As obras de revitalização e a finalização da nova infraestrutura do prédio do antigo matadouro, que abrigará o MIS (Museu da Imagem e do Som) de Tatuí, devem começar ainda no primeiro trimestre de 2020.
“A previsão da Secretaria de Turismo de São Paulo é assinar o convênio com a prefeitura até dezembro e promover o processo de licitação até janeiro, para iniciar as obras ainda em fevereiro”, informou o secretário do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude Cassiano Sinisgalli.
O anúncio foi feito na quinta-feira, 17, data em que a Secretaria de Turismo confirmou a liberação de recurso de R$ 373.874,11, por meio de publicação no Diário Oficial do Estado de São Paulo (Dosp).
Os recursos, destinados aos MITs (municípios de interesse turísticos) serão recebidos do governo do estado de São Paulo, por meio do Dadetur (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos).
A aprovação do recurso já havia sido anunciada pelo presidente da Amitur (Associação Brasileira dos Municípios de Interesse Cultural e Turístico), Jarbas Favoretto, durante o 2º Encontro Municipal de Turismo, promovido no dia 24 de setembro, no Sítio do Carroção.
Na ocasião, o presidente ainda informou que o Conselho de Orientação e Controle (COC), do Fundo de Melhoria dos Municípios (do qual ele faz parte), havia aprovado outros 56 pleitos de 34 cidades, referentes ao ano de 2019. Todos foram confirmados na publicação do Dosp.
“Com a fala do Jarbas Favoretto, nós já sabíamos que o nosso projeto havia sido aprovado, porém, de forma informal. A publicação formaliza a liberação do recurso e, oficialmente, podemos dizer que fomos contemplados com o recurso”, explicou o secretário.
A proposta de investir a verba do Dadetur na revitalização e ampliação do antigo prédio do Matadouro Municipal, situado na avenida Domingos Bassi, esquina com a avenida João Batista Correia Campos, já havia sido apresentada e aprovada pelo Comtur (Conselho Municipal de Turismo), em reunião no dia 28 de agosto deste ano.
Sinisgalli ressalta que a avaliação e aprovação do COC é o primeiro passo, dentro da Secretaria de Turismo, para a liberação do recurso. A segunda etapa deve ser realizada até o dia 15 de novembro, quando termina o prazo de entrega das documentações a serem submetidas a análise técnica do Dadetur.
“Já estamos bem adiantados com o processo. Como já sabíamos que o projeto do município tinha sido aprovado para receber o recurso, nós demos andamento nas documentações e estamos com quase tudo pronto para encaminhar à Secretaria de Turismo”, frisou o secretário.
Após a análise técnica e aprovação das documentações, o convênio é formalizado em cerimônia com o governador de São Paulo, João Dória. Depois, a prefeitura licitará a obra, executará o convênio e o recurso será liberado.
Segundo Sinisgalli, a liberação do recurso do programa MIT garantirá a reforma e a finalização de toda a parte estrutural do prédio que abrigará o MIS. Contudo, as ações referentes à instalação do novo equipamento incluem uma segunda etapa, destinada à formação de curadoria para coordenar o espaço.
“Toda a parte da infraestrutura a gente vai conseguir terminar com o recurso. Agora, a parte de expografia ainda estamos correndo atrás de leis de incentivo e de algumas empresas que vão nos ajudar”, salientou o secretário.
Ainda conforme ele, o total do investimento completo é avaliado em, aproximadamente, R$ 900 mil. “Já conseguimos R$ 337 mil só na parte de infraestrutura; agora, a gente vai percorrer o percurso para fazer toda a expografia como foi definido pelo projeto”, completou.
Sinisgalli acentua que a revitalização do prédio e a ativação do Museu da Imagem e do Som devem colaborar com a busca pelo título de estância turística e valorizar os pontos de visitação e atrativos turísticos já existentes.
