Augusto Lima da Silveira * / Ivana Maria Saes Busato **
Lavar as mãos com água e sabão é um hábito comprovadamente efetivo para evitar a transmissão não só do novo coronavírus, mas também de diversas doenças. Outro aliado em tempos de pandemia é o álcool 70%, um item indispensável quando é necessário sair do distanciamento social para a compra de mantimentos, por exemplo.
Mesmo com a comprovada efetividade em lavar as mãos, o álcool traz a praticidade de permitir a higienização mesmo quando não há água e sabão por perto.
O álcool etílico, nas concentrações iguais ou superiores a 70%, age principalmente na estrutura lipoproteica (uma camada composta de gordura e proteína) que envolve o vírus, causando a inativação e o bloqueio na capacidade de infectar os organismos.
Nesse contexto, o aumento no consumo de álcool 70% no mundo todo foi inevitável, além disso, ocorreu também a diversificação nas formas disponíveis da substância, já que é possível encontrá-lo na forma líquida e em gel, podendo ou não conter outros aditivos como essências e hidratantes.
É preciso, entretanto, tomar alguns cuidados para garantir a proteção contra doenças e, ao mesmo tempo, não correr riscos.
A primeira questão a ser considerada é o potencial inflamável do álcool etílico na concentração de 70%, portanto jamais fazer o uso próximo a chamas e fontes de calor, especialmente se estiver utilizando a formulação líquida.
A versão líquida foi responsável por causar muitos acidentes e, portanto, teve a comercialização proibida desde 2002 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Para aumentar a proteção durante a pandemia, o álcool 70% líquido retornou ao mercado, após autorização especial e temporária da Anvisa.
Considerando o potencial risco dessa formulação líquida, especialmente quando está ao alcance de crianças, é preferível o uso da versão em gel, pois garante a mesma proteção contra o novo coronavírus e apresenta menor potencial inflamável.
Outro aspecto importante é a concentração do álcool, que deve ser igual ou superior a 70% para a efetividade. Por isso é essencial ficar atento ao rótulo do produto, pois há diversas concentrações disponíveis para a comercialização.
Usar uma concentração abaixo de 70% apresenta elevado risco, já que não é suficiente para inativar o vírus e, ao mesmo tempo, dá ao usuário a sensação de que está protegido, quando na verdade tem as mesmas chances de contrair a doença de antes do uso.
O armazenamento é também um fator importante e deve ser realizado distante de fontes de calor, em locais limpos e que não recebam diretamente luz solar.
Sempre que não estiver em uso, o frasco deve permanecer fechado e não conter danos que permitam a exposição do produto. Esses cuidados garantem a manutenção da concentração e, portanto, a efetividade nas futuras higienizações.
Por fim, é importante avaliar a procedência, pois problemas na fabricação e processos clandestinos também comprometem a qualidade e a eficiência.
Se estiver em dúvida quanto à procedência, é possível verificar no site da Anvisa se o produto é aprovado, o que garante maior confiabilidade.
Não deixe de se proteger, mas escolha com cuidado o álcool 70% e garanta um bom armazenamento. Seguindo as orientações recomendadas, é possível se proteger do novo coronavírus com riscos mínimos de acidentes.
* Coordenador dos cursos saneamento ambiental e gestão em vigilância em saúde na modalidade a distância do Centro Universitário Internacional Uninter.
** Coordenadora dos cursos gestão hospitalar e gestão de saúde pública na modalidade a distância do Centro Universitário Internacional Uninter.