Sim, para quem pensou que não poderia piorar, surpresa: um inesperado surto de dengue no país todo a se somar à pandemia de Covid-19. Na prática, mais necessidade de cuidado preventivo por parte da população.
Pode ser óbvia a observação, mas não necessariamente, dada grande parte dos brasileiros estar se comportando como se não houvesse mais a contaminação pelo novo coronavírus, quando, isto sim, pode é não haver amanhã para ainda muitos.
Realidade injusta, lamentável, exatamente porque muitas dessas novas vítimas não serão os que mais desrespeitam a doença – no caso, em prejuízo aos mais idosos, infectados pelos mais jovens, possivelmente assintomáticos, embora inconsequentes e insensíveis para com os demais.
Caberia muito mais consciência, informação e empatia, mas, como estas virtudes andam mais em falta que as vacinas contra Covid, segue a importância de se ficar repetindo as mesmas coisas – as quais, sabe-se lá se até pela própria repetição, parecem não estar mais sendo ouvidas.
Na dúvida, seguem: não acabou a pandemia, é preciso “usar máscara”, higienizar-se com álcool em gel e, “na medida do possível”, evitar contato com outras pessoas, salvo as do núcleo familiar e de trabalho.
Mas, por quê? Porque pode acontecer de o indivíduo entender que “é atleta” e, portanto, está imune ao vírus, mas nem por isso ele tem direito de se imunizar contra um mínimo de humanidade e cuidado com os outros seres humanos.
Ou seja, não pode abstrair quase todos os brasileiros, que estão por aí, correndo atrás de pagar contas, não em esteiras de academia.
Neste sentido, é deveras significativo, por exemplo, não querer usar máscara o deputado bombadão e boca-suja, aquele que quer destituir e prender ministros, além de resgatar a tortura pelo estado no país… É um exemplo (a não ser seguido!).
E são exatamente bons exemplos que precisam ser evidenciados, a partir de cada cidadão que discorda da postura troglodita, alienada e golpista, de cada um que acredita no fato de o país estar precisando muito mais de vacinas que de revólveres nas mãos de civis candidatos a milicianos.
Isto já era vital, em nome da preservação da vida, porém, agora, exige-se ainda mais empenho, considerando-se que, contra a dengue, a maior prevenção é o cuidado dentro de casa – até porque não há nenhuma campanha de imunização dessa doença em estudo. Basicamente, é não deixar água parada. Só!
Quanto à outra campanha, contra a Covid-19, o nada inesperado acontece: estão acabando as vacinas. Enquanto países como o Canadá adquiriram lotes suficientes para vacinar três vezes toda a população, o Brasil seguiu em negacionismo durante o ano de 2020 todo.
Agora, vivencia-se a tétrica realidade, em que as novas variantes da Covid-19 – mais contagiosas – vão tomando o país de assalto em velocidade muito maior que a campanha de vacinação.
Trata-se de verdadeira corrida, em que a imunização compete com a contaminação, já perdendo de maneira vexatória, bem lembrando a fábula do cágado contra a lebre.
Neste momento, porém, com a desvantagem de que o quelônio parece estar descerebrado e muito mais preocupado com as bandeiras das próximas eleições que com a da linha de chagada final da vacinação.
Em paralelo e piorando ainda mais a situação, também segue acelerada a contaminação pela dengue. Os números em Tatuí representam muito bem mais esta nova agrura.
Para se ter ideia, os boletins informativos da Secretaria Municipal de Saúde, já na segunda-feira desta semana, 22, apontavam que o número de casos positivos de dengue chegara a 1.809 no município.
Desde o início de 2021, haviam sido 2.636 notificações de suspeitas. Deste total, 772 casos acabaram descartados, 1.809, confirmados e 55 ainda aguardavam resultados. Em pouco tempo, os casos locais já superaram os de 2020 todo, quando somaram 314.
Os números atuais, contudo, ainda têm aumentado diariamente. Somente nessa segunda-feira, 240 casos foram confirmados na cidade, 105 pessoas receberam atendimento médico e 288 passaram por consulta na Unidade de Atendimento à Dengue.
A secretaria orienta que todos os que apresentem febre, acompanhada, pelo menos, de dois sintomas, como náuseas, vômitos, manchas avermelhadas pelo corpo, dores nas articulações, de cabeça ou no fundo do olho, devem procurar a Unidade de Atendimento à Dengue, de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17h.
No período noturno e aos finais de semana, é necessário procurar a UPA (unidade de pronto atendimento). Conforme protocolo do Ministério da Saúde, todas as unidades básicas de saúde também atendem suspeitas de dengue, realizam as notificações, a coleta de exames e todas as ações necessárias.
Fundamental, diante da realidade dramática, que a população realmente bem intencionada, respeitando as orientações dos profissionais a trabalhar de fato pela saúde pública, mantenha os cuidados preventivos e, agora, não se esqueça de que a dengue representa “outro” problema, que não veio para substituir o desafio sanitário anterior, por este ainda não ter sido superado.
Muito pelo contrário, o país teve nesta quinta-feira, 25, o pico de mortes por Covid-19 em um único dia: 1582! E, para que ninguém se engane: muito mais que números, “eram” seres humanos.