A memória dá vida
àquilo que não existe mais.
Dos dois aos oito anos de idade,
convivi com meus pais e minha irmã
em um rancho de barro, coberto de tabuinhas,
erguido na clareira da mata,
próximo à estrada arenosa
que ia para o povoado.
Decorridas tantas décadas,
às vezes me ponho a relembrar nossa existência
naquele rústico rincão longínquo…
Distante no tempo e no espaço,
ele vive magicamente no meu passado.
Foi o doce altar dos primeiros
tempos de minha santa infância.
Lugar onde meu pensamento
alçava seus voos sem malícia…
Nem mesmo sabia que voava
cruzando mistérios siderais
de um céu límpido e cristalino.
Nele, os casais de papagaios
passavam cantando suas canções
aquecidos pelo sol fagueiro.
Até hoje escuto aqueles papagaios
gorjeando, alegres,
no ouvido de minha memória…