O número de acidentes com escorpião alcançou 13 notificações neste ano, conforme relatório da Vigilância Epidemiológica divulgado a O Progresso na quinta-feira, 17. Ainda segundo o órgão, não houve nenhum óbito e nem casos de hospitalização por picadas.
As vítimas têm entre 21 e 58 anos, sendo sete homens e seis mulheres, moradores dos bairros Tanquinho, vila Dr. Laurindo, centro, Santa Cruz, vila Jurema, vila Brasil, Novo Horizonte, Mirandas, Valinho, San Rafael e Jardim América. Além disso, um morador de São Bernardo do Campo e outro de Caeiras registraram acidentes na VE.
No ano de 2017, ocorreram 37 notificações de acidentes com escorpiões. No ano passado, o número subiu 43,2%, chegando a 53 casos, e, nestes primeiros dias de 2019, tem ocorrido quase um caso por dia.
No mesmo período, 25 casos de aparecimento de escorpiões dentro de casas e lotes foram notificados no Centro de Controle de Zoonoses.
O número de aparecimentos também já é maior do que o registrado nos 12 meses de 2017, quando o departamento recebeu 23 notificações, e ainda representa quase a metade dos casos de janeiro a dezembro do ano passado, quando 47 aparecimentos foram registrados no setor.
Na terça-feira, 15, a prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde, em conjunto com a Unimed local, realizou reunião para padronização do atendimento às vítimas de animais peçonhentos, especialmente escorpiões.
A reunião contou com a presença da secretária interina da Saúde, Kátia Abuchaim, da diretora de Vigilância em Saúde, Maria Aparecida Marques de Oliveira, da diretora do Planejamento e Gestão Estratégica da Saúde, Tirza Luiza Meneses de Melo Meira Martins, da coordenadora do Pronto-Socorro “Erasmo Peixoto”, Roberta Lodi Molonha, e da coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Rosana Oliveira.
Além das representantes da Saúde municipais, estiveram presentes o diretor do Centro de Controle de Zoonoses de Tatuí, José Rebouças; o visitador sanitário do Centro de Controle de Zoonoses, Samuel Gimenez; o vice-presidente da Unimed Tatuí, Thyrso Menezes da Silva; e o diretor clínico do Hospital da Unimed, Antônio de Pádua Prestes Miramontes.
O encontro ainda foi acompanhado pelas supervisoras da educação infantil da Secretaria Municipal de Educação, Ângela Roarelli e Denise Badin, que realizarão um trabalho conjunto com a Secretaria de Saúde a fim de intensificar as medidas de prevenção e os procedimentos pós-acidente nas creches e escolas municipais.
De acordo com a enfermeira Roberta, nessa reunião, foi padronizado o protocolo de atendimento que deve ser realizado na rede pública e na saúde privada.
“Na verdade, seguimos um protocolo do Ministério da Saúde, mas fizemos esta interação para que a rede privada soubesse como funciona o atendimento na saúde pública. Até porque o acesso ao soro antiescorpiônico, por exemplo, é pelo sistema público. Então, a gente precisa que eles tenham a mesma conduta”, salientou.
A coordenadora conta que uma das preocupações do setor era esclarecer a rede sobre o uso do soro antiescorpiônico, para que pudessem ser transmitidas as informações necessárias aos pacientes.
“Queremos que a população entenda que o soro não é necessário em todas as picadas. Eles iam à Unimed, queriam o soro; viam aqui, queriam o soro. Então, quisemos esclarecer estes questionamentos com todos os médicos, para que este tipo de atendimento seja alinhado entre o setor público e privado”, ressaltou.
Roberta orienta que, em caso de pacientes vítimas de animais peçonhentos, é necessário procurar imediatamente o pronto-socorro ou o hospital da Unimed, onde ocorrerá a triagem do paciente, sendo encaminhado para o atendimento imediato.
“Como a picada é muito dolorida, nós vamos realizar o bloqueio com anestésico e soroterapia para alívio da dor, aliado a um medicamento para reduzir os riscos de alergia”.
“Depois disso, a pessoa permanecerá em observação médica por, aproximadamente, quatro horas, para que, então, seja considerado ou não o uso do soro”, explicou.
A coordenadora destaca que não é o soro antiescorpiônico que promove o alívio da dor e que, se aplicado em casos considerados leves, pode provocar reações alérgicas no paciente. A “vacina” é usada apenas em casos de reação sistêmica, em que a pessoa começa a apresentar outros sintomas além dos considerados “normais”.
“O soro não é necessário em todos os casos. Este é o grande problema que a gente tem: pessoal chega aqui, acha que tem que tomar o soro, e não pode. A administração do soro é indicada somente em casos considerados graves. Por isso, tem o período de observação”, reforçou.
Outra orientação dada pela enfermeira às pessoas vítimas de picadas de animais peçonhentos é não amarrar o local da picada, nem tentar fazer sangrias ou outros procedimentos em casa. O recomendado é lavar o local apenas com água e sabão e procurar um serviço de saúde o mais rápido possível.
“O pessoal chega aqui no PS com o local amarrado, com torniquete, e não pode. Assim, você concentra o veneno em uma região só e aumenta a chance de necroses e feridas. É só lavar e correr para o hospital”, acentua.
O visitador sanitário Gimenez explica que os acidentes com escorpiões tendem a se intensificar no verão, já que o calor diminui a umidade dos esconderijos, o que provoca o deslocamento deles na procura de lugares mais adequados. No entanto, o aparecimento pode ocorrer durante todo o ano.
“Como no verão, há a incidência de chuvas fortes, esses abrigos, muitas vezes, são alterados, fato esse que os obriga a procurar outros abrigos escuros e úmidos. Mas, acidentes podem ocorrer em qualquer período do ano”, explicou.
O visitador salienta que o combate ao escorpião é difícil, pois não existe veneno 100% eficaz, sendo “a única alternativa a prevenção”.
Entre as ações preventivas, Gimenez destaca que, além de manter quintais limpos, é necessário realizar a vedação de possíveis entradas, como ralos de saída de água pluvial, portas e janelas.
Já dentro de casa, a indicação é manter os móveis afastados das paredes por cerca de dez centímetros, não deixar toalhas e roupas em geral secando encostadas nas paredes e ou tocando o chão, verificar os sapatos e tênis, virando-os com a abertura para baixo e sacudindo uma ou duas vezes antes de calçá-los, não deixar lençóis e roupas de cama encostados no chão e vedar frestas nas paredes.
A assessoria de comunicação da prefeitura informou, por meio de nota, que o Departamento de Fiscalização está fazendo um mutirão para notificação de terrenos sujos na cidade, desde o mês de dezembro.
A diretora de fiscalização, Débora Miranda Sinisgalli, informa que a legislação prevê prazo de 15 dias, após a notificação, para que se faça a limpeza do terreno. Passado esse prazo, o fiscal faz nova vistoria.
Os munícipes devem notificar os casos de terrenos sujos pelo telefone (15) 3259-8463, ou na ouvidoria online da prefeitura (www.tatui.sp.gov.br/serviços/ouvidoria).
Se o morador encontrar um escorpião em casa e quiser recolher, o visitador aconselha o uso de luvas e um recipiente longo e de “boca” grande, para encostá-lo no escorpião e fazer com que ele entre no recipiente, que deve conter álcool.
Depois, é só levar o recipiente até o Centro de Controle de Zoonoses, situado na rua José Ortiz de Camargo, 594, centro, para identificação e mapeamento sobre o aparecimento e localização dos tipos de escorpiões. Mais informações pelo telefone (15) 3305-8890.