O que é ser feliz para você?

RAUL VALLERINE

Com o tempo, você vai percebendo que, para ser feliz, você precisa aprender a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.

Mário Quintana

Quando lemos alguma frase como a do título do texto nas mídias sociais prontamente compartilhamos e nos identificamos com algo mais profundo a respeito desse estado maior de alegria. Mas, será que você tem conseguido ser feliz com o que você é hoje?

Mas será que colocar a felicidade, a vida e as relações em cima dessa ideia é o caminho real para sentir-se feliz? Muitas pessoas dizem que felicidade não existe; o que existe são momentos felizes.

Outras se dizem felizes o tempo inteiro, e ainda outras não sabem ao certo o que sentem, pois são vulneráveis aos acontecimentos: se a situação for favorável, se sentem muito alegres; se há frustração, se sentem péssimas. Mas, afinal de contas, o que significa essa tal felicidade, tão almejada?

Para analisarmos melhor essa questão, é importante pontuar a diferença entre alegria e felicidade. A alegria é um fenômeno que ocorre “para fora”, por isso conseguimos percebê-la com mais facilidade. Tem a ver com euforia, comemoração, risadas, vibração. É algo que pode ocorrer mesmo quando o indivíduo está infeliz.

Já diz o ditado: “por fora bela viola, por dentro, pão bolorento. Já a felicidade é um sentimento que ocorre “para dentro”. Tem a ver com satisfação, contentamento, bem-estar, plenitude.

É algo que acontece no mundo interior e diz respeito a um estado profundo de paz, tranquilidade e serenidade. Portanto, é totalmente possível alguém estar com o semblante fechado ao mesmo tempo que degusta uma enorme sensação de felicidade.

É importante pontuar que costumamos associar felicidade ao dinheiro, mas isso não é verdade. Claro que, sem recurso, não conseguimos ser felizes, mas tê-lo em demasia não nos garante nada.

Um famoso estudo feito e divulgado por um jornal de grande circulação comparou os níveis de felicidade de pessoas comuns com os de ganhadores na loteria. A conclusão foi surpreendente.

Os pesquisadores descobriram que os níveis eram praticamente idênticos. A alegria era intensa num primeiro momento, porém não tinha durabilidade. Logo em seguida começavam os problemas.

Pensamos que para alcançarmos a felicidade é preciso três condições fundamentais. A primeira tem a ver com a forma de ver a vida. Pessoas mais resignadas tendem a ser mais felizes.

Resignar não significa deixar de ir à luta. Ao contrário. Significa lutar pelo que é possível e aceitar sem revolta, frustrações inerentes à vida.

Aqueles que são menos resignados, portanto mais inconformados com isso, costumam desenvolver um estado silencioso de revolta, que acaba culminando numa espécie de angústia.

A segunda é dispor de condições para viver o mais longe possível do desconforto físico, mental e material, e conseguir desfrutar da paz.

Mas é interessante perceber que muitos, ao chegar nesse estágio de “calmaria”, se entediam e tratam logo de arrumar um jeito de estragar o equilíbrio. A paz tão buscada é, muitas vezes, insuportável quando alcançada. Quando parece que está tudo em ordem, o indivíduo vai lá e sabota alguma coisa para atenuar a sensação de tédio que a tranquilidade traz.

E a terceira questão que contribui para a felicidade é conseguir desfrutar o máximo possível de momentos particularmente agradáveis, que muitas vezes têm a ver com prazeres simples da vida, como um encontro entre pessoas queridas, a leitura de um livro interessante, filmes, a prática de um esporte favorito, passeio por determinados lugares, um momento de aconchego do par afetivo. Coisas simples, mas grandes promotoras de prazer.

A filosofia de Aristóteles nos lembra que a felicidade só existe por meio das nossas virtudes: o ser humano só é feliz se desenvolver o melhor que tem dentro de si.