O fenômeno da miscigenação, sem igual no mundo, fez do brasileiro um “povo novo”

Aqui, Ali, Acolá

José Ortiz de Camargo Neto *

Frase do dia: “Eu não sou branquinho nem pretinho, minha dona é moreninha, eu tenho muitos mulatinhos, salve. salve, salve a mulatada brasileira” (Martinho da Vila).

Caros amigos,

Gostaria de colocar aqui um trechinho de nosso novo livro “História Secreta do Nordeste” que se encontra em impressão e, logo estará disponível ao público:

“Surgimos da confluência do entrechoque e do caldeamento do invasor português, com índios silvícolas e campineiros e com negros africanos (…) Nessa confluência, que se dá sob a regência dos portugueses, matrizes raciais díspares, tradições culturais distintas (…) se enfrentam e se fundem, para dar lugar a um povo novo (…) uma etnia nacional (…) fortemente mestiçada (…) (um povo que) se vê a si mesmo e é visto como uma gente nova, um novo gênero humano, diferente de quantos existam” (Darcy Ribeiro, sociólogo).

Ao contrário do que afirmaram muitos cientistas preconceituosos do passado, a miscigenação melhora substancialmente um povo, dotando-o de novas qualidades, motivo pelo qual mestiços como Machado de Assis, Rui Barbosa e Castro Alves iluminaram o céu do Brasil e de outros países com suas obras, pois a fusão não é apenas étnica, é artística, cultural, sobretudo afetiva, gerando novas modalidades de música, de literatura, de pintura e tantas outras.

A novidade a que Darcy Ribeiro se refere advém justamente do fato, como ele disse, de ser o brasileiro um povo basicamente miscigenado, fundido, racialmente, artisticamente, culturalmente, socialmente. De modo que se pode dizer que no Brasil a cor da pele ou traços fisionômicos pouco ou nada significam, pois muitos indivíduos brancos são, na verdade, descendentes de índios e portugueses, ou portugueses e negros africanos, ou ainda resultado, da mistura dessas três etnias, sendo, portanto, mestiços e não brancos.

Também se pode dizer, de muitas pessoas de pele negra, que são na verdade filhos de brancos e africanos e/ou indígenas, por conseguinte mestiços também, como o são os caboclos de pele amorenada, os mulatos, os cafuzos…

Motivo pelo qual é comum, na mesma família, nascer uma criança branca, outra morena e uma terceira negra que depois se miscigenam com os imigrantes alemães, italianos, libaneses, japoneses e outras etnias, fornecendo a explicação para a incrível diversidade de tipos humanos do país, que só enriquecem a nação por sua variedade dentro de uma unidade energética que forma uma espécie de “alma” nacional.

Salve o “povo novo” brasileiro, salve, salve!

Até breve.

* Jornalista e escritor tatuiano