De maneira já tradicional, o jornal O Progresso tem realizado edições especiais a cada aniversário da cidade, isso já há 26 anos, a serem completados neste próximo 11 de agosto, quando Tatuí, por sua vez, chaga aos 195 de fundação oficial.
Sempre, cada uma dessas publicações buscou resgatar aspectos históricos do município. Não por acaso, muitos desses trabalhos passaram a ser, inclusive, fontes de pesquisa para curiosos, historiadores e, sobretudo, profissionais de educação e estudantes.
O primeiro especial a figurar conteúdo além das então tradicionais mensagens de felicitações alusivas à data aconteceu, aliás, exatamente a partir de uma ideia pensada por um (querido) historiador, em conjunto e simultâneo à mudança de direção do jornal em 1995.
Assim, o especial desse ano teve a composição toda em torno de fotos do “tatuianíssimo” (e talentosíssimo fotógrafo) Erasmo Peixoto, empresário expoente na área de ótica da cidade, além de colunista, amigo fraterno e “consultor extraoficial” do jornal O Progresso por décadas.
Naquela oportunidade, reproduziram-se imagens reveladas por Erasmo Peixoto, em close, de pontos variados da cidade, como uma espécie de jogo, pelo qual os leitores tentavam identificar de onde haviam sido clicadas. As respostas se encontravam no encerramento do caderno de aniversário.
A partir de então, ganharam espaço as reportagens históricas propriamente – todas com a “tatuianíssima consultoria” do (não menos querido) historiador Renato Ferreira de Camargo, além da riqueza de imagens proporcionada por Peixoto. Sempre, sempre, relembrando e valorizando as tradições, a cultura e as peculiaridades locais.
A virtude mais valorizada em todos os especiais, portanto, tem sido, justamente, a abordagem positiva da bela e rica história tatuiana – como bem sugere quaisquer datas de celebração. É momento de festejar! Como não ser assim?
E então o problema (mais um) vivenciado em 2021 por conta da pandemia: como ser “positivo”? Como festejar ou mesmo representar algo bom em meio a tantos desafios, sofrimentos e perdas irreparáveis? Apelar ao passado tampouco parece amenizar a realidade, que não tem como ser desconsiderada.
Com esta consciência, o jornal optou por simplesmente não ignorar o presente e, em caráter excepcional, deixar o passado em suspenso. Se antes a intenção era reviver as glórias já vividas, agora, o propósito é perenizar as atuais adversidades – porém, ressaltando a única perspectiva animadora do momento, que tem sido o trabalho incansável, ininterrupto e abnegado pela preservação da vida.
Assim, em 2021, a edição comemorativa deixa de enfatizar os aspectos históricos do município para dar lugar a histórias de superação e, particularmente, de desprendimento e compaixão vivenciadas pelos profissionais da área de saúde.
Intitulado “Pandemia de Ternura”, o especial pretende ressaltar e valorizar não apena quem está dando exemplo de triunfos apesar das dificuldades, mas aqueles que estão, verdadeiramente, dedicando suas vidas a salvar a vida dos outros.
Para tanto, médicos, enfermeiros e demais profissionais da linha de frente de combate à Covd-19 estarão figurando a publicação. Entre a pauta, depoimentos de profissionais das redes pública e privada sobre a rotina de trabalho imposta pela pandemia
Testemunhos mostrarão como a intensificação do trabalho diário acabou afetando-lhes até a vida pessoal, embora nem assim os afastando da “missão” maior de enfrentar a doença – física e mental.
Embora todos reconheçam as dificuldades apresentadas por uma “nova” enfermidade – sobre a qual não se tinha conhecimento, tampouco tratamento ou prevenção -, também se mostram unânimes quanto aos sentimentos de conquista e gratidão quando alcançam a vitória, representada por cada vida preservada.
Episódios de recuperação inesperados não deixarão de ilustrar o especial, por sua vez, demonstrando que, também em meio ao caos, a fé e a esperança continuam vivas e fundamentais.
A vacinação é outro tema do especial, não por números e coberturas, mas pela perspectiva de quem, afinal, recebe (e reconhece) a imunização como uma bênção e o caminho mais seguro e real para a garantia da própria saúde e a de seus familiares.
Finalmente, as sequelas emocionais são observadas, por meio da experiência e visão de profissionais da área, que também estão se desdobrando para mitigar os problemas “da alma” gerados pela pandemia.
Com essa abordagem inusitada – como exige o momento -, o jornal O Progresso, que sempre tem revisitado o passado em suas edições especiais para marcar o aniversário de Tatuí, vai agora marcar o presente de luta pela vida para salvaguardá-lo ao futuro, a partir de uma grande homenagem aos profissionais da Saúde.