Parlamentares e prefeitos articulam repactuação no atendimento do SUS

Novo planejamento pretende levar demanda a hospitais de cidades pequenas

O projeto da Rede Hospitalar Metropolitana foi apresentado durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento (foto: Brunno Vogah)

Deputados e prefeitos da RMS (Região Metropolitana de Sorocaba) aproveitaram o encontro em Tatuí, na segunda-feira, 31 de julho, para discutirem formas de desafogar a fila de cirurgias eletivas no SUS (Sistema Único de Saúde). Conforme levantamento apresentado pelo deputado federal Vitor Lippi (PSDB), dez mil pessoas aguardam cirurgias na região.

No atual modelo de divisão dos trabalhos, aplicado pelo DRS-16 (Departamento Regional de Saúde de Sorocaba), hospitais de cidades maiores, como Sorocaba, Itu, Itapetininga e Tatuí, absorvem a demanda dos municípios menores, uma forma de ganhar escala e reduzir os custos das cirurgias.

Na reunião do Conselho de Desenvolvimento da RMS, realizado no Conservatório de Tatuí, Lippi propôs um novo modelo de gestão das cirurgias eletivas, passando parte dos atendimentos para as cidades menores, criando “micropolos” de saúde.

O projeto, chamado de Rede Hospitalar Metropolitana, pretende reduzir as filas de espera nas cidades maiores, como Tatuí e Itapetininga, e absorver a capacidade ociosa dos hospitais localizados em municípios de menor porte.

“Temos dezenas de hospitais na nossa região, mas os das cidades menores estão vazios ou com menos da metade dos leitos ocupados. Só um ou outro local tem maior ocupação. Não faltam hospitais na nossa região, o que falta é uma reorganização dos leitos já existentes”, explicou Lippi.

Atualmente, as cidades menores não possuem atendimento em cirurgias eletivas por conta do diminuto número de operações que seriam realizadas em um mês.

Em alguns casos, não compensaria, em termos econômicos, a contratação de uma equipe formada por cirurgião, anestesista e enfermeiros para um grupo de cinco cirurgias em um mês.

Para resolver o impasse, o deputado propõe uma nova pactuação entre os municípios, reunindo a demanda em pequenas cidades, com cada uma delas tendo uma especialização diferente.

“A intenção é que mesmo os hospitais menores tenham pelo menos uma especialidade cirúrgica. Queremos agrupar a fila de oito a dez cidades para compensar a manutenção de uma equipe naquele hospital. O médico pode comparecer uma vez por semana e ‘limpar a fila’”, comentou.

Caso os municípios concordem com a reorganização, o DRS-16 será chamado para uma reunião e a proposta, apresentada. Para o deputado, a solução dará um “refresco” aos municípios em curto prazo e resolverá o problema em médio prazo.

O parlamentar prometeu verbas para a compra de equipamentos, como macas, aparelhos de diagnóstico e insumos aos hospitais da região que participarem da repactuação.

“Só pretendo fazer emenda parlamentar nas cidades que tiver planejamento. Peço para que os prefeitos façam um levantamento com os hospitais de suas cidades e nos informem quais as possibilidades cirúrgicas. Espero que ainda na primeira quinzena de agosto tenhamos um novo encontro com os prefeitos para discutir isso”, declarou.

A prefeita Maria José Vieira de Camargo comentou a proposta do deputado. Para ela, a Santa Casa de Tatuí carrega um “ônus econômico e social” por atender pacientes das cidades circunvizinhas. A divisão dos trabalhos pode facilitar o acesso dos tatuianos aos serviços de cirurgia na cidade.

“O tempo de espera acaba aumentando quando atendemos aos pacientes de fora. Esse plano deve melhorar o andamento da fila e dar melhor acesso à saúde em nossa cidade. Vamos estudar o tema com carinho e ver as nossas necessidades ao deputado”, comentou.

A deputada Maria Lúcia Amary (PSDB) afirmou ser necessária a busca de “soluções conjuntas” para os problemas metropolitanos, como as filas nas cirurgias do SUS. Com o atendimento nas cidades menores, será possível “humanizar a relação entre o hospital e paciente”.

“Não é possível que em 27 cidades tenhamos algumas sobrecarregadas e outras sem atendimento. Queremos descentralizar e humanizar a saúde pública, levando os médicos onde a população estiver”, opinou.