Para continuar ‘quase’ sem dengue e Covid em Tatuí

O jornal O Progresso de Tatuí publicou reportagem na edição deste meio de semana, quarta-feira, 18, destacando a queda vertiginosa dos casos de dengue neste ano em comparação a 2021, quando a cidade sofreu um dos maiores surtos da doença no país – proporcionalmente, em relação à população.

Seguindo a mesma tendência de queda, o número de vítimas causadas pelo novo coronavírus também desabou de um ano para cá (lembrando que, neste período de 2021, os hospitais estavam atendendo muito acima de suas capacidades normais e as mortes eram diárias).

Ainda há quem, em delírio sectário, não reconheça a vacinação como o maior fator responsável pela nova realidade vivenciada na pandemia. Contudo, no mundo real – esse distante das fake news criminosas e politiqueiras das redes sociais -, os imunizantes já são reconhecidos como “a” causa de retorno à vida menos anormal.

No entanto, justamente pelo “desuso” das máscaras, a retomada das “aglomerações” nas mais variadas situações e o não raro descuido com a higienização, ocorre um fenômeno não necessariamente nacional, mas mundial: caem os óbitos e aumentam as contaminações.

Depois de queda também brutal, em seguida ao começo efetivo da vacinação – quando ainda os cuidados básicos eram observados e seguidos -, a contaminação sofre um significativo repique no momento, com confirmações crescentes de casos semana a semana.

Como acentuado, esse avanço não é meramente brasileiro, tampouco circunscrito a Tatuí, mas os números locais o demonstram claramente. O Progresso de Tatuí tem publicado, desde o início da pandemia, os índices de contaminação e óbitos a partir dos boletins da Vigilância Epidemiológica (atualmente semanais), os quais refletem fielmente a tendência mundial.

Não por outra razão, como exemplo, o médico tatuiano Jorge Sidnei Rodrigues da Costa, colunista deste jornal e especialista justamente em vacinas, em artigo publicado no final de semana passado, recomendou a volta do uso das máscaras de maneira constante, tal os demais cuidados já sabidos por todos.

Quanto ao número de casos positivos de dengue registrados nos quatro primeiros meses deste ano, a queda chega a quase 100% em relação a 2021. Nesse período, o município havia confirmado em torno de 60,6 mil casos positivos, contra 11 até a primeira quinzena de maio de 2022.

As informações são do Setor de Combate à Dengue e da Vigilância Epidemiológica, da Secretaria Municipal de Saúde, que acompanha e divulga os casos da doença.

No comparativo mês a mês, o índice de infecção da doença caiu de 193 casos em janeiro de 2021 para zero no primeiro mês deste ano; em fevereiro, a redução é de 2.374, em 2021, para um, neste ano; já em março, de 8.047 para 3; e, em abril, de 1.058 para 4.

“Com o surto de dengue, nossa equipe ganhou reforços. Agora, são 34 profissionais, atuando nas vistorias em imóveis e no combate aos criadouros”, afirmou Juliana Aparecida de Camargo Costa, coordenadora do setor.

“Com as ‘operações cata-treco’, por exemplo, retiramos toneladas de lixo dos lugares visitados durante o surto no ano passado. A iniciativa foi em conjunto com as secretarias do Meio Ambiente e das Obras”, contou ela.

“Já em parceria com a fiscalização da prefeitura e através do cadastro municipal, notificamos os proprietários de terrenos baldios, com ou sem muro, de casas não terminadas e abandonadas, para que fosse realizada a limpeza”, destacou Juliana.

“A nebulização portátil, feita por uma equipe terceirizada, também foi uma ação que contribuiu para a diminuição acentuada dos casos na cidade e é realizada no bairro de cada caso confirmado”, enfatizou a coordenadora.

O monitoramento agora também ocorre via aérea. “Estamos desenvolvendo um projeto-piloto com o uso de um drone, que tem sobrevoado uma determinada área com o objetivo de monitorar casas desocupadas”, informou Juliana. Para ela, a ferramenta ajudará a verificar se as caixas d’água estão abertas ou fechadas e se há possíveis lixos nos quintais.

Mesmo com os registros positivos, a profissional salientou ser importante a participação ativa da população nas ações de controle à doença e a receber os profissionais de saúde nas casas para o trabalho preventivo.

“Os agentes de saúde usam uniforme e crachá, e seus supervisores estão juntos durante a visita aos bairros. Hoje, Tatuí é exemplo no combate à dengue e não se pode baixar a guarda, já que diversas cidades do estado de São Paulo e do resto do Brasil vivem novamente um surto. O trabalho continua. A prevenção é a melhor arma de combate”, sustentou.

Medidas preventivas têm feito parte das salas de aula das escolas locais. “A Secretaria de Educação, sob administração da professora Elisângela Cecílio, tem colaborado com pautas e ações sobre a doença, realizando trabalhos e atividades com crianças e adolescentes. E há projetos futuros em estudo e que serão divulgados em breve”, completou Juliana.

Para que os números de infectados continuem em queda, a população precisa manter os cuidados com a limpeza dos quintais, não deixando as larvas do mosquito Aedes Aegypti se proliferarem.

Outras medidas importantes são usar repelente diariamente e instalar inseticidas domésticos e mosquiteiros nas janelas.

As denúncias podem ser esclarecidas e/ou informadas à Ouvidoria Municipal. O atendimento pode ser presencial, na antiga sede da Secretaria de Saúde, de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17h; pelos telefones (15) 3251-3576 e 0800-770-0665; ou ainda pelo www.tatui.eouve.com.br.

Pelos números, finalmente, é fácil notar que a dengue apresenta inversão quanto ao número de casos, bem menores quanto à tendência de confirmações de Covid-19. Porém, com algo agravante: não existe vacina contra essa doença (pelo menos para quem não a contraiu ao menos uma vez).

Para evitá-la, há a necessidade de se também manter os determinados cuidados, os quais se diferem no sentido de que, prioritariamente, têm a ver com o “ambiente externo” e não com o próprio corpo do cidadão.

Ou seja, embora repelentes ao mosquito Aedes Aegypti sejam aconselhados, vale muito mais o cuidado para não se deixar água limpa parada. Daí a importância da limpeza, especialmente nas residências.

Não obstante, para o combate eficiente a ambas as doenças, como se observa, há algo poderoso em comum: a conscientização!

Em outras palavras, apesar de tanto fanatismo, negligência à conciliação e tamanha desinformação, nunca a população precisou tanto de uma “consciência unânime e coletiva” – em última instância, até para sobreviver!