O Presépio!





O Natal faz a gente aproximar distâncias, cruzar fronteiras e formar novos laços de paz e amizade. Façamos então desta festa uma bela contemplação de harmonia, um presépio em nossos corações risonhos, uma estrela iluminando nossos sonhos.

O Presépio!

Está chegando o Natal do Senhor e a alegria de montarmos, em família, nosso tradicional presépio. O que poucos sabem é que a tradição do presépio começou com São Francisco de Assis ao preparar um presépio vivo, na cidade de Greccio.

Quando Francisco de Assis chegava, os pastores largavam os cajados, o gado parava de mugir, os regatos cantavam alegremente, os passarinhos pulavam contentes de ramo em ramo, e os velhos, as mulheres e as crianças olhavam o céu azul, agradecendo a Jesus a vinda do mensageiro da paz e da bondade.

Um dia, Francisco chegou triste a Greccio e por toda parte que andou, vira a mesma febre, o mesmo entusiasmo, a mesma alegria. Eram os preparativos para a comemoração do dia de Jesus.

Eram os assados, os bolos, as compotas, as frutas, as massas e os vinhos que deveriam enfeitar as mesas na tão esperada hora da ceia. Eram roupas vistosas tiradas das arcas e passadas a ferro com esmero, pois todos queriam mostrar-se brilhantes na grande festa.

Francisco, porém, estava triste. Em nenhum semblante vislumbrara piedade cristã; estava triste. Em nenhuma casa notara recolhimento; em nenhum coração sentira Jesus.

Sentou-se, abatido, num banco tosco, fechou os olhos, e deixou que o pensamento o levasse à antiga Palestina. Esteve em Belém, na Tiberíades, em Cafarnaum, na Samaria, em Jericó, na Betânia, em Cana, no Jordão, em Jerusalém, no Calvário, onde falecera o Mestre.

Viu Jesus pobre, sem ter onde nascer; viu José trabalhando sem descanso de sol a sol; viu Maria, humilde e sofredora; viu Jesus pregando a caridade e o amor ao próximo; viu Jesus caluniado e esbofeteado; viu Jesus orando no Monte das Oliveiras, na véspera da crucificação.

E ouviu Jesus dizer: – Eu sou a ressurreição e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim. Não ajunteis tesouros na terra. Olhai os lírios do campo, não fiam nem tecem; não obstante, vestem-se com mais pompa do que as roupas de Salomão. Eu sou o caminho, a verdade e a vida.

Francisco abriu os olhos, e duas lágrimas rolaram pelas faces pálidas. Eis, então, que se levantou, e nos lábios antes contraídos, um sorriso aflorou.

Uma ideia, uma ideia de Santo, fê-lo correr por toda a aldeia. Por que não erguer, numa pequenina Praça de Greccio, um presépio vivo?

Por que não reunir toda a gente e comemorar o Natal recordando o Salvador? Foi a todas as casas, a todos convenceu, e à tardinha tudo estava pronto.

Maria, José, o carneiro, o burrinho, a manjedoura. Só faltava Jesus! A pequenina igreja de Greccio não tinha uma imagem do Menino.

Um bebê não suportaria o duro frio que gelava a cidadezinha. Um pastor quis ir correndo, a uma aldeia próxima, na esperança de conseguir a imagem tão desejada. Francisco não consentiu.

A noite chegou, alumiada por uma multidão de estrelas. E, ajoelhados ao pé do presépio vivo, todos o ouviram exclamar com ardor: – Glória a Deus nas alturas! Paz na terra aos homens de boa vontade!

No mesmo instante, uma figurinha de imensa doçura apareceu deitada na palha que Maria delicadamente afofara. Era o Menino Jesus. Era o Menino Jesus que entrava no coração da gente simples de Greccio. Vamos nos preparar e também os nossos lares para recepcionar a vinda do Menino Jesus que irá nascer.