polimento e pintura das campanas com tinta especial para bronze. O serviço foi realizado por uma empresa especializada, da cidade de Piracicaba.
Para proteger os instrumentos das intempéries – e dos pombos –, foram instaladas calhas, e o local passou por reforma. A tendência, segundo o padre, é que os sinos fiquem mais bem conservados com o passar dos anos.
“Os técnicos fizeram o serviço em quatro dias, mas foi um trabalho intenso. Teve um sábado que ficaram até tarde da noite para concluir. Foram colocadas novas engrenagens, um motor, e nós precisamos providenciar cabeamento elétrico para a torre”, explicou o religioso.
A obra de automatização dos sinos custou R$ 13 mil à paróquia. A ideia de modernizar o sistema surgiu no ano passado e apresentada no início deste ano à comissão de assuntos econômicos da igreja. Com a aprovação, foi dado início à campanha de arrecadação de fundos. Atualmente, foram amealhados 70% do valor.
“Estamos procurando pessoas que possam nos ajudar nessa empreitada. Acho que a nossa igreja fica completa com o mezanino reformado e a modernização dos sinos”.
De acordo com o padre, a paróquia não tem informações sobre o número de pessoas que realizaram doações para a modernização dos sinos. Muitos dos doadores entregaram dinheiro de forma anônima.
O pároco informou que a comunidade “abraçou” a ideia de automatizar os sinos, os quais têm “valor simbólico, religioso, histórico e cultural para a cidade”.
“Sempre que tocamos os sinos fora do horário habitual, as pessoas ligam para a paróquia querendo saber se ocorreu algo; da mesma forma quando deixávamos de tocar. Acho que eles são atrativos culturais de Tatuí”, opinou.
Construção centenária
A data de instalação dos sinos da paróquia é desconhecida. A igreja em si teve a construção iniciada em 9 de agosto de 1884, com a inauguração da pedra fundamental.
Segundo edição especial de O Progresso publicada em 2013 e produzida com base em documentos históricos e registros jornalísticos, a construção da igreja dedicada à Nossa Senhora da Conceição “consumiu” 550 mil tijolos.
Os blocos tiveram diversas fontes, parte deles comprados em olarias da cidade, obtidos por meio de doações ou retirados de um velho templo demolido, uma capela erigida na praça Coronel Fernando Prestes, atualmente denominada Praça da Matriz. Na construção, foram usadas 8.000 sacas de cal e 355 cargas completas de carroça.
Conforme registros, no ano de 1926, o templo já estava pintado e contava com as duas torres que distam 30 metros do solo à ponta das cruzes.
Em 2013, o atual pároco iniciou processo de revitalização e restauração da igreja, considerada o maior templo católico da cidade. Passaram por melhorias o Salão Pio X (entrada e salas), o presbítero (área onde fica o altar) e o calvário, no qual está localizada a figura de Jesus Cristo.
Dois anos depois, em 2015, o mezanino teve ampla reforma. As madeiras do piso passaram por revitalização e os cabos elétricos, por renovação. À época, a reforma foi orçada em R$ 70 mil, recursos obtidos por meio de dízimos e ofertas de fiéis.