“Com a confirmação oficial de que conseguimos o recurso do Dadetur, podemos ressaltar dois pontos muito importantes e essenciais na busca pelo título de estância turística: a criação de um atrativo turístico e a preservação de mais um patrimônio histórico”, mencionou o secretário.
A revitalização do prédio do primeiro matadouro municipal (datado de 1859) começou no final de outubro de 2017. Para a prefeita Maria José Vieira de Camargo, além de “fundamental do ponto de vista histórico, o restauro contribui para o reforço de uma das principais características de Tatuí”.
“O trabalho é decorrente de uma obra que se iniciou por necessidade (a reconstrução da ponte do Jardim Junqueira), mas atende aos critérios do MIT”, lembrou.
Desde maio de 2017, Tatuí integra a lista de cidades paulistas reconhecidas como MIT, que começaram a receber recursos do governo de São Paulo para investimento em turismo. Mas, até então, a obra do MIS estava sendo realizada com recursos próprios.
Maria José ressalta que o recurso do Dadetur permitirá ao município agregar novo dispositivo de atração de visitantes, cumprindo meta de permanência entre os MIT, submetidos a reclassificação periódica.
A prefeitura quer viabilizar, no novo espaço, apresentações musicais, exposições permanentes e itinerantes, entre outras ações. Para a prefeita, a obra marca a entrega de um novo ponto turístico. Também permite aos tatuianos e visitantes conhecerem um pouco mais da história da cidade.
“Este edifício centenário estava totalmente jogado entre as árvores. Hoje, estamos revitalizando, para dar mais visibilidade a ele, e, com o MIS, poderemos valorizar o passado, contando sobre as pessoas que fizeram parte da história de Tatuí”, comentou a prefeita.
De acordo com a arquiteta Veridiana Petinelli – responsável pelo projeto de restauração -, o intuito da ação junto ao futuro MIS é diagnosticar as patologias encontradas em vários pontos do edifício e corrigi-las com técnicas construtivas e materiais utilizados no passado.
“Fizemos um trabalho de garimpo por todo o prédio, e pode-se dizer que executamos um trabalho parecido com o de um arqueólogo”, afirmou Veridiana.
Ela explica que, para iniciar a restauração, a equipe responsável pelo projeto precisou levantar quais tijolos foram utilizados na construção, desenterrar peças escondidas e limpar os tijolos da fachada principal.
“Com isso, descobrimos quais eram os tamanhos das aberturas originais, e, desta forma, estamos procurando deixar o prédio o mais próximo possível do que foi no passado”, explicou a profissional.
Para a arquiteta, “restaurar é um trabalho que garante a permanência dos sistemas construtivos e da história para gerações futuras”.
“Com este trabalho, estamos colaborando com a sociedade de várias formas: cultural, turística, intelectual e outras. Por isso, temos que valorizar cada vez mais o pouco que nos resta e fomentar políticas públicas para incentivar, de maneira efetiva, a preservação do nosso patrimônio histórico”, acentuou.
A arquiteta sustentou que, apesar de muitas partes do prédio terem sido alteradas ao longo do tempo, algumas “relíquias” foram encontradas durante os trabalhos iniciais.
A equipe responsável pelo restauro descobriu portas de folha de madeira fixa, uma série de ganchos chumbados na parede, usados para pendurar peças de carnes bovinas, e tijolos com características e dimensões únicas, datados do século 18.
“Neste trabalho especificamente, confesso que tivemos sorte: encontramos uma porta original e duas janelas, porém, em péssimo estado de conservação, pela ação do tempo. Elas serviram de modelo para a construção de réplicas que serão instaladas no museu”, contou.
Além da restauração interna, o projeto inclui paisagismo e iluminação na área frontal, construção de banheiros e adaptação na área externa para atender ao público.
“Desde que entramos para a lista do MIT, realizamos uma série de obras e revitalizações nos pontos turísticos e equipamentos culturais já existentes na cidade. Agora, fomos contemplados com mais este belíssimo projeto que é o MIS”, concluiu Sinisgalli.