RAUL VALLERINE
Realize uma parada obrigatória na despensa e na geladeira antes de ir ao mercado fazer compras. Verifique quais alimentos você realmente precisa comprar e evite fazer estoques desnecessários.
Qual é a primeira coisa que você faz quando abre a geladeira e vê que há um alimento cujo prazo de validade já expirou ou tem uma aparência ruim? Possivelmente, você o joga fora.
Mas você já parou para analisar quais são as consequências de desperdiçar comida?
Você sabia que o desperdício de alimentos atinge um terço de toda a comida produzida no mundo? Pois é, a política do mercado financeiro que gera produção em excesso e o transporte são fatores significativos para esse problema.
Mas além disso, há desperdício de alimentos na cozinha da nossa casa. Vamos dar uma olhada mais profunda nessa questão.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, enquanto 821 milhões de pessoas passam fome no mundo, um terço dos alimentos produzidos são desperdiçados diariamente.
Esta é uma das contradições mais tristes da vida moderna e pede por ações que ajudem a modificar essa realidade. Considera-se desperdício todo tipo de perda relacionada a decisão de descartar alimentos que ainda têm valor.
O desperdício está principalmente associado ao comportamento de comerciantes e do consumidor. Deixar vencer alimentos nas prateleiras, comprar em excesso no mercado ou sobras de comida no prato, são alguns exemplos disso.
O Brasil está na lista dos dez países que mais desperdiçam alimentos no mundo, gerando descarte de aproximadamente 30% de tudo que é produzido para o consumo.
Isso gera um prejuízo para a economia de quase 940 bilhões de dólares por ano, afetando diversas classes trabalhadoras e o desenvolvimento do país.
Mas, essa conta não diz respeito apenas ao setor agropecuário ou econômico. Esse problema é também uma questão cultural, que envolve toda a sociedade.
Com abundância de recursos naturais e por nunca ter enfrentado os flagelos das guerras, a cultura de ostentar “mesa farta” ganhou força entre as famílias brasileiras.
O ato de receber familiares e amigos com excesso e variedade de alimentos nas refeições, está associado não apenas ao zelo e cuidado familiar, mas também à boa hospitalidade e ao status.
Existe uma diferença entre a perda e o desperdício de alimentos. A perda é quando o descarte não é intencional, ele ocorre por conta da falta de estrutura apropriada, como problemas na colheita, armazenamento ou transporte inadequado dos alimentos.
As perdas acontecem em toda cadeia produtiva, envolvendo várias etapas do processo de produção e são mais frequentes em países subdesenvolvidos, pela precária infraestrutura que possuem.
No caso do Brasil, os índices de perdas também são altos e faz com que alie características de países em desenvolvimento, com hábitos de desperdício de países ricos.
No Brasil, o Governo Federal lançou em 2018 a “Semana Nacional de Conscientização da Perda e Desperdício de Alimentos”, para educar a população sobre a importância de combater o desperdício em todas as etapas do processo de produção e no consumo.
Essa iniciativa tem estimulado os governos locais a criarem programas e metas com foco no combate ao desperdício e à fome.
Um projeto que deveria ser previsto nas escolas, na realização de oficinas com os diferentes públicos, com merendeiras para estímulo ao aproveitamento integral dos alimentos e campanhas de educação alimentar visando o consumo consciente.
Se cada um fizer a sua parte, vamos projetar no futuro uma realidade mais justa, sustentável com reduzido desperdício de alimentos e erradicação da insegurança alimentar.