O Rei de Quase Tudo





Ninguém cruza nosso caminho por acaso e nós não entramos na vida de alguém sem nenhuma razão.
Chico Xavier)

O Rei de Quase Tudo

O Rei de quase tudo tinha quase tudo. Tinha terras, exércitos e tinha muito ouro. Mas, o Rei não estava satisfeito com o quase tudo.

Ele queria tudo. Queria todas as terras. Queria todos os exércitos do mundo. E queria todo o ouro que ainda houvesse.

Assim, mandou os seus soldados à procura de tudo. E mais terras foram conquistadas. Outros exércitos foram dominados. Nos seus cofres já não cabia tanto ouro. Mas o Rei ainda não tinha tudo. Continuava o Rei de quase tudo.

Por isso ele quis mais. Quis as flores, frutos e os pássaros.  Quis as estrelas e quis o sol. Flores e frutos e pássaros lhe foram trazidos. Estrelas foram aprisionados e o sol perdeu a liberdade.

Mas o rei ainda não tinha tudo. Porque tendo as flores, não lhes podia prender a beleza e o perfume. Tendo os pássaros, não lhes podia prender o cantar. Tendo as estrelas, não lhes podia prender o brilho. E tendo o sol, não lhe podia prender a luz.

O Rei era ainda o Rei de quase tudo. E ficou triste.

Na sua tristeza saiu a caminhar pelos seus reinos. Mas os reinos eram agora muito feios. As flores e os frutos tinham estrelas e o dia não tinha sol.

E triste como ele eram os seus súditos. Então o Rei de quase tudo não quis mais nada.

Mandou que devolvessem as flores aos campos e que entregassem as terras conquistadas. Mandou que plantassem árvores para que dessem frutos e que soltassem os pássaros.

Mandou que distribuíssem as estrelas pelo céu e que libertassem o sol.

O Rei ficou feliz… Na sua imensa alegria sentiu a PAZ. E sentindo a paz, o Rei viu que não era mais o rei de quase tudo. Ele agora tinha tudo.

Cruz Trocada

Há uma poesia chamada “Cruz Trocada”, que fala de uma mulher que, cansada, achou que sua cruz era mais pesada do que a das pessoas à sua volta, e desejou trocá-la por outra.

Certa vez sonhou que tinha sido levada a um lugar onde havia muitas cruzes, de diversos formatos e tamanhos. Havia uma pequena e linda, cravejada de ouro e pedras preciosas.

Ah! Esta eu posso carregar facilmente, disse ela. Então tomou-a mas seu corpo frágil estremeceu sob o peso daquela cruz. As pedras e o ouro eram lindos, mas o peso era demais para ela.

A seguir, viu uma bonita cruz, com flores entrelaçadas ao redor de seu tronco e braços. Esta seria a cruz ideal. Então pensou, tomou-a mas, sob as flores haviam espinhos que lhe feriram os ombros.

Finalmente, mais adiante, viu uma cruz simples, sem joias, sem entalhes, tendo apenas algumas palavras de amor escritas em seus braços.

Pegou-a, e viu que era a melhor de todas, a mais fácil de se carregar, e enquanto a contemplava, banhada pela luz, que vinha do céu, reconheceu que era a sua própria cruz.

Ela a havia encontrado de novo, e era a melhor de todas e a que lhe pareceu mais leve. Deus sabe melhor qual é a cruz que devemos carregar. Nós não sabemos o peso da cruz dos outros.

Invejamos uma pessoa que é rica, a sua cruz é de ouro e cravada com pedras preciosas, mas não sabemos o peso que ela tem.

Ali está outra pessoa cuja vida parece muito agradável. Sua cruz está ornada de flores. Se pudéssemos experimentar todas as outras cruzes que julgamos mais leves do que a nossa, descobriríamos, por fim, que nenhuma delas é tão certa para nós como a nossa. Deus está com você, lhe ajudando a carregar a sua cruz.