José Renato Nalini *
Esta indagação é um dos versos das “trovas acadêmicas” da São Francisco: “Onde é que mora a amizade, onde é que mora a alegria? No Largo de São Francisco, na velha Academia…’.
Pois é. Os estudantes iam para a faculdade muito entusiasmados, alegres, sabendo que iriam conversar com colegas, ouvir coisas fabulosas dos lentes respeitados, paquerar. Havia de tudo no curso de bacharelado.
O patriotismo era algo ínsito ao estudante de Ciências Jurídicas e Sociais. Não era necessário explicar o que seria “Estado de Direito” e “Democracia”. Conceitos univitelinos. Algo que, formalmente, perdura até hoje. A República Federativa do Brasil é um “Estado de direito de índole democrática”.
O que parece ter desaparecido é aquele amor entranhado à Pátria que se traduzia também no amor pelos colegas e amigos. Formavam-se “tribos”, depois “galeras”, mas elas eram unidas, coesas, conviviam fraternalmente.
Uma celebração do Dia da Pátria era a culminância de um preparo que acontecia em todas as escolas, fossem públicas ou privadas. Formavam-se os batalhões, o professor de educação física ensinava a marchar, treinavam-se as fanfarras e a glória para qualquer aluno seria integrar essa verdadeira banda, para a qual havia ensaios durante todo o mês de agosto.
Outro destaque honorífico era carregar a bandeira nacional, a bandeira paulista e a bandeira do colégio. Havia disputa com o preparo de um pronunciamento submetido à votação dos colegas.
Era uma disputa acirrada, para, no 7 de setembro, envergando uniforme reluzente, defender a honra de sua escola numa verdadeira competição. Pois os municípios costumavam entregar troféus para as maiores representações, para a melhor fanfarra, para o melhor conjunto, havia multiplicidade de critérios para a eleição dos que mereciam o pódio.
Todos se envolviam nessa festa cívica. Os mais criativos elaboravam “evoluções”, exercícios que a fanfarra faria, junto ao palanque onde se postavam as autoridades. Enfim, era algo que movimentava e motivava toda a família escolar.
Tempos bons. Não havia polarização. O máximo seria uma emulação respeitosa. Tudo pela Pátria, que podia contar com seus filhos impregnados de respeito e devoção. Será que um dia isso voltará? Onde foi morar agora a amizade?
* Reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e presidente da Academia Paulista de Letras – 2021-2022.